domingo, 18 de dezembro de 2022

IBOV – Atualização Dezembro 2022

 


Antes de começar gostaria de dar uma satisfação aos leitores do Blog. Em virtude de um problema técnico, o site foi retirado do ar e não pude atualizar o conteúdo do Blog. Também perdemos alguns conteúdos antigos que serão reinseridos aos poucos. A partir de 2023, teremos duas colunas mensais, e serão publicadas simultaneamente no Blogger e no Site. E mais. Não deixe de acompanhar os vídeos doo meu canal no Youtube – mais de 100 vídeos educativos. https://youtu.be/AN5JPRbHqHo (último vídeo de atualização).

Vou dividir essa atualização em duas sessões: cenários externo e interno.

Cenário Externo

1.      Juros nos EUA. Na última reunião do FED tivemos um aumento de 0,5% na taxa de juros – atualmente entre 4,25 e 4,5% ao ano. Portanto, já tivemos uma desaceleração da subida dos juros por lá. Os juros ainda devem subir mais, mas num ritmo mais lento. Possivelmente atingiremos uma taxa entre 5,0 e 6,0% no ano que vem. Por outro lado, os juros de 10 anos, negociados em bolsa, estão menores do que a taxa do FED (3,45%), corroborando com o final do ajuste.

2.      Dólar Index. Após subir quase o ano todo e bater a marca de 114 dólares, o dólar index recuou para 104 dólares, e possivelmente continuará em queda em virtude da freada na taxa de juros do FED. Bom para os países emergentes.

3.      China. A política de Covid Zero na China deve estar próxima do fim e isso pode impulsionar o PIB Chinês e as commodities, especialmente o minério de ferro e o petróleo.

4.      Bolsas Americanas. Após a forte recuperação dos índices americanos em outubro e novembro (o S&P 500 saiu de 3.500 para 4.100 pontos), eles perderam força e deverão recuar nas próximas semanas – processo corretivo que já começou. A tendência é ainda de baixa (BEAR MARKET). Essa correção coincide com a queda de lucros das empresas em virtude da subida dos juros nos EUA. Todavia, a expectativa é que essa seja a última pernada da tendência de baixa. O trader americano Larry Willians acredita numa correção no início do ano e um ótimo “ponto de compra” no começo de março. Será? Bom, o mais importante é que você seja muito seletivo na escolha das suas ações. Evite empresas em turnaround, endividadas ou muito dependentes de crédito para crescer.

5.      Recessão. Se em 2022 a principal preocupação do mercado foi a inflação, o tema de 2023 será a recessão nos EUA. Eu, particularmente, acho que ela, se ocorrer, será mais branda e rápida do que o consenso do mercado. E por isso estou otimista com as bolsas americanas, especialmente a partir de março.

6.      Ouro. Após recuar nos últimos meses, o metal voltou a superar a marca dos 1.800 dólares no mercado internacional. Alguns gestores de renome acreditam que o ouro poderá ter bom um desempenho em 2023 (juros menores).

Cenário Interno

1.      Juros. A taxa Selic está em 13,75% (mantida nas últimas reuniões) e, provavelmente, cairia a partir de maio de 2013. Porém, após o fim das eleições, o risco fiscal aumentou significativamente, em virtude das primeiras decisões do governo de transição, e essa possibilidade ficou arrefecida. Aliás, os juros poderão voltar a subir em 2023, se o risco fiscal piorar. Essa chance é real, caso o futuro governo abandone a responsabilidade fiscal. Os juros futuros negociados na B3 já sinalizam isso – aumento significativo nos últimos 45 dias.

2.      Dólar. O dólar deveria cair frente ao real em 2023 em razão da queda do dólar index, do teórico “preço justo” da taxa de câmbio (por volta de 4,25) e da entrada de capital externo. Mas, se o fiscal piorar, teremos um cenário oposto e o dólar poderá superar os 5,50 / 6,00. Todavia, um alívio no risco fiscal no primeiro trimestre do governo Lula deverá derrubar o dólar.

3.      PIB. A previsão atual do Boletim Focus do Banco Central é de um crescimento do PIB na faixa de 1.0% em 2023. Mas isso não deverá se concretizar. A condução da política econômica do próximo governo terá forte impacto no PIB, para o bem ou para mal. Não tenho dúvida!

4.      IBOV. Após a significativa queda nos últimos 45 dias (mais de 15%), acredito que o IBOV deverá ter alguma recuperação nas próximas semanas. Várias empresas caíram fortemente, especialmente as Small Caps. Acredito também que o caminho do IBOV ao longo de 2023 também será guiado pelas políticas econômicas do próximo ministro de economia. Uma curiosidade: de acordo com os relatórios de vários bancos, nacionais e estrangeiros, o downside do IBOV é muito menor do que o upside, isto é, o IBOV tem muito mais espaço para subir do que cair. Exemplo, segundo o BOFA, o alvo da queda do IBOV num pior cenário seria de 95 mil pontos (atualmente em 104 mil pontos) e 150 mil pontos no melhor cenário em 2023. Entendeu a diferença? Boa margem de segurança nos níveis atuais.

Resumindo, a bolsa brasileira está barata, mas o momento é de muita cautela. Contudo é preciso agir e ajustar a sua carteira de investimentos.

No próximo relatório, em janeiro, comentarei sobre as minhas perspectivas para os principais ativos no Brasil.

Aproveito a oportunidade para desejar boas festas e um ótimo ano novo a todos.

MJR