Antes de começar gostaria de dar uma satisfação aos leitores do Blog. Em virtude de um problema técnico, o site foi retirado do ar e não pude atualizar o conteúdo do Blog. Também perdemos alguns conteúdos antigos que serão reinseridos aos poucos. A partir de 2023, teremos duas colunas mensais, e serão publicadas simultaneamente no Blogger e no Site. E mais. Não deixe de acompanhar os vídeos doo meu canal no Youtube – mais de 100 vídeos educativos. https://youtu.be/AN5JPRbHqHo (último vídeo de atualização).
Vou dividir essa
atualização em duas sessões: cenários externo e interno.
Cenário
Externo
1. Juros nos EUA. Na última reunião do FED tivemos um
aumento de 0,5% na taxa de juros – atualmente entre 4,25 e 4,5% ao ano.
Portanto, já tivemos uma desaceleração da subida dos juros por lá. Os juros
ainda devem subir mais, mas num ritmo mais lento. Possivelmente atingiremos uma
taxa entre 5,0 e 6,0% no ano que vem. Por outro lado, os juros de 10 anos,
negociados em bolsa, estão menores do que a taxa do FED (3,45%), corroborando
com o final do ajuste.
2. Dólar Index. Após subir quase o ano todo e bater a
marca de 114 dólares, o dólar index recuou para 104 dólares, e possivelmente continuará
em queda em virtude da freada na taxa de juros do FED. Bom para os países emergentes.
3. China. A política de Covid Zero na China
deve estar próxima do fim e isso pode impulsionar o PIB Chinês e as
commodities, especialmente o minério de ferro e o petróleo.
4. Bolsas Americanas. Após a forte recuperação dos índices
americanos em outubro e novembro (o S&P 500 saiu de 3.500 para 4.100 pontos),
eles perderam força e deverão recuar nas próximas semanas – processo corretivo
que já começou. A tendência é ainda de baixa (BEAR MARKET). Essa correção
coincide com a queda de lucros das empresas em virtude da subida dos juros nos
EUA. Todavia, a expectativa é que essa seja a última pernada da tendência de
baixa. O trader americano Larry Willians acredita numa correção no início do
ano e um ótimo “ponto de compra” no começo de março. Será? Bom, o mais
importante é que você seja muito seletivo na escolha das suas ações. Evite
empresas em turnaround, endividadas ou muito dependentes de crédito para
crescer.
5. Recessão. Se em 2022 a principal preocupação
do mercado foi a inflação, o tema de 2023 será a recessão nos EUA. Eu,
particularmente, acho que ela, se ocorrer, será mais branda e rápida do que o
consenso do mercado. E por isso estou otimista com as bolsas americanas,
especialmente a partir de março.
6. Ouro. Após recuar nos últimos meses, o
metal voltou a superar a marca dos 1.800 dólares no mercado internacional.
Alguns gestores de renome acreditam que o ouro poderá ter bom um desempenho em
2023 (juros menores).
Cenário
Interno
1. Juros. A taxa Selic está em 13,75% (mantida
nas últimas reuniões) e, provavelmente, cairia a partir de maio de 2013. Porém,
após o fim das eleições, o risco fiscal aumentou significativamente, em virtude
das primeiras decisões do governo de transição, e essa possibilidade ficou arrefecida.
Aliás, os juros poderão voltar a subir em 2023, se o risco fiscal piorar. Essa
chance é real, caso o futuro governo abandone a responsabilidade fiscal. Os
juros futuros negociados na B3 já sinalizam isso – aumento significativo nos
últimos 45 dias.
2. Dólar. O dólar deveria cair frente ao real em
2023 em razão da queda do dólar index, do teórico “preço justo” da taxa de
câmbio (por volta de 4,25) e da entrada de capital externo. Mas, se o fiscal
piorar, teremos um cenário oposto e o dólar poderá superar os 5,50 / 6,00.
Todavia, um alívio no risco fiscal no primeiro trimestre do governo Lula deverá
derrubar o dólar.
3. PIB. A previsão atual do Boletim Focus do
Banco Central é de um crescimento do PIB na faixa de 1.0% em 2023. Mas isso não
deverá se concretizar. A condução da política econômica do próximo governo terá
forte impacto no PIB, para o bem ou para mal. Não tenho dúvida!
4. IBOV. Após a significativa queda nos
últimos 45 dias (mais de 15%), acredito que o IBOV deverá ter alguma
recuperação nas próximas semanas. Várias empresas caíram fortemente,
especialmente as Small Caps. Acredito também que o caminho do IBOV ao longo de
2023 também será guiado pelas políticas econômicas do próximo ministro de economia.
Uma curiosidade: de acordo com os relatórios de vários bancos, nacionais e
estrangeiros, o downside do IBOV é muito menor do que o upside, isto é, o IBOV
tem muito mais espaço para subir do que cair. Exemplo, segundo o BOFA, o alvo
da queda do IBOV num pior cenário seria de 95 mil pontos (atualmente em 104 mil
pontos) e 150 mil pontos no melhor cenário em 2023. Entendeu a diferença? Boa
margem de segurança nos níveis atuais.
Resumindo, a
bolsa brasileira está barata, mas o momento é de muita cautela. Contudo é
preciso agir e ajustar a sua carteira de investimentos.
No próximo
relatório, em janeiro, comentarei sobre as minhas perspectivas para os
principais ativos no Brasil.
Aproveito a
oportunidade para desejar boas festas e um ótimo ano novo a todos.
MJR