quarta-feira, 27 de novembro de 2019

A polêmica da semana: alta do dólar.




“Acostumem com os juros baixos e o dólar caro por um longo tempo”. Essas foram as palavras de Paulo Guedes em evento nos EUA na última segunda-feira à noite.

No dia seguinte, 26/11, o dólar disparou e bateu 4,28 reais, a maior cotação nominal do Plano Real. No fim do dia a moeda americana cedeu, após duas intervenções do Banco Central no mercado à vista, e fechou a 4,24.

Até onde a desvalorização do Real pode chegar? Se o atual cenário econômico no Brasil é muito melhor do que em 2015, por que o dólar continua em alta?

Prever a cotação do dólar é uma missão quase impossível. Devemos assumir a nossa ignorância. Há quem diga que o dólar é o cemitério dos analistas financeiros. Um destruidor de reputações.

Não tenho a menor ideia do valor futuro do dólar, nem para o fim deste ano e muito menos para 2020. Todavia, cito alguns pontos relevantes que norteiam a relação dólar / Real:

1.       A apreciação do dólar é um fenômeno mundial. Praticamente todas as outras divisas perderam valor frente à moeda americana em 2019. “Economia forte é igual moeda forte”, como dizem por aí. A economia americana continua com excelente desempenho.

2.      
As recentes manifestações populares em países vizinhos da América Latina e a eleição na Argentina ajudaram na desvalorização das moedas dos países emergentes, incluindo o Brasil.

3.      
A forte queda dos juros no Brasil tem significativa contribuição na desvalorização do Real. Antes os investidores tomavam dinheiro emprestado nos países desenvolvidos (a juros muito baixos) e aplicavam na renda fixa por aqui, o chamado “carry trade”, e ganhavam no diferencial das taxas de juros. Porém, com a queda da Selic, a operação já não faz mais sentido (maior risco), acabando com a “mamata” dos estrangeiros, e, por conseguinte, determinando a saída de dólares do Brasil (e não fará falta: capital puramente especulativo).

4.      
Em 2019, o Governo Federal está negativo em “conta corrente”, isto é, grosso modo, com déficit em dólares, o que gera maior pressão sobre o câmbio.

5.      
Com os juros reduzidos no Brasil, várias empresas trocaram suas dívidas em dólares por financiamentos locais. Mais uma vez, a maior saída de dólares gera desvalorização do Real.

6.      
Esperava-se que o leilão da sessão onerosa do pré-sal promovesse uma entrada de dólares no país, o que não ocorreu.

7.      
Em 2019 o estrangeiro continua afastado da bolsa brasileira, a B3. A alta foi concentrada em investidores locais.

8.      
A moeda americana é um hedge natural para os investimentos no Brasil. Compra-se bolsa e compra-se dólar também, em menor proporção, é claro: proteção de carteira.

9.      
Por outro lado, vários bons analistas e gestores que sigo, acreditam que o câmbio atual, por fundamentos econômicos, deveria estar entre 3,90 e 4,10 reais, abaixo da cotação atual.

10.  
E mais, em 2020, a melhora do PIB e a aprovação de novas reformas poderão fortalecer o Real. Mas é impossível prever o momento que isso acontecerá.

Posto isso, “acostume-se com o dólar caro”, pelo menos nos próximos meses. E mais. Mantenha uma pequena parcela do seu portfólio aplicado em dólares. A combinação de ouro e dólar é a melhor opção para proteger seus investimentos.

MJR

sábado, 23 de novembro de 2019

IBOV retoma a alta.




Como previsto, o IBOV após romper o topo histórico no final de outubro, buscou os 110 mil pontos no começo de novembro, 109.671 para ser preciso, e depois recuou nas últimas semanas. Uma correção natural! 

Encontrou suporte na faixa dos 105 / 106 pontos (antigo topo histórico), e desde a última quinta-feira (21) subiu fortemente, mais de 2,6% em dois dias.

O índice está seguindo à risca o Bull Market. Ao que tudo indica buscaremos os 113 a 115 mil pontos ainda neste ano – projeção de Fibonacci. E melhor. Não descarto uma esticada ainda maior até os 120 mil pontos.



Sempre é bom ressaltar que até o momento os estrangeiros ainda entraram na bolsa brasileira. A alta do IBOV está concentrada nos investidores locais. Mas, segundo reportagem da Infomoney desta semana, vários bancos americanos importantes já indicaram exposição à bolsa brasileira acima da média.

No cenário doméstico a situação está ficando cada vez melhor. No mês de outubro tivemos a maior criação de empregos para o mês nos últimos tempos. Os números da produção industrial também foram ótimos. É a economia local mostrando sinais claros de reação.

Mais uma vez, repito, o ano de 2020 pode surpreender muita gente. Um crescimento do PIB acima dos 4% é possível. Aguardemos.

Um acordo comercial temporário entre os americanos e os chineses pode sair a qualquer momento, e isso favorecerá os países emergentes.

Outro ponto importante: nos últimos meses as ações de empresas médias e pequenas estão com desempenho superior às blue chips, e isso é mais uma prova do apetite do investidor. Num Bull Market, primeiro andam as grandes empresas e depois as outras. Assim, diversifique seu portfólio. 

Uma maneira fácil de investir em pequenas empresas é comprar o ativo SMAL11, que é um ETF de pequenas empresas. Você investe em várias empresas comprando apenas um ativo.

Ainda vejo como maior risco o cenário externo: final do ciclo de alta nos países desenvolvidos (o mais longo da história), o menor crescimento global, as eleições americanas em 2020 e o acirramento da guerra comercial EUA-CHina.

Um risco possível, mas ainda improvável, é uma “contaminação” no Brasil das recentes revoltas populares em países vizinhos. Um quadro mais sério poderia aniquilar a retomada do crescimento no Brasil. Mas, ao que tudo indica, essa possibilidade, por enquanto, me parece remota. Tomara.

MJR