Há cerca de
10 dias escrevi no blog que o cenário externo ofuscava a euforia
pós-impeachment. De lá para cá, o que mudou?
1 – As
bolsas americanas obtiveram ganhos expressivos nesta última semana, quebrando
um ciclo de quedas de quatro semanas.
2 – A alta da
taxa de juros americana está muito próxima, o que é ruim para as bolsas
mundiais, especialmente nos países emergentes, e que fortalece a moeda
americana frente às outras divisas.
3 – Neste
período o dólar se valorizou frente ao real, de 3,50 para 3,60 seguindo o
movimento externo. Os juros futuros DI no Brasil se apreciaram, de 12,4 para
12,8% ao ano.
4 – Os
gringos continuam longe da Bovespa desde o fim de abril. O motivo principal é o
cenário político brasileiro. Muitos imaginavam que o processo de impeachment
amenizaria os ânimos em Brasília. Mas faltou combinar com a operação Lava Jato
e com o “mui amigo” Sérgio Machado, que gravou vários caciques do PMDB, no
intuito de fugir de Sérgio Moro e diminuir sua pena. O primeiro a cair foi o Jucá.
Quem será o próximo?
5 – A
incerteza política freia o ímpeto dos investidores em tomar risco. Assim, fogem
da bolsa e buscam refúgio no dólar e pressionam os juros. A maior preocupação é
sobre a aprovação das medidas propostas por Meirelles num congresso tão
conturbado. As acusações contra Renan Calheiros minam o presidente do senado, o
que pode atrapalhar o andamento das medidas. Por outro lado, as novas delações complicam
ainda mais a situação da presidente afastada e do ex-presidente Lula.
6 – Desta
forma o momento é de muita cautela. Tivemos mais uma semana de queda no IBOV, num
movimento contrário às bolsas mundiais. Porém, o volume financeiro foi muito
abaixo da média, o que indica apenas uma correção momentânea. O índice Bovespa ainda
tem espaço para buscar os 47/48 mil pontos, sem perder a tendência de alta no gráfico
semanal.
7 – O
gatilho para uma nova temporada de alta no IBOV poderá surgir após uma trégua
no cenário político. Porém, novas denúncias podem provocar mais quedas.
8 – Para
pensar: no auge do pessimismo, o IBOV bateu 37 mil pontos em janeiro de 2016;
no clímax do otimismo, no fim de abril, a bolsa quase atingiu 55 mil pontos,
mesmo antes do afastamento da presidente Dilma. Nesta última sexta o IBOV
fechou por volta dos 49 mil pontos. Com a nova equipe econômica, elogiada por
todos e melhor do que muitos imaginavam, qual seria o caminho mais provável
para o IBOV nos próximos meses: retornar aos 37 mil pontos ou buscar os 55 mil
e depois superá-lo?
9 – Acho que
o mais lógico e provável seria a segunda opção. Entretanto, existe um único
fato que me faria mudar de ideia. Qual? Se a operação Lava Jato atingir
diretamente o presidente interino Michel Temer, o que por enquanto, parece
estar de longe de acontecer (“parece”). Caso isto ocorra, ficaremos à deriva,
num mar revolto e próximos do naufrágio.
10 – Tenho
convicção de que as turbulências atuais são passageiras. Esta verdadeira limpeza
na política brasileira é muito salutar para o longo prazo. Faz muitos estragos no
curto prazo, mas é muito bem-vinda. É um processo depurativo. Sairemos melhores. Aproveite o momento para
montar uma boa carteira de ações e comprar títulos públicos de longo prazo
vinculados à inflação. Não espere por um céu de brigadeiro. A jornada do
investidor de longo prazo é sempre árdua e lenta, com altos e baixos, mas usualmente
muito recompensadora no final.
MJR
* As opiniões postadas no blog são apenas posições do autor sobre o tema, e não constituem em si, recomendações de compra ou venda de ativos.
* As opiniões postadas no blog são apenas posições do autor sobre o tema, e não constituem em si, recomendações de compra ou venda de ativos.
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