segunda-feira, 25 de maio de 2015

A crise econômica e o ajuste fiscal



Para os mais obtusos e míopes, o recente caos econômico é fruto da atual política econômica do Ministro Levy. Infelizmente este é o pensamento de muitos: petistas, oposicionistas, parte dos trabalhadores e setores do empresariado, dentre outros. Ledo engano. Os péssimos números da economia brasileira nos últimos anos, especialmente em 2015, foram plantados em 2008, pelo então Ministro da Fazenda, Guido Mantega. A dita “política econômica expansionista” proposta pelo ministro até que deu resultado num primeiro momento (2009/2010). Porém, de lá para cá foi um verdadeiro vexame. Todos os indicadores foram deteriorados, o que culminou com uma forte desaceleração e retração da economia (recessão), um pessimismo generalizado na sociedade e nos investidores, e por fim, o aumento da taxa de desemprego.

A situação foi agravada pela queda forçada da taxa Selic em 2011/2012, determinada pela Presidente da República, o que gerou uma inflação muito acima da meta. Sempre é bom recordar que uma redução sustentável da taxa básica de juros, Selic, somente pode ser feita com um rígido controle dos gastos públicos e uma inflação domada, ou seja, num cenário totalmente oposto ao vigente naquela época. Para apimentar ainda mais o cenário desolador, as constantes intervenções federais no setor privado foram desastrosas. O setor elétrico que o diga... Isso sem falar na corrupção disseminada!

Portanto, se para muitos é uma surpresa a atual situação econômica, para outros o cenário vigente era totalmente previsível. Nada além do que está acontecendo hoje. Foi cantada em verso e prosa pelos profissionais mais gabaritados deste país. Basta rever os principais alertas feitos na mídia especializada de 2011 para cá.

Desta forma só existe um caminho para a solução da atual crise econômica: o ajuste fiscal! Sim, ele é muito doloroso e pune todos os setores, mas é o único remédio. Não temos alternativas. As mazelas do Guido foram graves e sufocantes. Ele quase destruiu todas as conquistas sociais e econômicas dos últimos 20 anos. É preciso corrigir os erros o quanto antes. Assim, poderemos retornar aos trilhos e almejar uma economia mais saudável e preparada para um crescimento sustentável nos próximos anos.

Não seja contra o ajuste fiscal apenas por ser contra, seja você simpatizante do Governo Federal ou da oposição. Procure entender o porquê de termos chegado ao fundo do poço... Para um tratamento adequado é preciso um diagnóstico correto e uma conduta terapêutica coerente. Caso contrário, seguiremos cavando o nosso próprio túmulo. Pense nisso!

MJR

domingo, 17 de maio de 2015

Semana decisiva para o IBOV: retomar a alta ou corrigir?




Desde o fundo de março de 2015, o IBOV subiu cerca de 20% (bullish market). Este rali de alta aconteceu praticamente sem descanso no gráfico semanal. Uma correção seria muito saudável para o índice ganhar força e buscar o topo de setembro de 2014 em 62 mil pontos. Contudo com o forte fluxo de investidores estrangeiros comprados o IBOV não “quer” cair. Há 10 dias, no fechamento da semana retrasada, dia 8, o índice sinalizou uma possível correção em virtude de forte sombra superior (ver primeiro candle na caixa vermelha à direita do gráfico semanal - acima). Esta expectativa foi confirmada no início da semana passada, porém o mercado conseguiu se recuperar na quinta e na sexta. Já no fechamento do gráfico semanal temos mais uma candle baixista (sinal do “homem enforcado” – segundo candle na caixa vermelha). Por outro lado, no gráfico diário (abaixo), após o topo em 58.500 pontos o índice corrigiu até a média móvel de 21 períodos (MM21) e sinalizou alta para os próximos dias pelo candle de sexta, 15, mas sem volume financeiro. 


Assim, os gráficos de curto e médio prazo estão momentaneamente discordantes. Qual gráfico seguir?

A tendência do IBOV é de alta nos dois gráficos. Ninguém discute isso.

O gráfico semanal é o mais importante. Também não se discute.

No gráfico semanal o IBOV está sobrecomprado e precisa de uma correção (retorno a média) para ganhar fôlego. Já no diário, o índice já corrigiu e poderia retomar a alta.

Que decisão tomar? Difícil, não? Pior, esta indecisão está na cabeça da maioria dos investidores. O mercado está titubeante. Desta forma, faço os seguintes comentários:

Para os comprados, eu sugiro permanecer na posição “comprada” e aguardar um sinal mais claro de venda no gráfico diário. Como exemplos: a falha na retomada da alta (sombra superior), um dia de forte queda (engolfo de baixa) ou a perda definitiva da MM21.

Para os vendidos ainda não chegou a hora de apostar pesado na queda do índice. O ideal é aguardar.

Para os investidores de longo prazo montar uma estratégia de “hedge parcial” de carteira é uma tática inteligente e conservadora (comprado em ações e vendido parcialmente no IBOV futuro – 50%). Assim, você participa de uma eventual continuidade da alta e se protege parcialmente de uma queda.

Para quem está de fora do mercado de ações, o melhor é aguardar uma provável correção nas próximas semanas. O risco de entrar agora é alto.

Na próxima coluna vou comentar um pouco sobre a situação do IBOV do ponto de vista dos fundamentos. Até lá! 

MJR


* As opiniões postadas no blog são apenas posições do autor sobre o tema, e não constituem em si, recomendações de compra ou venda de ativos.


segunda-feira, 11 de maio de 2015



Feedback do Curso de Análise Técnica

Prezados colegas, como combinado segue uma pequena revisão de dois temas complementares do curso de análise técnica realizado no último sábado.

Principais candles de reversão momentânea de tendência:

A análise de um candle pode mostrar dados relevantes do mercado naquele período. Candles de convicção com boa amplitude, ou seja, com corpo cheio e sem sombras, demonstram força do mercado, seja nos movimentos de alta ou de baixa. Já candles de dúvida (corpo pequeno) confirmam a indecisão do mercado, que posteriormente poderá seguir para qualquer lado. Sombras superiores indicam pressão dos vendedores, enquanto sombras inferiores revelam a presença de força compradora naquele patamar. O estudo isolado do formato do candle pode gerar resultados frágeis e não consistentes em análise técnica, mas associado a outros dados, como tendências, resistências e suportes, pode nos auxiliar na tomada de decisões. Existem inúmeros tipos de candles, por vezes com nomes estranhos. Esqueça os nomes. Não se preocupe em memorizá-los, procure entender o significado de cada um, pois este aspecto é o mais importante! Veja abaixo alguns exemplos.





Entretanto, existem quatro candles de reversão de tendência que devem ser reconhecidos pelo trader. Eles por si só indicam reversão momentânea da tendência vigente. Se acompanhados de volume financeiro ficam ainda mais fortes. São eles:

1 – Harami – Na verdade o harami (“mulher grávida”) é formado por dois candles: o primeiro com grande amplitude e a favor da tendência vigente, e o segundo com menor amplitude e de cor oposta à tendência principal. O corpo do segundo deve estar obrigatoriamente dentro dos limites do corpo do primeiro. Veja abaixo o exemplo. Após a formação do harami (setas verdes) tivemos uma boa sequência de alta nos preços – alta maior que 20%.





2 – Martelo – O Martelo é um candle de alta caracterizado por ausência de sombra superior, corpo estreito e grande sombra inferior (no mínimo duas vezes o tamanho do corpo). Também indica reversão da tendência vigente. Veja abaixo o exemplo. Após o martelo (seta vermelha) tivemos uma alta de mais de 40% no ativo.




3 – Estrela cadente.
Este candle de baixa surge geralmente após vários dias de alta. Ele é caracterizado por grande sombra superior, corpo pequeno e fechamento próximo da mínima (setas laranjas):




4 – Torres gêmeas (Twin Towers) –
Também formado por dois candles. Os dois de grande amplitude; o primeiro a favor da tendência e o segundo contra. Este sinal também indica reversão momentânea da tendência. Veja o exemplo (caixa rosa). Após o Twin Towers houve significativa queda do INDFUT, apesar do baixo volume financeiro. 





Set-up seguidor de tendência – cruzamento das médias móveis:

Recentemente um grande amigo, R. Spenciere, que mora na cidade do Porto em Portugal e opera o INDFUT, desenvolveu uma tática operacional muito interessante para operar o mini-índice do IBOV. Ele fez um “back test” e o set-up se mostrou muito eficaz nos últimos seis anos (2008 a 2014). Ele utilizou o cruzamento de duas médias móveis (MM) exponenciais no gráfico semanal do IBOV (fiz uma pequena adaptação para médias aritméticas). Uma MM de 13 períodos (cor azul) e outra de 7 (cor vermelha). A compra ou venda é baseada exclusivamente no cruzamento entre elas (veja o gráfico abaixo). Se a MM mais curta (7 períodos) cruzar a mais longa de baixo para cima: você deverá comprar minicontratos. Se cruzar de cima para baixo, vender. Simples! É uma bela tática seguidora de tendência: veja o gráfico a seguir. Mas ainda tenho uma crítica: qual o ponto exato de execução do trade? Olhar para os gráficos passados é uma coisa, operar o presente é outra bem diferente. Todavia, como o resultado é muito bom e o cruzamento das MM é ocasional, cerca de quatro vezes ao ano, podemos esperar e confirmar o verdadeiro cruzamento entre elas, e entrar um pouco tardiamente na operação (uma ou duas semanas depois). Este set-up foi testado apenas no IBOV.





Um abraço a todos.

MJR