terça-feira, 31 de outubro de 2017

BOVA11: uma maneira fácil de investir na bolsa brasileira



Replico no blog o artigo que escrevi em outubro de 2017 para o Boletim do Colégio Brasileiro de Radiologia, uma coluna em que escrevo mensalmente: BOVA11: uma maneira fácil de investir na bolsa brasileira.  

Recentemente, um colega do hospital onde trabalho me perguntou sobre como investir no ativo BOVA 11. Assim, antes de adentrar aos fundamentos para a escolha de uma determinada ação na bolsa de valores (análise fundamentalista), vou comentar novamente sobre esta forma eficiente e fácil de investir na bolsa brasileira. No final de 2015, no último boletim do CBR daquele ano, fiz a recomendação de compra deste ativo: cotação unitária de 42 reais. No momento em que escrevo ele está cotado a R$ 69,54. Alta de mais de 60% em menos de dois anos.

Desta forma, o questionamento do colega é muito comum e frequentemente várias pessoas me perguntam sobre o mesmo assunto: existe uma maneira simples de investir na bolsa? A minha resposta está na ponta da língua. “Compre BOVA11”.

O BOVA11 não é uma ação, mas sim um Fundo de Índice (ETF é a sigla em inglês para Exchange Traded Fund), negociado na bolsa de valores de SP, que tem ótima liquidez diária e cujas cotas são negociadas num lote padrão de “10”, ou seja, podemos comprar de 10 em 10 cotas, o que facilita a vida do pequeno investidor.

Este fundo contém em sua carteira de ativos todas as ações que compõem o Índice Bovespa (IBOV), em torno de 58 ações, e na mesma proporção. O objetivo do fundo é replicar o desempenho do IBOV, que é o principal índice da bolsa brasileira. Desta forma, é muito simples operá-lo. E melhor, sem o risco de aplicar em uma única empresa. Não há risco de crédito. Outro fator positivo: a cada quatro meses, o próprio índice se encarrega de reduzir a participação das empresas de pior desempenho, pois o IBOV é rebalanceado quadrimestralmente. Daniel Khaneman, Prêmio Nobel de Economia em 2002 e um dos expoentes internacionais em psicologia comportamental, em recente palestra no Brasil, afirmou categoricamente que a maneira mais eficiente e sábia do pequeno investidor aplicar no mercado de ações é via ETF.

O processo de compra é igual ao de uma ação. Basta inserir o código BOVA11 no Home Broker e comprar lotes múltiplos de 10. Sugiro compras mensais. Não tente adivinhar “fundos” no intuito de comprar mais barato. Se essa tarefa é muito complicada para os profissionais, imagine para os amadores. Faça um preço médio. E nunca aplique tudo de uma vez.

Após alta de 60%, o ativo não estaria caro? Decididamente, não é possível ter certeza sobre isso, mas acredito fortemente que estamos apenas no começo de um longo ciclo de alta para o IBOV e que uma alta ainda mais expressiva irá acontecer nos próximos anos. Posto isto, fica claro que aplicar no BOVA11 é uma maneira simples, fácil e segura de aplicar seu dinheiro na bolsa de valores. Se você não tem tempo, paciência e não pretende se dedicar ao mercado de ações, esta é melhor maneira de garantir seu futuro. Basta abrir uma conta numa corretora e ter noções básicas de compra e venda de ativos, o que sempre é muito simples. Cerca de 700 reais já são suficientes para aplicar. Contudo, como para cada compra existirá uma taxa de corretagem, opte por compras periódicas, mensais ou trimestrais, reduzindo os custos das operações. E o mais importante: vise o longo prazo. Estou falando em aplicações para além de 5 anos. E lembre-se, aplique somente o dinheiro que tenha esse objetivo. Para o curto prazo existem outras modalidades de investimentos.

Obs:

*Algumas cotações estão desatualizadas, por exemplo, a cotação atual do BOVA11 é de 72 reais, mas optei por replicar o artigo como foi originalmente escrito.

*Para finalizar, um complemento fora do artigo: as correções no IBOV, como a atual, são ótimas oportunidades de aumentar sua posição neste ativo.

Abraço, MJR.

quarta-feira, 25 de outubro de 2017

Um pouco de renda fixa



Hoje tem decisão do Copom. O consenso do mercado é para um corte de 75 pontos-base. Assim, a taxa básica de juros passaria para 7.5% ao ano. Uma das mais baixas da história. Alguns analistas acreditam que teremos pelo menos mais dois cortes nos juros nas próximas reuniões, em dezembro de 2017 e janeiro de 2018, com cortes de 50 e 25 pontos-base, respectivamente. Caso essa premissa se confirme, começaremos o ano, lógico, depois do carnaval, no menor patamar de taxa de juros da história, em 6.75% ao ano.

Problemas:

1.       A inflação começou a mostrar alguma reação nos últimos dois meses.

2.       Os graves problemas fiscais no Brasil estão longe de estarem solucionados. O gigantesco déficit fiscal continua firme e forte. E pior, as reformas seguem paradas no congresso, especialmente a da Previdência. O governo federal promete retomar a reforma da previdência depois de “encerrar” a denúncia contra o presidente no congresso. Será que ainda há tempo hábil para aprovar uma reforma da previdência, mesmo que desidratada?

3.       Ano que vem teremos eleições presidenciais e a palavra-chave do momento é incerteza. Seguiremos no caminho correto ou voltaremos à nova matriz econômica que colocou o país nessa crise? Entretanto, gostaria de comentar que o processo eleitoral de 2018 nem começou para o Senhor Mercado. Esqueça as fagulhas atuais. O que temos até agora é muito irrelevante e nada palpável. Acredito que o mercado começará a precificar o processo eleitoral apenas a partir de março de 2018. Prepare-se para a volatilidade.

Posto isto, o que fazer com os títulos do Tesouro Direto.

1.       Não vejo mais atratividade nos títulos prefixados: alto risco e ganhos limitados. Quem ganhou, ganhou. Pronto. Eu, particularmente, já zerei minha posição nos últimos meses, e com ganhos expressivos (títulos comprados em 2015 e 2016).

2.       Tesouro Inflação: continue investindo nos títulos de longo prazo: 2035. Apesar de mais arriscados, eles ainda têm fôlego para valorização no curto prazo. E mais, eles garantem um ganho real de 5%, acima da inflação. Para os títulos mais curtos, 2019 e 2024, sugiro zerar posição.

3.       Tesouro Selic. Do meu ponto de vista é a melhor opção para o curto prazo: próximos 12 meses. Em momentos de incerteza e aumento de volatilidade, o melhor é ficar protegido e reduzir o risco.

Sempre é bom lembrar, que fatores externos ao Brasil podem mexer com o fluxo de investimentos aqui. Assim, fique atento aos próximos passos do FED e do Banco Central Europeu. Um aumento de juros por lá poderá diminuir a liquidez global e, por conseguinte, reduzir o fluxo de dinheiro para os países emergentes.


Abraço. MJR


segunda-feira, 16 de outubro de 2017

IBOV – Perspectivas de curto prazo



Antes de tudo, uma satisfação aos leitores do blog. A minha ausência nos últimos dias está intimamente relacionada a um problema de saúde em família. Atuei no mercado neste período, mas escrever nestas situações, bem ou mal, requer uma mente em paz. Ainda bem que o pior já passou e, graças a Deus e aos médicos, com final feliz.

Curiosamente, no último post comentei que um analista “recomendou férias” após o IBOV romper o topo histórico. E acho que ele tinha razão. Neste ínterim, o IBOV pouco andou: tentou uma realização, logo em seguida subiu forte no dia 03/10 e depois voltou a ficar morno. Assim, para onde o IBOV irá no curto prazo, haja vista que para o longo prazo, continuo muito otimista – o céu é o limite!

No momento em que escrevo o IBOV fechou em pouco menos de 77 mil pontos. Como sempre no mercado, temos três cenários para as próximas semanas: alta, baixa ou estabilidade.

1 – O mais provável: continuar renovando novas máximas. Bull Market é Bull Market. O mercado é soberano, e não se discute! Alvos esperados: 79 mil e depois 82 mil pontos (por Fibonacci). Por que acredito que essa é a hipótese mais provável? Nos últimos meses o IBOV se descolou um pouco do cenário político (que continua caótico) e mira fortemente na melhora dos fundamentos da economia brasileira: juros em forte queda, inflação controlada e retomada da atividade econômica. Outro ponto fundamental: com a queda dos juros básicos, a renda fixa no Brasil está perdendo a atratividade e vários fundos estão migrando para o mercado de ações (é muita grana desembarcando na bolsa brasileira).

2 = Uma correção: se há um mês o mercado estava esticado na alta, atualmente não está mais. Porém, ainda há mais espaço para um recuo mais agudo no IBOV, sem alterar a tendência de alta (os suportes foram comentados no post anterior). Em minha opinião este fato somente ocorrerá se as bolsas americanas começarem um recuo mais agudo. Caso contrário, a alta lá influenciará positivamente a bolsa aqui.

3 = A estabilidade: essa me parece uma possibilidade mais remota. A baixa volatilidade das últimas semanas tem dias contados.

Posto isso, o que fazer? Continue comprado na bolsa brasileira. Monte um bom portfólio e aumente sua posição nas quedas – oportunidades. Para uma eventual queda mais aguda, compre “seguros” no mercado futuro (venda de minicontratos - hedge parcial de carteira) ou mercado de opções (compra de PUTs).

Abraço.


MJR