sexta-feira, 9 de fevereiro de 2024

A volta do Bull Market no Brasil?

 



IBOV e S&P – atualização 9 de fevereiro 2024

Enquanto nos EUA o rally de alta das bolsas de valores, iniciado em outubro de 2023, continua firme e forte, a bolsa brasileira perdeu força em 2024, e amarga mais de 5% de queda desde o topo em 134 mil pontos no final de 2023.

Mais uma vez temos um descolamento (decoupling) entre as bolsas em desfavor para o IBOV. E isso já virou rotina após a crise de 2008. Até quando?

O gestor Rogério Xavier da SPX, em evento dessa semana no BTG, colocou que o principal trigger para o melhor desempenho dos países emergentes virá quando o FED sinalizar diretamente o corte de juros nos EUA – atualmente em 5,25 – 5,50%.

O mercado tinha uma expectativa que o FED Pivot já viria em março, mas pelo jeito ficou mesmo para o segundo trimestre de 2024. A confirmar. E esse, talvez, é um dos principais motivos do atual decoupling entre as bolsas americanas e brasileira.

Todavia, a provável queda de juros nos EUA em 2024 – a inflação americana está próxima da meta de 2% ao ano – e a continuidade da queda da taxa de juros no Brasil vão favorecer o mercado brasileiro. A Selic terminal deverá cair para menos de 9% ao ano em 2024, e ainda não foi precificada pelo mercado.

O Brasil continua barato demais no conceito de vários analistas que acompanham, mesmo com o IBOV próximo de suas máximas – atualmente em 128 mil pontos. A notícia de fechamento de capital da Cielo nessa semana (OPA) é uma prova cabal disso: as ações da Cielo estão muita barata aos olhos de seus controladores – Bradesco e Banco do Brasil.

Outro ponto positivo para o mercado de ações: as novas regras do Conselho Monetário nacional (CMN) para novas emissões de títulos isentos de renda fixa (CRIs, CRAs, LCAs, LCIs, etc.) devem limitar a oferta desses títulos e favorecer a migração do dinheiro para a renda variável. É uma questão de tempo. Além do que, títulos emitidos no passado e com altas taxas de juros vencerão em breve, e provavelmente o investidor optará por outros produtos financeiros.

Curiosamente, mesmo com a queda da Selic, iniciada em agosto passado, a captação de recursos dos fundos de investimentos locais, multimercados e ações, continua escassa. Seguem os saques nesses fundos, o que pressiona mais ainda os ativos locais negociados na B3. Todavia, essa dinâmica está possivelmente perto do fim.

A China continua uma “caixinha de surpresas”, e como dependemos muito dela (nosso principal parceiro comercial do Brasil), ela poderá nos favorecer ou não ao longo de 2024.

E o fluxo gringo? A alta no IBOV observada de outubro a dezembro de 2023 foi impulsionada pelo alto fluxo estrangeiro na B3. Bastou o fluxo minguar em janeiro para o índice brasileiro corrigir.

Quando o fluxo voltará? Impossível saber. Mas ele voltará, é uma questão de tempo. Ciclos são ciclos, como diria Howard Marks.

Na última terça-feira, 06/02, o IBOV disparou mais de 2% e com alto volume financeiro, em sentido contrário ao movimento ocorrido em Wall Street naquele dia. Acredito que seja o primeiro sinal para a retomada do Bull Market no IBOV. Numa próxima pernada de alta o IBOV poderá atingir mais de 150 mil pontos. Será?

Acredito que o feriado de Carnaval limitou o ímpeto dos investidores. Quase ninguém quer ficar posicionado durante o feriado local, haja vista que as bolsas lá fora funcionarão normalmente. Mesmo porque nos últimos anos, desde 2020, a volta do carnaval foi muito ruim para o IBOV.

Posto tudo isto, acho que, apesar do curto prazo ainda muito incerto, teremos um ótimo ano para o IBOV, só não sabemos quando a nova onda compradora começará.  E como quase sempre esses movimentos de alta são rápidos e concentrados em poucas semanas, é melhor o investidor ficar posicionado e aguardar. Sempre com muita cautela, paciência e diversificação.

E os riscos para o Bull Market brasileiro? Cito os três mais relevantes:

Uma correção mais aguda nos mercados americanos deverá nos afetar, mesmo que momentaneamente. Lá, as bolsas estão muito esticadas (o S&P superou os 5 mil pontos nessa última semana e acumula uma alta de mais de 20% desde outubro de 2023, e muita concentrada nas ações das Big Techs). Essa correção virá em algum momento. Ciclos.

Um agravamento das crises geopolíticas vigentes no mundo. Um tema imprevisível e repleto de consequências inesperadas.

Uma piora do cenário político local. Essa variável sempre nos incomodou, sempre nos incomoda, e sempre nos incomodará. Brasil é Brasil, e pronto!

Bom feriado e todos.

MJR

*Disclaimer: esse texto tem apenas um caráter educativo e não é uma recomendação de investimentos. E mais. Investimentos em renda variável podem gerar prejuízos.