segunda-feira, 31 de agosto de 2020

IBOV – Atualização Setembro 2020


Enquanto as bolsas americanas subiram mais de 7% no mês de agosto, o IBOV caiu mais de 3%.

Pior. O desempenho frente a outros países emergentes também é muito ruim. O Brasil está na “lanterninha” na recuperação das bolsas mundiais após o crash de março de 2020.

Veja a seguir, o comparativo entre o desempenho dos principais países emergentes e o IBOV dolarizado (fonte: gráfico produzido pelo analista Raphael Figueiredo).


Comentei algumas vezes desde julho que o ímpeto altista da bolsa brasileira tinha perdido fôlego – momentum.

Todavia, é verdade também que o IBOV não tem força para corrigir mais agudamente. E, por isso, o índice segue, há mais de um mês, rondando os 100 mil pontos.

Tal fato ocorre, pois alguns ativos estão segurando o IBOV (altas relevantes nesse período): varejistas, empresas de commodities dolarizadas (celulose, minério, etc.).

Boa parte dos analistas, e eu me incluo nessa, sugere que o fraco desempenho recente do índice brasileiro se deve ao quadro fiscal que se deteriorou fortemente no pós-pandemia (aumento dos gastos públicos e redução da receita). E mais. O governo não consegue avançar nas reformas e nas privatizações.

Posto isto, o que fazer em setembro?

Primeiro, é tempo de cautela. Não é hora de apostar “all-in”. Ainda não temos um sinal gráfico forte mostrando o caminho mais provável para o IBOV no curto prazo (será que a forte queda no dia de hoje é começo de uma correção mais acentuada? Veja imagem a seguir).


O ideal é continuar com uma carteira bem diversificada e sem exceder no tamanho da posição. A seleção adequada de ações também é de suma importância – stock picking.

Mantenha também um bom caixa. Numa eventual correção você poderá aumentar as posições pagando mais barato do que os preços atuais.

O dólar no mundo está perdendo força (dólar index), mas por aqui ele segue forte. Até quando? Não sei. Mais um efeito da situação fiscal brasileira. Entretanto, em algum momento no futuro, o dólar poderá ceder mais fortemente – os fundamentos sugerem isso.

O ouro continua com muita força no mercado mundial. É o atual hedge ideal para a carteira.

Juros. Venho comentando há algum tempo que devemos ter cuidado na exposição ao mercado de juros prefixados, em virtude da volta da inflação e da possível subida de juros pelo Banco Central em 2021. Nas últimas semanas vários gestores aumentaram o tom nesse alerta.

Acredito que as bolsas americanas entrarão num processo de aumento da volatilidade nos próximos meses em virtude das eleições americanas em novembro. Prepare-se. Com certeza o movimento de lá será repercutido por aqui. Assim, tenha muito cuidado com a alavancagem em excesso (uso de derivativos).

Por último, uma mensagem: lembre-se de que o mercado financeiro é um mecanismo de transferência de dinheiro dos mais impacientes para os mais pacientes. Seja paciente, especialmente em períodos de indecisão, como o atual.

Bons investimentos.

MJR




sábado, 15 de agosto de 2020

Atualização do IBOV – 100 mil pontos: o divisor de águas


O movimento do IBOV nas duas últimas semanas reflete claramente uma fraqueza momentânea do mercado brasileiro.

Desde o crash de março seguimos de perto a recuperação dos índices americanos. Veja o comparativo: Nasdaq, S&P, DJI e IBOV (na ordem, de cima para baixo).


Todavia, perceba no segundo gráfico (ampliado) que, enquanto os índices americanos subiram no período mais recente, a bolsa brasileira caiu 6% - a primeira divergência mais consistente desde março.


Nos últimos dois posts já tinha comentado que o IBOV perdeu momentum. E isso fica cada vez mais nítido nos gráficos.

O saldo de volume também favorece um mercado mais fraco na alta.

E mais. Vários ativos importantes do IBOV já estão em correção mais acentuada.

A perda ou não dos 100 mil pontos será o divisor de águas. Para ser mais exato, o suporte imediato está em 98 mil pontos junto com a média móvel de 200 períodos.

Se perdemos esse patamar, o mercado deverá buscar os 90 mil pontos e, quem sabe, os 83 mil pontos – suportes importantes.

E curiosamente, uma correção mais aguda no IBOV seria muito importante para aliviar o estado sobrecomprado da bolsa brasileira no atual cenário, o que melhoraria a margem de segurança para o investimento em ações, atraindo mais investidores.

Por outro lado, caso o IBOV mostre força na faixa dos 98 / 100 mil pontos, poderemos voltar a subir e de maneira intensa.

Fique atento aos principais fatores de combustão para o movimento do IBOV:

1)     Melhora ou piora do cenário político-econômico no Brasil.

2)     O caminho dos índices americanos.

Para mim, o mais relevante será o movimento das bolsas no mercado externo. Tenho total convicção de que o IBOV ainda não recuou mais fortemente pela resiliência do mercado externo que está rondando suas máximas.

Por último, um comentário sobre o dólar. Nas últimas semanas, a faixa dos 5,48 segurou o câmbio, porém se rompida, o dólar poderá testar novos picos, especialmente se o cenário fiscal piorar.

MJR


quarta-feira, 12 de agosto de 2020

A migração do dinheiro entre os setores

 


Desde o meu primeiro livro publicado em 2013, sempre comentei sobre a constante migração do dinheiro entre os vários setores da economia listados em bolsa.

Exemplo: digamos que a “bola da vez”, independentemente dos fundamentos, seja o setor de siderurgia. O dinheiro fica concentrado por lá por algum tempo e os preços sobem muito, mas chega num ponto que o risco da operação não mais faz sentido. É hora de realizar lucros e escolher o próximo setor candidato ao próximo ciclo de alta. E assim por diante.

No mercado financeiro isso sempre aconteceu, mesmo antes da inundação de dinheiro determinada pelos bancos centrais mundo afora em 2020 e dos juros zerados em quase todos os países.

Após o impacto inicial do coronavírus, os investidores “correram” para os setores mais vencedores durante a pandemia, especialmente o de Tecnologia. As “Big Techs” americanas passaram a ser o “Porto Seguro”. Por outro lado, vários setores foram esquecidos, especialmente aqueles muito prejudicados pela doença, como o de turismo, por exemplo.

Isso fica muito nítido quando você compara o desempenho dos índices americanos no pós-pandemia: o Nasdaq (tecnologia) renovou suas máximas em plena pandemia; o S&P está muito próximo do topo histórico; já o Dow Jones (DJI) teve um bom desempenho, mas aquém dos outros.

Todavia, nos últimos dias, essa lógica se inverteu, e o DJI lidera os ganhos no mercado americano. Será uma coisa momentânea ou o início da migração do dinheiro?

Lendo a newsletter do Felipe Miranda, no dia de hoje, ele comenta justamente isso. As boas notícias da vacina podem acelerar o processo de migração do dinheiro para os setores mais tradicionais e diminuir o ímpeto do setor de tecnologia.

A propósito: a divulgação da vacina russa no dia de ontem, independentemente da sua eficácia ou não, desencadeou uma “aceleração” das outras vacinas, o que é muito positivo para todos nós, exceto para os profetas do apocalipse, capitaneados por alguns órgãos de imprensa que adoram disseminar o medo na população.

Fique atento aos próximos passos do mercado e siga o fluxo do Mercado.

*Por aqui, um agravante: a debandada de alguns fortes nomes da equipe econômica colocou uma pulga atrás da orelha do Mercado, o que está prejudicando o desempenho da bolsa brasileira no dia de hoje. E isso pode piorar nos próximos dias.

Bons investimentos.

MJR



quarta-feira, 5 de agosto de 2020

Um caminho obscuro pela frente




Em mais de 12 anos atuando no mercado financeiro, confesso que nunca tive tanta dúvida sobre o futuro do IBOV no curto prazo.

É verdade que quase sempre não sabemos o que ocorrerá no dia de amanhã, mas para os próximos dias ou semanas, usualmente, temos alguma noção sobre o rumo da bolsa de valores.

No último post comentei sobre a resiliência do IBOV em seu movimento de alta desde o “Tsunami” ocorrido em março. E isso de fato ocorreu.

Mas, nos últimos dias, a bolsa brasileira perdeu força. Enquanto o S&P continuou subindo, por aqui o IBOV caiu quase 4% em alguns pregões (no dia de hoje o mercado tenta reagir).

Ficou claro pra mim que ao IBOV perdeu momentum. Pode ser uma coisa temporária (alguns dias), mas quem sabe, pode ser o início de tempos mais difíceis.

Acompanho, no meu dia a dia, vários gestores e analistas. Dois deles têm um ótimo histórico de acertos. E a opinião entre eles é conflitante. Um sugere que devemos ter muita cautela no momento atual, mantendo um forte caixa e reduzindo a parcela de renda variável. O outro sugere que a bolsa continuará em alta no mês de agosto.

O que fazer?

Em tempos de incerteza o melhor é ficar calmo e equilibrar as posições na carteira de investimentos.
Decididamente não é hora de arriscar e muito menos sair comprando a qualquer preço. Também não é hora de deixar o mercado de ações.

Assim, mantenha uma carteira diversificada: caixa, renda fixa, ações, fundos imobiliários, previdência, ouro e dólar. Respeite seu perfil e seus horizontes.

Relembrando: o viés da bolsa ainda é de alta. E do ouro também, aliás, por aqui, o OZ1D (ouro físico negociado na B3) renovou a máxima (350 reais o grama).

Já para o dólar, o viés recente é de baixa. 

Por último, continue atento ao movimento do mercado americano. Qualquer correção mais profunda por lá, a queda por aqui pode ser ainda mais forte. Por outro lado, mais altas por lá, deveremos voltar a subir rumo aos 108 mil pontos e, depois, quem sabe, buscar o topo histórico.

Atenção aos suportes imediatos: 98, 90 e 84 mil pontos.

O IBOV no dia de hoje está cotado em cerca de 102.500 pontos. 

É tempo de cautela.

MJR

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