terça-feira, 22 de novembro de 2016

IBOV - Análise Técnica: 22 de novembro de 2016

No último post, prometi que escreveria sobre a situação gráfica do IBOV. Antes, gostaria de comentar três aspectos:

1 = As bolsas americanas estão em níveis recordes. Hoje, 22/11, o DJI bateu 19 mil pontos: primeira vez na história (veja). O S&P também atingiu sua máxima histórica. As bolsas americanas sobem mais de 5% desde a eleição de Trump. O presidente eleito prometeu aumentar fortemente os gastos em infraestrutura, o que favorece o crescimento econômico e o lucro das empresas. Por outro lado, isso gera inflação e aumento de juros por lá. A continuidade da alta poderá impulsionar o nosso mercado.



2 = Um novo acordo na OPEP impulsionará a cotação do petróleo. O barril Brent está cotado a 48 dólares.

3 = O preço do minério de ferro disparou nas últimas semanas na China – mais de 70 dólares a tonelada. Assim, as ações de mineradoras e siderúrgicas subiram fortemente.

Posto isto, comento o IBOV:

1 = Num primeiro momento, o IBOV caiu mais de 8% após a eleição do Trump, de 65 para 59 mil pontos. Contudo nos últimos pregões, o índice teve boa recuperação (cotado a 61.800 pontos no momento que escrevo).

2 = Comentei no post do último domingo que vivíamos um ótimo momento para aumentar as posições em bolsa. E continuo com a mesma opinião, especialmente visando o longo prazo. E o curto prazo?



3 = No dia de hoje, no gráfico diário (acima), o IBOV voltou a subir e tocou a média móvel de 21 períodos em 62.500 (seta vermelha), um importante obstáculo, e sentiu (recuou). Se rompesse (ou se romper amanhã), abriria espaço para buscar novamente os 65 mil pontos, e depois a minha meta do ano, em 68/69 mil pontos. Contudo, o mais provável é que o IBOV recue nos próximos dias e volte a testar o patamar dos 58 mil pontos (seta azul menor), sem perdê-lo, para depois subir com mais confiança. O repique dos últimos dias aconteceu com baixo volume financeiro o que favorece esta hipótese.

4 = Já no gráfico semanal temos uma semana decisiva. Após marcar o topo ano em 65 mil pontos, há três semanas, o índice corrigiu até a média de 21 períodos e fez um candle de indefinição na semana passada (veja). Hoje superamos a máxima da semana passada. Se nesta semana o IBOV não perder a mínima da semana prévia (58.300) e fechar a semana próximo da máxima, o caminho estará aberto para o rally de alta do fim de ano: rumo aos 68/69 mil.



5 = A perda dos 58 mil pontos não está totalmente descartada. Isto poderá ocorrer se as bolsas lá fora corrigirem e as commodities recuarem. De qualquer forma, o IBOV tem outro fortíssimo suporte em 56/57 mil pontos. Acho muito difícil perdê-lo em 2016, mas tudo é possível.

Importante: sempre comento que as oscilações de curto prazo têm pouca importância para os investidores de longo prazo. Não tente adivinhar o fundo do IBOV, compre em parcelas. Caiu, comprou: o viés de longo prazo ainda é de alta e isso é o mais importante. Aproveite.

MJR

domingo, 20 de novembro de 2016

Trump: a histeria do mercado e as oportunidades de investimentos



É muito interessante como o mercado financeiro reage a alguns fatos. Por vezes reage timidamente, por outras exagera na dose: uma personalidade tipicamente maníaco-depressiva. Um insano.

Quase ninguém esperava a vitória de Donald Trump, mas as chances dele, antes do pleito, não eram desprezíveis: 20 a 30%, no mínimo. Assim, apesar da surpresa, era uma hipótese plausível e que deveria estar parcialmente precificada nos vários ativos.

A eleição de Trump poderá mudar muita coisa no mundo, seja na esfera política ou econômica. É provável também que no futuro possamos sentir algum efeito no Brasil, bom ou ruim, ainda não sabemos. Contudo, um fato é certo: de imediato o resultado da eleição americana tem pouquíssimo efeito por aqui. O nosso calvário tem causas internas: o descontrole fiscal do lulopetismo, a corrupção generalizada e as incertezas políticas dos últimos anos. Somente sairemos da crise, se as medidas do ajuste fiscal forem executadas integralmente. A PEC 241 é apenas o começo. Caso contrário, a situação financeira atual do Estado do Rio de Janeiro poderá se alastrar pelo Brasil... Por enquanto, esqueçamos as bravatas ultranacionalistas de Trump.

Desde o dia 9 de novembro, os juros futuros (DI) subiram de 11,20 para 12,20% ao ano (100 pontos-base em menos de duas semanas), o dólar futuro disparou de 3,20 para 3,40 reais e a bolsa brasileira despencou quase 8%. Uma reação extremamente exagerada e, do meu ponto de vista, sem sustentação no médio prazo. Assim, o mercado criou uma bela janela de oportunidade para os investidores de longo prazo: comprar bons ativos a preços ainda mais camaradas.

Várias ações na Bovespa e o próprio índice estavam extremamente esticados – sobrecomprados. Eles precisavam de uma correção saudável. E ela veio. Pode cair mais? Claro que sim. Ninguém pode garantir que não. Mas uma coisa é certa: a assimetria atual é muito positiva para os investidores de longo prazo. Pouco espaço para quedas acentuadas e um enorme caminho para novas altas.

Esta premissa também é válida para os títulos prefixados e indexados à inflação do Tesouro Direto. A recente disparada dos juros é insustentável. A inflação está em franca desaceleração e, por conseguinte, a Selic continuará caindo. Talvez o ritmo de queda possa ser mais lento após a eleição de Trump, mas o ciclo de redução da Selic continuará, inexoravelmente. Já para a cotação do dólar, por enquanto, o melhor é aguardar. O cenário ainda é muito incerto.

Não perca a oportunidade de aumentar suas posições em renda variável: bolsa e juros prefixados. Um verdadeiro presente de Natal.

MJR


** no próximo post vou comentar sobre a situação do IBOV, do ponto de vista da análise técnica. 

quarta-feira, 9 de novembro de 2016

Trump venceu. E agora, o que fazer com seus investimentos?



Acompanhei durante a madrugada a apuração dos votos da eleição americana. Contrapondo todas as previsões das pesquisas, o folclórico bilionário venceu, e com certa tranquilidade, desde o início da contagem dos votos. 

A reação das bolsas mundiais foi imediata ao longo da madrugada. Tóquio despencou mais de 5% e os futuros americanos atingiram queda de 5%, gerando um circuit breaker (paralisação das negociações).

Logo após o discurso da vitória do magnata, num tom mais conciliador, os mercados reagiram bem, recuperaram as perdas, e o Dow Jones opera em alta de mais de 1,3% no momento em que escrevo.

Aqui, não foi diferente. O IBOV abriu em forte queda e reduziu a pressão vendedora ao longo do dia (queda de 1% às 17 horas; ante 3,5% após a abertura).

O dólar abriu em forte alta e cedeu parte dos ganhos durante o dia.

No curto prazo o efeito Trump foi muito fugaz e não devemos ter novidades nos próximos dias. Já para o longo prazo, a situação é muito incerta. Qual Trump governará os Estados Unidos, o da campanha, com propostas estapafúrdias, ou aquele do discurso pós-eleição? Não tenho a resposta, mas em virtude da solidez das instituições americanas, acredito que ele fará um governo mais previsível, sem solavancos. Porém, somente o tempo nos confirmará esta premissa.

Desta forma, para o final de 2016, se o processo de aprovação da PEC não apresentar surpresas no congresso, a bolsa brasileira deverá subir e o dólar tende a recuar um pouco ou operar próximo da estabilidade.

Para o IBOV, pela reação de hoje, não acredito em correções mais agudas, além dos 58 / 60 mil pontos. Meu alvo para 2016 continua em 68 /70 mil pontos. Um potencial de retorno em 10% (IBOV atualmente em 63 mil). Alguns analistas esperam por uma alta ainda maior. Será?

Os juros futuros também devem ceder em breve pela desaceleração inflacionária e pela maior estabilidade política, o que favorece os títulos públicos prefixados e indexados à inflação.


MJR