Enquanto as bolsas americanas subiram mais de 7% no mês de agosto, o IBOV caiu mais de 3%.
Pior. O desempenho frente a outros países emergentes também
é muito ruim. O Brasil está na “lanterninha” na recuperação das bolsas mundiais
após o crash de março de 2020.
Veja a seguir, o comparativo entre o desempenho dos
principais países emergentes e o IBOV dolarizado (fonte: gráfico produzido pelo
analista Raphael Figueiredo).
Comentei algumas vezes desde julho que o ímpeto altista da bolsa brasileira tinha perdido fôlego – momentum.
Todavia, é verdade também que o IBOV não tem força para
corrigir mais agudamente. E, por isso, o índice segue, há mais de um mês, rondando
os 100 mil pontos.
Tal fato ocorre, pois alguns ativos estão segurando o IBOV
(altas relevantes nesse período): varejistas, empresas de commodities
dolarizadas (celulose, minério, etc.).
Boa parte dos analistas, e eu me incluo nessa, sugere que o
fraco desempenho recente do índice brasileiro se deve ao quadro fiscal que se deteriorou
fortemente no pós-pandemia (aumento dos gastos públicos e redução da receita).
E mais. O governo não consegue avançar nas reformas e nas privatizações.
Posto isto, o que fazer em setembro?
Primeiro, é tempo de cautela. Não é hora de apostar “all-in”.
Ainda não temos um sinal gráfico forte mostrando o caminho mais provável para o
IBOV no curto prazo (será que a forte queda no dia de hoje é começo de uma correção mais acentuada? Veja imagem a seguir).
O ideal é continuar com uma carteira bem diversificada e sem exceder no tamanho da posição. A seleção adequada de ações também é de suma importância – stock picking.
Mantenha também um bom caixa. Numa eventual correção você
poderá aumentar as posições pagando mais barato do que os preços atuais.
O dólar no mundo está perdendo força (dólar index),
mas por aqui ele segue forte. Até quando? Não sei. Mais um efeito da situação
fiscal brasileira. Entretanto, em algum momento no futuro, o dólar poderá ceder
mais fortemente – os fundamentos sugerem isso.
O ouro continua com muita força no mercado mundial. É o
atual hedge ideal para a carteira.
Juros. Venho comentando há algum tempo que devemos ter
cuidado na exposição ao mercado de juros prefixados, em virtude da volta da
inflação e da possível subida de juros pelo Banco Central em 2021. Nas últimas
semanas vários gestores aumentaram o tom nesse alerta.
Acredito que as bolsas americanas entrarão num processo de
aumento da volatilidade nos próximos meses em virtude das eleições americanas
em novembro. Prepare-se. Com certeza o movimento de lá será repercutido por
aqui. Assim, tenha muito cuidado com a alavancagem em excesso (uso de
derivativos).
Por último, uma mensagem: lembre-se de que o mercado
financeiro é um mecanismo de transferência de dinheiro dos mais impacientes
para os mais pacientes. Seja paciente, especialmente em períodos de indecisão,
como o atual.
Bons investimentos.
MJR