quarta-feira, 30 de setembro de 2020

Outubro 2020 – Atualização IBOV

 


Se o mês de agosto tinha sido ruim para a bolsa brasileira, em setembro o desempenho do IBOV foi ainda pior: queda aproximada de 5%. A diferença é que as bolsas americanas também caíram nesse último mês, menos do que o IBOV, mas caíram. Seguimos num desempenho relativo muito ruim.

Vinha insistindo nos meus comentários que o patamar de 98 / 100 mil pontos era muito relevante. Segurou o mercado por muito tempo, mas após a perda desse suporte, o IBOV buscou a faixa dos 93 mil pontos, também já comentada.

O que fazer? Antes comentarei alguns drivers importantes para o caminho do IBOV no próximo mês (ou meses):

1)       Se a correção nos mercados americanos persistir, o IBOV vai junto. E há espaço para a continuidade das quedas por lá.

2)       Graficamente, o IBOV está numa clara tendência de baixa de curto prazo, após o topo do final de julho.



3)       As eleições americanas trarão muita volatilidade aos mercados.

4)       O cenário fiscal no Brasil continuará sendo nosso principal obstáculo.

5)       A pandemia não passou, mas está passando. E vai passar. Já existem evidências claras nesse sentido. O pior já passou. Lembre-se de que o mercado de ações anda no mínimo seis meses à frente da economia real.

Seguem meus pensamentos:

1)       Mesmo sabendo que ainda temos espaço para cair mais (próximos suportes do IBOV em 90 e 83 mil pontos), acredito que chegou a hora de começar a colocar o nosso “caixa” para trabalhar – é praticamente impossível acertar os fundos. E na minha opinião o risco-benefício atual compensa essa postura (os alvos esperados são proporcionalmente maiores do que os possíveis suportes, e estamos num primeiro forte suporte – 93 / 94 mil pontos). Desta forma, vá comprando aos poucos, sem atropelos. Opte por aumentar a posição nos melhores ativos. Evite as posições perdedoras. E lembre-se de manter o caixa de curto prazo.

2)       Mantenha a diversificação da carteira e uma rigorosa seleção de ações.

3)       Continue evitando os títulos prefixados. Os juros futuros continuaram subindo em setembro e podem subir muito mais. E outra. Se você for adquirir títulos atrelados à inflação, compre com parcimônia. No futuro poderemos compra-los com preços mais descontados.

4)       Se o cenário fiscal deteriorar, além dá disparada dos juros futuros, o dólar continuará forte frente ao real. A barreira dos 6 reais poderá ser rompida. Todavia, uma melhora do cenário fiscal no Brasil (reformas e boas notícias) pode derrubar a cotação da moeda americana.

5)       O ouro, curiosamente, também cedeu em setembro, da mesma forma que no começo de março (início da pandemia), mas acredito que após a turbulência do mercado de ações, o metal voltará a se valorizar.

6)       Mercado imobiliário: na minha opinião é um dos melhores setores para investimentos no cenário atual, pois os indicadores são conflitantes. Enquanto os dados da economia real no setor imobiliário estão bons (em breve escreverei sobre o assunto), os preços dos ativos se depreciaram fortemente nos últimos dois meses, especialmente as ações de empresas de construção civil listadas em bolsa.

7)       E mais. Acredito que o cenário dramático vivido no setor de Shoppings ficou para trás. A recuperação virá de uma maneira paulatina, mas virá. As ações e os fundos imobiliários atrelados a esse segmento estão descontados.

Bons investimentos.

*Fique atento: qualquer sinal gráfico mais contundente de fundo no IBOV, eu postarei no Blog.

MJR

Conheça o meu novo site: www.investircadavezmelhor.com.br 



sábado, 26 de setembro de 2020

Qual o meu conceito de “investir sozinho”?

 


Desde que comecei a escrever o meu primeiro livro em 2013, sempre usei a expressão “aprenda a investir sozinho”. Para mim já é um “jargão”. Mas, outro dia um amigo próximo me perguntou: “Marcelo, o que você quer dizer com investir sozinho”. Fiquei refletindo sobre o assunto e resolvi escrever, ou melhor, detalhar o meu pensamento e compartilhar com os meus leitores.

Já deixo aqui o resumo e o mais importante: todas as decisões tomadas na montagem de uma carteira de investimentos devem ter o aval final do “dono do dinheiro” – o investidor. Você pode e deve ter o auxílio de outras pessoas, mas a palavra final sempre deverá ser sua. Isso é mandatório.

Posto isto, como chegar à decisão final. Veja os passos:

1.      O passo inicial é que o cidadão não especialista no mercado financeiro precisa querer ser um investidor. E precisa ter convicção. Apesar de ser uma tarefa relativamente simples, ela exigirá dedicação, conhecimento e esforço do potencial investidor. E mais. O ato de investir está sempre atrelado à dúvida – não temos o controle algum sobre o desempenho futuro dos diversos ativos, aliás, ninguém tem. Na escolha entre dois ativos hipotéticos, A e B, na escolha de um, você está abrindo a mão do outro, e isso usualmente gera dúvida e estresse. Faz parte do dia a dia. Não tem como ser diferente.

2.      O segundo passo é ter dinheiro para investir. Desta forma, você necessariamente precisa separar uma parte do seu salário para colocar na sua carteira de investimentos, e de preferência que isso ocorra todos os meses. É preciso ter disciplina. Aqui outro ponto “negativo” para o investidor: você está abrindo mão de um consumo imediato para usufruir no futuro, e isso gera desconforto e quase sempre não é muito prazeroso. O ser humano, em geral, prefere as realizações de imediato, no presente. É preciso controlar esse instinto. Os maiores retornos são obtidos com os investimentos de longo prazo. Essa é a regra!

3.      O terceiro passo é estudar muito sobre o tema. Como o assunto não é abordado na grade curricular da maioria das escolas e universidades no Brasil, quase sempre aprendemos na prática. Decididamente, no começo não é uma tarefa fácil, mas depois, a descoberta do fascinante mundo dos investimentos é muito recompensadora por dois motivos: o prazer do conhecimento e o bom resultado na sua carteira de investimentos – lucros cada vez maiores (o fantástico mundo dos juros compostos a seu favor). Porém, pra tanto, é preciso muita dedicação e esforço, aproveitando as horas livres de descanso, isto é, você irá trocar seu tempo livre para estudar. Mais um fator “negativo”.

4.      Quarto passo: obrigatoriamente, você precisará abrir uma conta numa corretora de valores. E isso, para a maioria dos brasileiros, é um fator de estresse, pela novidade. Não éramos acostumados a isso (fomos criados em cenários de juros altos e retornos fáceis, sem riscos, aplicando em produtos disponíveis nos bancos comerciais). Atualmente, o processo de abertura de conta numa corretora é muito simples e quase sempre, tudo on-line. Basta você escolher uma boa corretora e executar o registro.

5.      O quinto passo, e talvez um dos mais importantes, é montar uma carteira de investimentos. Um dos princípios mais relevantes é a diversificação, ou seja, não podemos concentrar nosso dinheiro em poucos ativos. E mais, é preciso montar uma carteira para enfrentar os diferentes cenários vindouros. Mais uma vez, ninguém tem bola de cristal sobre o futuro. Temos apenas perspectivas. Esqueça os profetas de plantão!

6.      O sexto passo é descobrir o seu perfil de investidor. Algumas pessoas são mais tolerantes aos riscos, outras mais avessas. É preciso respeitar suas ideias e conceitos. A minha carteira ideal pode muito diferente da sua, e vice-versa. Não abandone seu perfil. Nunca.

7.      O sétimo e último passo é dividir sua carteira de investimentos em pelo menos dois nichos, visando horizontes diferentes, curto e longo prazo. No primeiro, a liquidez e o risco reduzido são as prioridades, e por isso os retornos serão menores. No segundo, podemos e devemos arriscar mais no intuito de auferir maiores ganhos. Para alcançarmos a independência financeira os investimentos de longo prazo são imprescindíveis. Já as reservas de emergência devem ser colocadas nos ativos de curto prazo (liquidez imediata e baixo risco).

Os analistas independentes, os agentes autônomos e os gerentes de banco, dentre outros especialistas, podem lhe auxiliar, mas a decisão final sempre deverá ser sua. Tenha muito cuidado com os conflitos de interesse. Isso é muito importante. Uma eventual sugestão pode não ser a melhor opção para você. É preciso estudar e, principalmente, entender cada produto oferecido.

Eu, para montar a minha carteira pessoal, leio inúmeras análises de diversas casas independentes de research e também das próprias corretoras de valores e bancos. Acompanho diariamente a opinião dos principais gestores, leio livros e artigos, e acompanho entrevistas e lives no Youtube. Somente após tudo isso que resolvo o que fazer. A ideia é buscar o maior número de informações, haja vista que o mercado financeiro é muito amplo, mas repito, a decisão final e a responsabilidade sobre a montagem da carteira sempre são minhas. É preciso botar a mão na massa. Não pode ser diferente. Não podemos culpar os outros sobre os nossos fracassos.

Outro ponto relevante: o processo de investir é muito dinâmico. Uma boa opção no dia de hoje pode ser péssima daqui a seis meses, por exemplo. Assim, o estudo e o acompanhamento da carteira deve ser frequente – no mínimo a cada três meses. Por outro lado, evite mudanças em excesso.

Para finalizar, gostaria de comentar que a função dos meus mais variados livros é inserir o investidor iniciante no mundo dos investimentos, encurtando a trajetória do sucesso e criando uma ponte para novas fontes de conhecimentos.

Aprenda a investir sozinho.

Bons investimentos.

MJR