Em cenários de dúvidas extremas em relação ao futuro
próximo, precificar um ativo é uma tarefa quase impossível.
Para o longo prazo, o IBOV cotado a 70 mil pontos é muito
barato. Para o curto prazo, talvez seja caro.
Após a brutal turbulência dos preços no começo de março, os
sinais gráficos estão um pouco mais confiáveis.
Graficamente, temos três caminhos para os próximos dias:
1)
Perder o fundo do último pregão (68 mil pontos) e buscar
os 61 mil pontos (fundo de março), e quem sabe fazer novo fundo entre 50 e 60
mil pontos.
2)
Voltar a subir na semana que vem e romper o topo
intermediário de março (79 mil pontos). Se isso ocorrer, teremos um “pivô de
alta” no gráfico diário, o que pode levar o índice para 85 a 90 mil pontos.
3)
Ficar “travado” entre 68 e 79 mil pontos.
Sinceridade, qualquer hipótese é factível, mas acho que o
mais provável é a primeira: voltaremos a testar o fundo. “Antes de
melhorar, o cenário vai piorar”, como dizem por aí. A segunda é uma boa
hipótese, mas não é condizente com as incertezas atuais. Em minha opinião a
terceira é a menos provável.
O que fazer? No curto prazo o melhor é concentrar nas
operações de Day Trading seguindo os caminhos acima citados (siga o fluxo e a
tendência de curtíssimo prazo). Para o investidor de longo prazo, aproveite as
quedas e compre bons ativos, aos poucos, mas sem perder a liquidez. A situação
pode piorar!
E o mais importante. Continuaremos "grudados" no comportamento
das bolsas americanas, e lá, a situação gráfica é muito parecida com a nossa. Atualmente
as mazelas políticas tupiniquins têm pouca importância no movimento dos preços.
Por outro lado, acho muito improvável que o IBOV perca os 50
mil pontos. Assim, temos espaço para cair “apenas” 20%. O IBOV cotado a 10 mil
dólares atrairá muitos compradores e a queda será contida. Essa é a minha
expectativa.
E o dólar? No dia de ontem a moeda americana fechou a 5,32, o
maior patamar da história recente. E pior, ainda não existe sinal de reversão.
É quase consenso entre os analistas que o dólar está muito sobrevalorizado em
relação ao real, mas talvez, antes de cair, o dólar alcance novas máximas, o
que corrobora com a minha expectativa para a bolsa. Não é hora de desfazer o
hedge em moeda americana.
Quando o cenário ficar mais claro e previsível sobre a
evolução da pandemia e seus efeitos na saúde e na economia, o dólar poderá
despencar e voltar aos níveis pré-crise, entre 4,0 e 4,50 reais. Dentre outros
fatores fundamentalistas que corroboram com isso, cito apenas um: na atual
crise sanitária-econômica, as exportações brasileiras de commodities
continuarão (entrada de dólares) e as importações cairão (menor saída de
dólares), favorecendo o real.
E não se esqueça de proteger seu portfólio com ouro. A
tendência de alta continuará. Compre aos poucos, especialmente nos dias de
recuo. Juros em queda, metal em alta. Isso é quase infalível.
Bons
investimentos e muita calma!
MJR
As opiniões postadas no blog são apenas posições do autor sobre o tema, e não constituem em si, recomendações de compra ou venda de ativos. E mais. O investimento no mercado de renda variável pode gerar prejuízos.