quarta-feira, 27 de julho de 2016

Ata do COPOM – Julho 2016



Ontem foi divulgada a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (COPOM) do Banco do Central do Brasil (BACEN). Se você tiver interesse sobre o assunto, vale a pena lê-la por inteiro, caso contrário, veja aqui os principais destaques da primeira reunião do novo presidente:

1 – Eficiência. A comunicação pública ao mercado da manutenção da Taxa Selic em 14,25% no dia 20/07 foi feita antes do horário habitual, pouco depois das seis da tarde. A ata que sempre era publicada na quinta-feira subsequente foi antecipada para a terça. Isto por si só mostra firmeza e transparência. Um banco central precisa transmitir confiança ao mercado, haja vista que um simples comunicado equivocado pode afetar drasticamente os ativos no curto prazo.

2 – Rigor. A nova gestão comandada por Ilan Goldfajn mostrou que não está pra brincadeiras. Discurso duro em relação ao processo inflacionário. O objetivo principal da equipe é trazer a inflação de volta para o centro da meta (4,5%), já em 2017. Atitude muito destoante em relação ao comando anterior do BACEN que “permitia” o avanço da inflação em detrimento de interesses políticos. Sempre é bom lembrar que a inflação é considerada por muitos, o “pior tributo” de todos, pois atinge a população de maneira sorrateira e mascarada, afetando diretamente o poder de compra, especialmente dos mais pobres.

3 – Política fiscal. Após a leitura da ata fica muito claro que para os membros do COPOM, a implantação e a eficiência do ajuste fiscal proposto pela nova equipe econômica será peça fundamental para que no futuro o BACEN possa baixar os juros básicos de maneira consistente e não errática. A aprovação no Congresso da PEC do teto dos gastos públicos é o primeiro passo. Assim, no futuro, com a inflação controlada e os gastos públicos também, a queda dos juros básicos será natural, o que sempre é muito bom para o país (reduz o custo da dívida pública) e para o crescimento econômico, o que gera mais empregos, maior renda e bem-estar da população.

4 – Taxa Selic. Posto isto, ficou óbvio que a queda de juros será postergada momentaneamente. O cenário atual não permite a redução imediata da taxa básica de juros. Talvez aconteça no último trimestre deste ano. Talvez!

5 – Juros Futuros. Desta forma, no dia hoje e ontem, observamos uma pequena elevação dos juros futuros de curto prazo (especialmente no dia de ontem) e uma queda dos juros nos títulos de longo prazo.

O impacto sobre os títulos do Tesouro Direto comento no próximo post. Até lá!

MJR

domingo, 17 de julho de 2016

Retrospectiva do primeiro semestre: a política, a economia e os investimentos.



Muita coisa mudou em 2016. Estamos saindo de um buraco sem fundo que o governo do PT não parava de cavar. Não havia esperança, tudo piorava. Atualmente já enxergamos uma pequena luz no fim do túnel. Veja o resumo dos últimos tumultuados seis meses.

Janeiro – O clímax do pessimismo

Vivíamos uma situação desoladora e sem perspectivas de mudança. Cenário externo preocupante e bolsas mundiais em forte queda. O impeachment era improvável após a decisão do Supremo Tribunal Federal em mudar o rito do processo. O clima político era horroroso. A presidente estava atônita, isolada e perdida, numa disputa sem fim com o presidente da Câmara.

A perspectiva do PIB para 2016 era queda de 4%. Dólar negociado a 4,20 reais. Juros Futuros em quase 17%. Bolsa na lona, 37 mil pontos. Taxa de desemprego em mais de 10%. O presidente do Banco Central (BC), sem saber o que fazer, gerava mais incertezas sobre a taxa Selic. Que fase!

Fevereiro – O começo da esperança

As prisões do marqueteiro da Dilma e da “dona Xepa” foram o estopim para o impeachment ganhar força. A operação Lava Jato estava a todo vapor. Todos os indicadores econômicos começaram a melhorar, mesmo que timidamente.

Março – O impulso das manifestações populares

A maciça manifestação popular a favor do impeachment no dia 13 de março e o avanço da operação Lava Jato sobre o ex-presidente Lula impulsionaram fortemente o mercado financeiro. Bolsa em alta exponencial e dólar em queda. Os juros futuros acompanharam o otimismo e caíram significativamente.

Abril – O impeachment na câmara

17 de abril. O Brasil parou para acompanhar a votação do impeachment. Uma derrota significativa para a presidente: 367 votos a favor, muito acima dos 342 necessários... Um governo que tem pífio apoio no congresso (menos de 1/3 dos deputados) e menos de 10% de aprovação popular não tem condições mínimas de governabilidade. Chegara ao fim. Mas ainda faltava o processo no senado e o afastamento temporário da presidente.

Maio – A posse de Temer e a ressaca do Mercado

14 de maio. Fim da era PT, após 13 anos e alguns meses no comando do país. Ponto final no desastroso governo Dilma, uma gestão que não deixará saudades. E como o mercado reagiu após a posse de Temer? Com muita ressaca. As incertezas eram muitas. O otimismo tinha sido exagerado? Talvez. Mas o mais importante, o mercado queria ver e ouvir as primeiras medidas. Queria algo concreto. Mas os dias que sucederam a posse foram turbulentos: denúncias, queda de ministros, etc. O pensamento era só um. Será que o Temer cairia e a presidente voltaria rapidamente? O mercado corrigiu!

Junho – O otimismo no Mercado ganha força e o governo Temer também
Sinalizações dúbias do presidente interino Temer sobre o ajuste fiscal foram colocadas de lado. A força da equipe econômica foi marcante. O novo presidente do BC foi taxativo em comunicar que fará de tudo para trazer a inflação para a meta de 4,5% em 2017. Na prática, até agora, pouca coisa mudou, mas algo de muito importante ganhou força: a confiança voltou! O governo Temer e, principalmente sua equipe econômica, transbordou confiança e esperança aos investidores, empresários e à população. É verdade que as reformas principais ficaram para depois do encerramento do processo de impeachment no senado. Até lá, o presidente Temer não tem o poder de bancar as duras reformas necessárias. Mas elas virão, tenho total convicção. O Brasil clama por elas.

Assim, após este breve resumo, seguem os principais indicadores econômicos:

Juros Futuros: cerca de 12%, muito abaixo dos 14,5% da taxa de juros à vista, Selic, o que mostra grande  otimismo do mercado com a condução política econômica e a nova gestão do BC.

Dólar a 3,25. Queda de mais de 20% em relação a janeiro. Bom para o controle da inflação. Bom para as empresas que detém dívidas em moeda estrangeira. Bom para os turistas com férias no exterior. Contudo, ruim para a exportação, mas o avanço do dólar últimos anos compensou esta queda de 2016, haja vista que a balança comercial em 2016 está “bombando”, com superávit significativo. O dólar poderia inclusive ter caído mais, se não fossem as intervenções do BC.

Bovespa com alta expressiva. Atingimos na primeira quinzena de julho a máxima do ano: 55 mil pontos. Há quem diga, e é verdade, que a bolsa caminha 6 meses ou mais à frente da economia real: um prenúncio de bons tempos para 2017!

Na economia real já observamos os primeiros sinais de melhora, ou pelo menos paramos de piorar. O fundo do poço chegou. O seguro para investimentos no Brasil, o chamado CDS, despencou nos últimos seis meses. O que isto significa? Que as empresas captam recursos mais baratos no exterior. Várias empresas, dentre elas a Petrobrás, conseguiram alongar suas dívidas para prazos mais longos e a juros menores. Excepcional! O que não faz uma boa equipe econômica. E o mais importante de tudo: após vários anos voltamos a ter governo, voltamos a ter esperança, voltamos a sonhar.


Todavia, existe um “porém”, não dois. Para tudo isto ser confirmado é preciso afastar definitivamente o PT do governo. O governo Temer precisa deixar a interinidade. Em agosto teremos o dia D. Segundo, e tão importante quanto o primeiro. O governo Temer precisa aprovar as reformas necessárias, especialmente a previdenciária, e acentuar o ajuste fiscal. A eleição do deputado Rodrigo Maia e o afastamento de Cunha devem facilitar a vida do governo. Se estas duas premissas ocorrerem poderemos ter um boom na economia nos próximos anos. Será muito bom para todos. Crescer forte após três anos de recessão não é uma tarefa tão difícil. Basta que todos façam a sua parte e colaborem. 

MJR


terça-feira, 12 de julho de 2016

O IBOV mostra força compradora neste começo de mês



Aproveite, o mercado brasileiro de ações ficou mais previsível e, portanto, menos complicado para você investir. Após mais de dois anos de incertezas políticas, o IBOV começa a seguir seu próprio caminho (junto com as bolsas mundiais, é claro). Os solavancos no índice determinados pelas peripécias políticas e pelas ações da operação Lavajato parecem contidos. Chega de sustos!

Desta forma, operar na Bovespa está um pouco mais fácil. Os cisnes negros foram guardados para outros momentos da história. Outro ponto importante: como comentei na semana passada, o IBOV passou a trabalhar numa tendência de alta no gráfico diário desde o começo de julho de 2016, o que facilita os investimentos na ponta compradora.

O primeiro objetivo do IBOV foi praticamente alcançado no dia de hoje: 55 mil pontos. O candle de hoje mostra entrada de força vendedora (seta). O mais provável é uma correção até os 53 mil pontos e, depois, retomar a alta em busca dos 58 mil pontos, rompendo uma linha primária de tendência de baixa que começou em 2011. Daí, entraremos no campo positivo para um prazo maior.

Existe ainda a possibilidade do IBOV continuar subindo um pouco mais nesta semana, além dos 55 mil, para depois corrigir. Fica o alerta!

Particularmente, não acredito no rompimento dos 58 mil pontos, antes da efetivação do governo Temer. Contudo, a combinação do rompimento deste patamar e o afastamento definitivo da ex-presidente desencadeará um movimento explosivo do IBOV. Cuidado: o efeito contrário também é verdadeiro em caso de retorno do “fantasma”.

O cenário somente ficará preocupante, se o IBOV perder os 51.600 pontos, o que atualmente é menos provável.

Não espere o rompimento destes patamares, 55 e 58 mil pontos, para montar sua carteira de longo prazo, comece desde já, aos poucos. É a possibilidade de ganhos expressivos no longo prazo. Mexa-se o quanto antes, porém invista corretamente. Estude por conta própria ou procure ajuda de bons especialistas.

Um último comentário: os períodos de correção no IBOV podem e devem ser aproveitados através da combinação entre o mercado à vista e o mercado futuro (índice futuro). Conheça esta importante ferramenta de hedge e acelere seus ganhos. É mais simples do que você imagina.


Boa semana!

MJR


terça-feira, 5 de julho de 2016

O que esperar do mercado no segundo semestre de 2016: dias melhores virão?



Após merecidas férias, os comentários no blog estão de volta.

No cenário político-econômico interno pouca coisa mudou. Continuamos na mesmice da comissão do impeachment no Senado, da novela interminável denominada Eduardo Cunha, do avanço da Operação Lavajato e no aguardo do desfecho final do processo de impeachment, que ocorrerá em agosto (confesso que cansei destes assuntos).

Até lá, o Governo Temer ficará encurralado pelo Congresso Nacional, pois não há outro caminho. A permanência do presidente interino depende exclusivamente do Senado. “Mimos” precisam ser oferecidos. Desta forma, não espere por muitas novidades no campo das reformas necessárias para a economia voltar a “pulsar”. As medidas serão tomadas apenas após o término do processo de impeachment. Os investimentos voltarão em peso somente após o afastamento do fantasma da ex-presidente.

Mercado externo. O susto do Brexit fez um estrago momentâneo nos ativos de risco ao redor do mundo. Mas logo em seguida as bolsas mundiais voltaram a subir com vigor e devem continuar assim, ao menos no curto prazo.

O IBOV na semana passada voltou para tendência de alta no gráfico diário. Os próximos alvos são 55 e 58 mil pontos, porém uma breve correção é saudável, como a que ocorre no dia de hoje. Todavia, o ideal é que o índice não perca os 50 mil pontos; de preferência que se mantenha acima dos 51.600.



Visando o longo prazo, o momento crucial para o IBOV será a efetivação do Governo Temer e a aplicação das reformas necessárias, especialmente a da Previdência. Daí um novo ciclo de alta ocorrerá no IBOV. O alvo? O céu é o limite: 100 mil? 150 mil pontos?

O dólar continua em queda frente ao real. Como comentei em outros posts passados, a tendência era de baixa e a moeda estrangeira buscaria os 3,20 reais. Dito e feito. Alvo alcançado na semana passada. E agora? Por enquanto não vejo fundamentos para quedas mais acentuadas. Inclusive o Banco Central começou na última sexta-feira a segurar a cotação. Mantenho minha previsão altista para o segundo semestre. Desta forma acho que o patamar atual do dólar é muito interessante para aumentar a exposição à moeda e fazer uma proteção parcial da carteira.

Juros Futuros em queda. O novo presidente do BC foi taxativo e transmitiu confiança ao mercado: trará a inflação para o centro da meta (4,5%) em 2017 / 2018. Desta forma, a Taxa Selic deverá permanecer em 14,25% por mais algum tempo. Ratifico a sugestão de compra para os títulos públicos vinculados à inflação com vencimento mais longínquo (2035). Assim, você manterá um ganho real de 6,0% ao ano, o que é muito bom. Comprar títulos prefixados (12% ao ano) agora é arriscado, pois o “deságio” em relação à taxa spot (Selic) está alto. Para quem comprou estes títulos com taxas de 16% ao ano, o ideal é mantê-los.



Uma mensagem final: para aqueles que querem aprender um pouco mais sobre a bolsa de valores e potencializar os ganhos no mercado recomendo a leitura do meu último livro (abaixo). Simples e direto!

MJR

* As opiniões postadas no blog são apenas posições do autor sobre o tema, e não constituem em si, recomendações de compra ou venda de ativos.