segunda-feira, 8 de abril de 2024

2024, o ano que ano não começou!



IBOV atualização – Abril 2024.

Já estamos no segundo trimestre do ano e, até aqui, o IBOV segue largado – queda de cerca de 4% no ano, enquanto as bolsas americanas seguem batendo sucessivos recordes.

Nos últimos três meses até que tentamos algumas vezes engrenar uma alta mais relevante, mas foram meros voos de galinha.

No dia de hoje o índice tenta de novo, alta de 1,5%, mas sem volume financeiro.

Agora vai? Não tenho a menor ideia. Aguardemos.

Estamos travados entre os patamares de 126 e 134 mil pontos. Enquanto o índice não romper esses limites, um movimento mais amplo não acontecerá.

Do ponto de vista fundamentalista, seguimos baratos, mas longe dos holofotes dos gringos. Eles já retiraram 25 bilhões da B3 em 2024.

Existem algumas razões para essa apatia do IBOV, mas sem dúvida, a principal é a disparada dos juros de 10 anos nos EUA.

Após o topo de outubro de 2023, em mais de 5% ao ano, os juros cederam e negociaram por volta de 3,7% ao ano. Porém, em 2024, voltaram a subir e hoje negociam acima dos 4,40%.

Já comentei várias vezes por aqui que os juros de 10 anos nos EUA balizam quase todos os ativos no mundo, especialmente nos mercados emergentes.

Enquanto o FED não sinalizar a queda de juros de maneira convicta e objetiva, os juros futuros continuarão pressionados e o IBOV travado.

A economia americana continua forte e a inflação por lá está mais resiliente do que o esperado. Portanto, o cenário ainda é incerto para o FED iniciar a flexibilização dos juros.

Atualmente o mercado prevê o início do corte de juros para a reunião do FED de junho ou julho, com dois ou três cortes de 25 pontos-base em 2024, o que levaria a taxa de juros americana para menos de 5,0% ao ano – atualmente em 5,25 - 5,5%.

Nessa quarta, 10/04, teremos a divulgação do CPI nos EUA. E isso poderá fazer preço. Fique atento.

Por aqui também teremos a divulgação do IPCA. E um bom número poderá mitigar os ruídos políticos e impulsionar o IBOV.

Apesar do atual cenário ainda muito moroso, ainda acredito na valorização dos ativos brasileiros em 2024, especialmente "bolsa" e NTNBs longas. Obviamente existem riscos: piora dos mercados internacionais, maior resiliência inflacionária e agravamento do risco fiscal brasileiro, dentre outros.

Assim, é preciso ter paciência e aproveitar as “generosidades” do mercado: no dia de hoje, por exemplo, as NTNBs com vencimento em 2045 bateram IPCA + 6%.

Aproveite com moderação!

MJR

*Disclaimer: esse texto tem apenas um caráter educativo e não é uma recomendação de investimentos. E mais. Investimentos em renda variável podem gerar prejuízos.

terça-feira, 5 de março de 2024

À espera do Fluxo - IBOV



 IBOV e Bolsas Americanas – Atualização Março 2024

Enquanto as bolsas americanas bateram novos recordes em fevereiro, com quatro meses seguidos de alta, o IBOV andou de lado no mês – melhor do que a queda de 5% em janeiro. Os estrangeiros continuam retirando dinheiro da B3.

O susto do repique da inflação em janeiro nos EUA continua dominando o cenário internacional: e inflação resiliente prediz juros altos por mais tempo.

E por lá, as grandes empresas de tecnologia e inteligência artificial continuam dominando as altas. A Nvidia, destaque de alta nos últimos 14 meses, atingiu 2 trilhões de dólares em valor de mercado. Algo inimaginável num passado recente.

Nos níveis atuais, vários analistas consideram os índices americanos “caros”, mas quase ninguém recomenda a posição “short” (venda). Assim, o melhor a fazer, em minha opinião, é reduzir um pouco a exposição em bolsa americana e fortalecer o caixa em dólares. “Lucro bom é no bolso”.

Outros ativos que continuam voando são as criptomoedas. O Bitcoin bateu 67 mil dólares, e está próximo do seu topo histórico. Para onde ele vai? Não faço ideia, mas eu recentemente reduzi minha exposição via ETF. Não dá para ficar de fora, mas é melhor colocar um pouco do lucro no bolso.

Investimento em renda fixa nos EUA também é uma boa ideia – mais de 5% ao ano, em dólares. A discussão atual é quando os juros vão cair e, não, se vão cair. Assim, vale a pena o risco de alocação agora.

Além da saída dos estrangeiros da B3 (janeiro e fevereiro), os investidores locais continuam “represados” na renda fixa e fora da bolsa brasileira. Segundo o analista Marink Martins o agregado monetário M2 (dinheiro alocado em renda fixa) continua em níveis muito altos. O M2 precisa virar M1 (grosso modo, dinheiro em circulação + ativos com liquidez imediata) para a B3 tentar “abocanhar” um pouco dessa montanha de dinheiro.

Importante salientar que os fundos locais continuam com exposição muito baixa às ações brasileiras. Fruto da avalanche de resgates em 2022 e 2023, e como comentado, parados no M2.

Desta forma, para quem gosta de bolsa como eu, não resta outra opção a não ser ficar posicionado e esperar. Uma hora a maré muda!!

Segundo vários estudos a bolsa brasileira continua barata e com muito desconto em relação às bolsas americanas. Todavia, sem fluxo, ela não andará.

Então, por que ficar posicionado desde já? Como sempre comenta o gestor da Encore, João Luis Braga, a bolsa se movimenta em degraus. Exemplo. Subiu forte em novembro e dezembro (20%), caiu nos dois meses (5%), e a qualquer hora dará uma “porrada” para cima de novo. Quando? Ninguém sabe.

O cenário macroeconômico no Brasil continua muito interessante: PIB surpreendendo positivamente para cima (2,9% em 2023), inflação perto da meta, desemprego em queda, aumento da massa salarial, melhora da confiança na economia, etc. Só falta o juro real (Selic menos IPCA) cair de maneira mais significativa. Mas isso já está “contratado” com a continuidade da queda da Selic para 2024.

Triggers para o IBOV subir:

  • Quando o FED sinalizar efetivamente o início da queda de juros (atualmente em 5,25 – 5,50% ao ano) e o mercado “derrubar” a taxa de juros de 10 anos – nesse momento em cerca de 4,2% ao ano. Com isso o dólar ficaria mais fraco e tal cenário favorece os países emergentes. E sem dúvida, o Brasil é a bola da vez (quase que por W.O.).
  • Volta dos estrangeiros para a B3. E também dos investidores locais
  • Caso o BC do Brasil acelere o corte da Selic nas próximas reuniões.

Riscos da tese do Bull Market:

  • Uma eventual correção forte nas bolsas americanas. Curiosamente, em vários pregões de 2024, houve uma correlação inversa entre as bolsas americanas e a brasileira. Contudo, acho difícil o IBOV sair ileso numa correção mais aguda nos EUA.
  • Novas surpresas negativas vindas da China.
  • Piora dos conflitos geopolíticos
  • Cenário político-econômico no Brasil. Sempre um risco!

Por último, gostaria de comentar que as empresas brasileiras, em média, deverão ter um aumento de lucros em 2024 na ordem de 20% em relação ao ano passado, segundo alguns analistas. Mais lucros, mais valorização das empresas. E menos juros, melhor será o resultado financeiro das empresas listadas (custo da dívida).

Assim, não há outro caminho: posicionamento já, diversificação, paciência e resiliência.

Bons investimentos.

MJR

*Disclaimer: esse texto tem apenas um caráter educativo e não é uma recomendação de investimentos. E mais. Investimentos em renda variável podem gerar prejuízos.

sexta-feira, 9 de fevereiro de 2024

A volta do Bull Market no Brasil?

 



IBOV e S&P – atualização 9 de fevereiro 2024

Enquanto nos EUA o rally de alta das bolsas de valores, iniciado em outubro de 2023, continua firme e forte, a bolsa brasileira perdeu força em 2024, e amarga mais de 5% de queda desde o topo em 134 mil pontos no final de 2023.

Mais uma vez temos um descolamento (decoupling) entre as bolsas em desfavor para o IBOV. E isso já virou rotina após a crise de 2008. Até quando?

O gestor Rogério Xavier da SPX, em evento dessa semana no BTG, colocou que o principal trigger para o melhor desempenho dos países emergentes virá quando o FED sinalizar diretamente o corte de juros nos EUA – atualmente em 5,25 – 5,50%.

O mercado tinha uma expectativa que o FED Pivot já viria em março, mas pelo jeito ficou mesmo para o segundo trimestre de 2024. A confirmar. E esse, talvez, é um dos principais motivos do atual decoupling entre as bolsas americanas e brasileira.

Todavia, a provável queda de juros nos EUA em 2024 – a inflação americana está próxima da meta de 2% ao ano – e a continuidade da queda da taxa de juros no Brasil vão favorecer o mercado brasileiro. A Selic terminal deverá cair para menos de 9% ao ano em 2024, e ainda não foi precificada pelo mercado.

O Brasil continua barato demais no conceito de vários analistas que acompanham, mesmo com o IBOV próximo de suas máximas – atualmente em 128 mil pontos. A notícia de fechamento de capital da Cielo nessa semana (OPA) é uma prova cabal disso: as ações da Cielo estão muita barata aos olhos de seus controladores – Bradesco e Banco do Brasil.

Outro ponto positivo para o mercado de ações: as novas regras do Conselho Monetário nacional (CMN) para novas emissões de títulos isentos de renda fixa (CRIs, CRAs, LCAs, LCIs, etc.) devem limitar a oferta desses títulos e favorecer a migração do dinheiro para a renda variável. É uma questão de tempo. Além do que, títulos emitidos no passado e com altas taxas de juros vencerão em breve, e provavelmente o investidor optará por outros produtos financeiros.

Curiosamente, mesmo com a queda da Selic, iniciada em agosto passado, a captação de recursos dos fundos de investimentos locais, multimercados e ações, continua escassa. Seguem os saques nesses fundos, o que pressiona mais ainda os ativos locais negociados na B3. Todavia, essa dinâmica está possivelmente perto do fim.

A China continua uma “caixinha de surpresas”, e como dependemos muito dela (nosso principal parceiro comercial do Brasil), ela poderá nos favorecer ou não ao longo de 2024.

E o fluxo gringo? A alta no IBOV observada de outubro a dezembro de 2023 foi impulsionada pelo alto fluxo estrangeiro na B3. Bastou o fluxo minguar em janeiro para o índice brasileiro corrigir.

Quando o fluxo voltará? Impossível saber. Mas ele voltará, é uma questão de tempo. Ciclos são ciclos, como diria Howard Marks.

Na última terça-feira, 06/02, o IBOV disparou mais de 2% e com alto volume financeiro, em sentido contrário ao movimento ocorrido em Wall Street naquele dia. Acredito que seja o primeiro sinal para a retomada do Bull Market no IBOV. Numa próxima pernada de alta o IBOV poderá atingir mais de 150 mil pontos. Será?

Acredito que o feriado de Carnaval limitou o ímpeto dos investidores. Quase ninguém quer ficar posicionado durante o feriado local, haja vista que as bolsas lá fora funcionarão normalmente. Mesmo porque nos últimos anos, desde 2020, a volta do carnaval foi muito ruim para o IBOV.

Posto tudo isto, acho que, apesar do curto prazo ainda muito incerto, teremos um ótimo ano para o IBOV, só não sabemos quando a nova onda compradora começará.  E como quase sempre esses movimentos de alta são rápidos e concentrados em poucas semanas, é melhor o investidor ficar posicionado e aguardar. Sempre com muita cautela, paciência e diversificação.

E os riscos para o Bull Market brasileiro? Cito os três mais relevantes:

Uma correção mais aguda nos mercados americanos deverá nos afetar, mesmo que momentaneamente. Lá, as bolsas estão muito esticadas (o S&P superou os 5 mil pontos nessa última semana e acumula uma alta de mais de 20% desde outubro de 2023, e muita concentrada nas ações das Big Techs). Essa correção virá em algum momento. Ciclos.

Um agravamento das crises geopolíticas vigentes no mundo. Um tema imprevisível e repleto de consequências inesperadas.

Uma piora do cenário político local. Essa variável sempre nos incomodou, sempre nos incomoda, e sempre nos incomodará. Brasil é Brasil, e pronto!

Bom feriado e todos.

MJR

*Disclaimer: esse texto tem apenas um caráter educativo e não é uma recomendação de investimentos. E mais. Investimentos em renda variável podem gerar prejuízos.

sexta-feira, 5 de janeiro de 2024

IBOV e Mercado Americano – Atualização 5 de Janeiro 2024



Caros leitores,

Vou dividir esse post em dois temas. No primeiro vou comentar sobre o curto prazo (mês de janeiro). Depois escrevo sobre a minha expectativa para os ativos de renda variável para o ano de 2024. Vamos lá.

Janeiro

Quem me acompanha sabia que uma correção nos mercados mundo afora era iminente e ela veio nos primeiros dias de 2024. Tudo dentro da normalidade. “Árvores não crescem até o céu”, como dizem por aí.

Então, já corrigimos o suficiente? Na minha opinião, não.

Por exemplo, o IBOV subiu de outubro a dezembro de 2023 cerca de 20%: máxima em torno de 134 mil pontos. Até aqui, corrigiu apenas 2%. Muito pouco.

No ano de 2023 as correções mais agudas do IBOV derrubaram o índice entre 7 e 15%, e duraram cerca de 2 a 3 meses (apenas a primeira semana de correção).

Importante: dentro de uma correção mais longa, em qualquer ativo, existirão dias ou semanas aonde o mercado vai subir, por vezes, de maneira intensa.

O “ideal” seria um recuo do IBOV até os 120 a 125 mil pontos. Lembrando que o ideal no mercado financeiro é quase sempre inexistente.

Assim, não sei se isso vai acontecer. No momento em que eu escrevo o IBOV testa, como suporte, o antigo topo histórico em 131 mil pontos, rompido em dezembro de 2023.

Como escrevi no últimos post, eu tinha reduzido as minhas posições compradas e aumentado meu caixa. Além disso, me posicionei no mercado futuro (minicontratos) para a proteção parcial da carteira.

Recentemente, em raros ativos tenho aumentado a posição comprada, aos poucos, especialmente para aqueles que já corrigiram mais intensamente.

No mais, vou esperar uma correção mais aguda para a recompra dos ativos parcialmente vendidos em dezembro e analisar novas oportunidades.

E as bolsas americanas?

É a mesma situação de curto prazo do IBOV. Espero por uma correção mais duradoura e intensa (5 a 10%).

O dólar frente ao real, no curto prazo, continua sem muito ímpeto para subir. Eu achava que poderíamos ter um dólar mais forte no curto prazo, mas essa premissa não aconteceu, e pelo jeito não acontecerá. A ver.

E a renda fixa no Brasil?

Para quem não tem em carteira, talvez o melhor a fazer é aguardar algum estresse futuro nos juros futuros (alta das taxas) para a compra desses títulos, pois, nos preços atuais, me parece que o bom prognóstico traçado pelo mercado já está no preço.

Ano 2024

Já para o ano de 2024 tenho uma visão bem mais otimista. E por que?

No Brasil a Selic continuará em queda, a inflação seguirá “domada”, a princípio, a atividade econômica permanecerá em bons níveis e, por enquanto, o risco fiscal está mitigado. Por enquanto. O Brasil não é para amadores!

Assim, é bolsa para cima e dólar para baixo. Sempre com muita cautela, especialmente na cotação da moeda americana. Não recomendo a venda de dólares (melhor ficar neutro). Fique muito atento a taxa de juros reais – atratividade dos gringos para o carry trade – e o risco fiscal brasileiro: maior risco indica um dólar mais forte.

E mais, estou muito otimista para o desempenho das ações cíclicas domésticas que se beneficiam de um cenário com juros mais baixos: varejo, shoppings, construção civil, etc.

No mercado americano estou mais otimista com a renda fixa, em virtude do provável FED Pivot (queda de juros), e cauteloso em relação ao mercado de ações. Explico melhor.

A renda fixa será beneficiada com o corte de juros. Ponto pacífico.

Já as bolsas americanas estão próximas das máximas e vem subindo de maneira consistente desde a crise de 2008. No início da pandemia (2020) houve um estresse agudo e intenso, mas rapidamente recuperado.

Curiosamente, existem vários estudos mostrando que as bolsas americanas têm um estresse momentâneo no início (ou um pouco antes) do começo do corte da taxa de juros pelo FED. Assim, num primeiro momento as bolsas caem por alguns meses, e depois sobem por anos, de maneira consistente.

Acho que a famosa estratégia lá fora de 60/40 poderá funcionar bem no ano de 2024, isto é, 60% em renda fixa e 40% em renda variável.

Mas é preciso fazer uma boa seleção dos ativos. Alguns ativos estão muito esticados.

O dólar no mundo tende a se enfraquecer frente às principais moedas, em virtude do FED Pivot. Esse seria o caminho natural.

Para finalizar, é possível que tenhamos muita volatilidade no mercado americano em razão do ano eleitoral. E isso afeta praticamente todos os mercados.

Fique tento e aproveite as oportunidades – exageros do mercado, tanto no otimismo, quanto no pessimismo.

Um ótimo Ano Novo para todos. Muita saúde, alegria e paz!

MJR

*Disclaimer: esse texto tem apenas um caráter educativo e não é uma recomendação de investimentos. E mais. Investimentos em renda variável podem gerar prejuízos.

sexta-feira, 15 de dezembro de 2023

IBOV e bolsas americanas – Atualização 15/12/2023


 IBOV e bolsas americanas – Atualização 15/12/2023

Os mercados acionários mundo afora "bombaram" em novembro e na primeira metade de dezembro. Uma valorização exponencial.

Daí fica o grande ensinamento e o motivo pelo qual o investidor não pode ficar totalmente fora da bolsa de valores. As vezes, algumas semanas fazem toda a diferença no desempenho anual do portfólio.

Na Europa a maioria dos principais índices está nas máximas ou perto delas.

O IBOV e o Dow Jones fizeram novas máximas históricas nessa semana – 131.661 e 37.347 pontos, respectivamente.

O S&P está quase lá. Já a Nasdaq (bolsa americana das empresas de tecnologia) ainda está a 10% de sua máxima histórica. Importante salientar que a Nasdaq foi a bolsa americana que mais subiu na pandemia e que, possivelmente por isso, não renovou a máxima histórica.

O motivo de tanta euforia é a drástica redução dos juros futuros de 10 anos nos EUA. Se, em outubro passado, a taxa ultrapassou os 5% ao ano, agora está abaixo dos 4% (3,90%). E isso faz toda diferença, tanto no rerating das empresas (cálculo do valor das ações pelo fluxo de caixa descontado) como na redução do custo de capital, especialmente para as empresas mais alavancadas (endividadas) e para aquelas empresas com maior potencial de crescimento (menor taxa de juros nos financiamentos).

E mais. Na última quarta-feira o presidente do FED animou ainda mais os investidores com um discurso mais dovish (suave) e com um possível corte de juros na FED Funds Rate já em 2024.

No Brasil a Selic continua em queda (atualmente em 11,75% ao ano), a inflação controlada (abaixo do 5% ao ano) e o PIB superando as expectativas do mercado. O que preocupa os investidores é a situação fiscal do país e o clima político, apesar do avanço de algumas reformas em 2023. Todavia, esses fatores não afetaram o desempenho da bolsa brasileira nesse último trimestre.

A sazonalidade (fim de ano) também traz bons ventos para os ativos de risco. Mas, fique atento, pois nessa última sexta-feira (15) aconteceu o vencimento de contratos futuros do S&P nos EUA e de opções no Brasil, e isso pode afetar a dinâmica dos mercados.

Mas será que as bolsas não foram longe demais nesse último movimento? E será que não foi rápido demais?

Na minha opinião sim.

Apesar da ótima perspectiva que tenho para o IBOV em 2024, uma correção se faz necessária.

Acho que por estarmos no fim do ano, ela possivelmente não virá agora (é possível que subamos para um pouco nos últimos dias do ano), mas deverá ocorrer em algum momento do começo de 2024.

O que fazer nesse restinho de ano?

Primeiramente, curta o Natal e as festas de final de ano com os familiares, amigos e colegas de trabalho. É tempo de alegria e confraternização.

Do lado financeiro aproveite o bom momento, mas não deixe de realizar parcialmente seus lucros, em especial naquelas empresas que mais subiram.

Fortaleça seu caixa em ativos pós-fixados e com liquidez imediata. Oportunidades poderão surgir no futuro.

Não deixe a euforia tomar conta de você. Aproveite o bom momento, mas com moderação.

Por último, onde investir em 2024, Brasil x EUA?

Acho que dessa vez o IBOV poderá ter um desempenho relativo melhor, como acredita o analista da ICAP, Marink Martins, que sempre nos mostra isso nos seus textos contendo muita fundamentação e informação.

Eu vou continuar investindo nos dois países, mas concordo que o potencial da bolsa brasileira é maior para os próximos 12 meses e, por isso, vou priorizar “um pouco” os ativos locais.

Todavia, no campo da renda fixa, talvez lá tenhamos as melhores oportunidades (para aproveitar o provável FED Pivot).

No Brasil já tivemos um ótimo desempenho dos títulos de renda em 2023.

Assim diversifique sua carteira. Esse é o maior melhor conselho.

Bons investimentos e Boas Festas!

MJR

*Disclaimer: esse texto tem apenas um caráter educativo e não é uma recomendação de investimentos. E mais. Investimentos em renda variável podem gerar prejuízos.



quinta-feira, 23 de novembro de 2023

Thanksgiving – IBOV e EUA: Atualização 23/11/2023



Do meu último post para cá, 23 de novembro, as bolsas americanas e a brasileira dispararam: alta de 7% a 10% nos EUA e cerca de 12% por aqui, só no mês de novembro, que nem terminou.

Impressionante.

Comentei no último post que a virada do mês de outubro para novembro já mostrava bons agouros para os ativos de risco, por aqui e lá.

O motivo principal do otimismo era a queda na taxa de juros de 10 anos nos EUA que tinha começado a recuar, após superar os 5% ao ano. Lembrando que essa taxa baliza praticamente todos os ativos de risco no mundo, tanto em renda fixa, como em renda variável.

Assim, eu esperava por alta em novembro, mas confesso que a magnitude do movimento me surpreendeu. E muito!

Outros dados publicados no decorrer do mês de novembro mostraram que a economia americana não estava tão forte como parecia. A súbita de juros nos EUA, iniciada em 2022, dessa vez, teve um efeito mais tardio do que o habitual, e o landing foi postergado para 2024.

Desta forma, é possível que o FED não suba mais a taxa de juros à vista (5,25 - 5,5% ao ano), e é possível que os juros possam ceder em 2024. 

Posto isto, a boa sazonalidade me permite sugerir que o movimento de alta continuará em dezembro, apesar do estado "sobrecomprado".

Uma correção por alguns dias seria muito interessante para os ativos de risco ganharem fôlego e atingirem novos highs, mas não sei se ela ocorrerá ainda em 2023.

Então, o que fazer? (que não são recomendações, apenas opiniões)

Mantenha as posições compradas em bolsa, mas realize parcialmente seus lucros nos ativos que mais subiram.

Fortaleça o caixa. Boas oportunidades podem surgir em eventuais correções.

O mês de novembro tem gerado boas oportunidades no Tesouro Direto, especialmente nos títulos mais longos e vinculados à inflação.

Se você dominar um pouco mais o mercado, compre alguns seguros no mercado de opções (puts) e no mercado futuro (venda de minicontratos), mas sem exageros, pois a tendência atual é de forte alta. É apenas uma proteção para a carteira.

Não aposte puramente na venda! Operar contra a tendência não é boa ideia.

E para 2024?

Lá, é outra conversa.

Aproveite o feriado do Thanksgiving nos EUA e agradeça suas conquistas no ano e a “boa safra” de novembro.

E não exagere na Black Friday, guarde seu suado dinheiro para fazer novos mais investimentos.

Não troque ativos por passivos. Faça o contrário!

Bons investimentos.

MJR

*Disclaimer: esse texto tem apenas um caráter educativo e não é uma recomendação de investimentos. E mais. Investimentos em renda variável podem gerar prejuízos.

quinta-feira, 19 de outubro de 2023

Ativos de risco no Brasil continuam caindo

 


Ativos de risco no Brasil continuam caindo

Update - 19 outubro de 2023

Não bastasse todos os problemas do mundo, surgiu mais uma guerra.

Além do caos humanitário no oriente médio (situação muito deprimente e lamentável), o medo da disparada do petróleo em âmbito mundial pressiona ainda mais os juros americanos de 10 e 30 anos – cerca de 5% ao ano (maior patamar em mais de 15 anos).

O raciocínio é simples: o processo inflacionário em curso no pós-pandemia poderá recrudescer com mais vigor, caso o petróleo dispare ainda mais.

O combustível fóssil interfere diretamente nas mais variadas cadeias produtivas mundiais e também no dia a dia das pessoas. Basta você frequentar um posto de combustível para comprovar o efeito colateral.

Como comentei em posts anteriores, enquanto os juros americanos não cederem ou, pelo menos, se acomodarem, os ativos de risco vão continuar sofrendo.

Grosso modo, os juros futuros nos EUA impactam em praticamente todas as taxas de juros dos países mundo afora. A referência dos juros nos EUA é para o mundo, igual a taxa Selic é para os demais ativos financeiros no Brasil.

Por aqui, as notícias econômicas são mais animadoras: inflação mais comportada, PIB de 3% no ano de 2023 e a Selic em tendência de queda (se os juros americanos colaborarem). O cenário político e fiscal, menos animador, segue no radar, mas por enquanto em segundo plano.

Todavia, no momento, o cenário externo é mais preponderante. E o menor fluxo de dinheiro pressiona ainda mais as ações negociadas na bolsa de valores.

Exceto, as petrolíferas nacionais, com destaque para a Petrobrás e a Petrorio, quase tudo na B3 tem caído, e como muito vigor, especialmente as Small caps e as ações de varejo.

Literalmente grande parte das ações brasileiras estão numa grande liquidação, mas por enquanto, os “clientes” não querem comprar durante essa “tempestade perfeita” de curto prazo. Até quando? Ninguém sabe.

As pessoas físicas ainda estão embriagadas com o alto rendimento da renda fixa e seguem longe da B3. Os fundos de investimentos locais continuam sob a sangria dos saques diários (mais saques, mais venda de ativos pelos fundos, mesmo a preços irrisórios, e mais pressão vendedora na B3) e os estrangeiros ainda aguardam um cenário melhor para um retorno mais vigoroso ao Brasil.

Dessa forma, só nos resta esperar. O curto prazo está muito desafiador. Mas para aqueles que têm paciência e apetite por risco em momentos de pânico, um horizonte maior para seus investimentos poderá ser muito recompensador.

Lembrando que quase sempre, as descompressões nos preços das ações são poderosas e rápidas: altas vigorosas num curto período de tempo. Por isso, não é recomendável esperar por dias melhores para começar a montagem de uma carteira mais arriscada. Obviamente, é preciso respeitar o perfil de risco de cada um.

Um detalhe importante: a sazonalidade atual é favorável. Historicamente, o último trimestre de cada ano, em geral, é muito bom para as bolsas de valores.

E por último. Também vejo oportunidades em renda fixa. Exemplo: títulos vinculados à inflação (com ganho real) estão pagando IPCA + quase 6% ao ano. Uma bela pedida para aqueles que têm sangue frio e não ficam preocupados com a marcação a mercado de curto prazo – a propósito nos EUA, títulos semelhantes (os Tips) estão pagando inflação + 2,5%. Maior patamar de retorno em anos.

Aproveite com moderação!

MJR