Desde a bomba
política da quarta-feira retrasada, dia 17 de maio, o mercado financeiro tenta
se recuperar, mas confesso, estou com a pulga atrás da orelha. Estou
desconfortável com a situação.
Mesmo com a valorização
expressiva de mais de 5% desde o fundo da quinta-feira negra, o IBOV não mostrou
firmeza. Alta sem volume financeiro sugerindo um movimento errático – apenas um
repique após a forte queda.
Os
investidores não estão convictos. Se antes o mercado estava fortemente altista,
quase uma unanimidade, atualmente muitos duvidam de uma boa valorização no curto e
médio prazo. Por outro lado, por enquanto, ninguém está apostando em mais quedas.
Todos em cima do muro. O duro é saber se esse sentimento é duradouro.
Neste ínterim
o cenário externo ajudou a segurar o IBOV, mas até quando? Não sei. Três aspectos
me preocupam muito em relação ao mercado americano:
· Apesar das máximas históricas recentes atingidas pelo Índice Dow Jones, há uma clara divergência altista em relação aos últimos movimentos (dados de
análise gráfica).
·
O chamado índice do medo, VIX, está em patamares muito baixos, por volta de 10 (veja abaixo).
Certa vez eu li um relato de um investidor americano que opera o VIX e sempre com bons resultados: “compro
no nível 10 e vendo no 20”. Simples! Onde estamos agora? Só para lembrar,
este índice tem uma correlação inversa aos índices americanos. O fim da lua de mel
entre o mercado americano e o Trump pode ser a gota d’água.
·
Acompanho
com frequência um analista técnico norte-americano muito experiente e famoso
por suas previsões acertadas. Ele prevê uma forte correção do Dow Jones a partir
de julho de 2017. Será?
Por aqui,
continuamos na mesma: Temer tentando se segurar e as reformas paradas no congresso. Mesmo assim,
boas notícias surgem a cada dia: IGPM em deflação pelo segundo mês consecutivo,
atividade econômica reagindo e os juros básicos devem cair fortemente amanhã (possivelmente
100 pontos-base).
Posto isto,
o que fazer? Recomendo muita cautela. Opte por ações mais defensivas. Ajuste temporariamente
sua carteira. Acredito que não é o momento para grandes apostas em empresas de maior
risco e com alta volatilidade. Aguarde um pouco mais.
E melhor, faça uma proteção
parcial de sua carteira, comprando dólares e derivativos. Não fique totalmente
exposto nestes tempos de incerteza. Por outro lado, se você é um pequeno investidor
disciplinado e que aplica mensalmente suas reservas, continue praticando essa tática,
pois nunca saberemos o TIMING ideal para a compra de um ativo.
Repito: continuo muito otimista com o futuro
do Brasil num horizonte de longo prazo, mesmo com as mazelas disseminadas da
classe política.