quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

Entre o céu e o inferno


No último post prometi que apresentaria a minha perspectiva gráfica do IBOV para o ano de 2014. Antes, alguns breves comentários. Para muitos a análise técnica é mera especulação, bruxaria, quase surrealista. Posso garantir: não é. Ela é utilizada por mercadores e analistas há séculos nos diferentes setores da economia. A premissa principal é de que o comportamento dos preços de um ativo no presente e no passado poderá indicar o futuro. Sendo assim, como os gráficos influenciam na dinâmica dos preços?... Apesar de não serem a causa básica da movimentação dos preços, eles influenciam e muito seu comportamento. Fazendo uma breve analogia, a análise gráfica é o combustível extra de uma combustão já deflagrada. Desta forma, uma boa notícia pode ser alimentada se graficamente for uma boa oportunidade, por exemplo, o rompimento de uma resistência. Por outro lado, uma má notícia acompanhada de uma perda de suporte nos gráficos, geralmente provoca uma queda avassaladora nos preços! Portanto, os gráficos mostram os rastros das boas notícias e dos bons fundamentos, bem como das situações opostas. O pequeno investidor deve seguir o caminho dos detentores das boas informações. Esta é a lógica!

Bom, voltemos ao tema central do artigo. O título já fala por si: o ano de 2014 será marcado pela alta volatilidade. Preparem-se para o combate! Os fatores macroeconômicos já foram comentados nos posts anteriores. Os dados gráficos também serão determinantes. Então, vamos por partes:



Desde o topo triplo de 2010 estamos numa longa e tenebrosa tendência de baixa no gráfico mensal – o mais poderoso de todos os gráficos, pois mostra a tendência de longo prazo. Após a desastrosa sequência de seis meses consecutivos de baixa no primeiro semestre de 2013, algo raro no IBOV, tivemos quatro meses seguidos de alta, e agora terminamos os dois últimos meses em correção (queda). É verdade, o ano não acabou e o mês de dezembro ainda tem três pregões, mas provavelmente eles não mudarão as minhas perspectivas. Assim, temos a possibilidade de três cenários principais para 2014: 



O céu. O comportamento dos preços no segundo semestre de 2013, poderia estar nos preparando para quebrar a longa e cansativa tendência de baixa vigente. Então o que o índice precisa fazer para confirmar esta virada?... Primeiro, respeitar o suporte em 49 mil pontos, que corresponde à correção de 61,2% (Fibonacci) da última perna de alta (julho a outubro de 2012); Segundo, superar a máxima de outubro de 2012, cerca de 56.700 pontos. Caso isto ocorra formaremos um pivot de alta no gráfico mensal, o que poderia levar o índice a 62 e 70 mil pontos (projeção de Fibonacci). E melhor. Neste cenário estaríamos flertando com o topo histórico em 73.920 pontos. O rompimento do mesmo poderia abrir caminho, a partir de 2015, para um longo e sustentável  movimento de alta, semelhante ao ocorrido de 2003 a 2008, alta de mais de 700%. O verdadeiro paraíso!



O inferno.  Neste hipotético cenário, o movimento de alta visto a partir de julho do ano passado teria sido apenas um repique do índice após a derrocada do primeiro semestre. Desta forma, o provável seria perder o suporte em 49 mil pontos, dando continuidade à tendência de baixa e caminhar a passos largos para a porta do inferno: o fortíssimo suporte em 44 mil pontos (mínima de 2012). A perda deste patamar seria um desastre! ... Os objetivos? 37 mil e 25 mil pontos por Fibonacci, e 29 mil pelo fundo de 2008. Desta forma a queda poderia chegar a 50%. Uma pancada! Protejam-se...



A terceira via: entre o céu e o inferno. A possibilidade de um fundo duplo em 44 mil pontos e o não rompimento da forte resistência em 56.700 pontos poderá levar o índice a uma cansativa congestão entre os dois patamares. Ou seja, mais um ano de lengalenga!

Agora, a pergunta que vale milhões de dólares: qual é o caminho mais provável?...  Não tenho a resposta, aliás, ninguém tem. No mercado financeiro não existem certezas, e sim probabilidades! Porém, atualmente, 25 de dezembro de 2013, paradoxalmente, o mais provável é o caminho para o inferno. Todavia, como já dissemos, tudo vai depender dos aspectos macroeconômicos e dos fundamentos das empresas listadas no IBOV. Os gráficos serão apenas o gatilho para acelerar os movimentos descritos. O mais importante é gravar na memória os importantes patamares referidos, e investir de acordo com a evolução do índice durante o ano.

É importante salientar que mesmo em cenários de forte queda do IBOV, o pequeno investidor pode proteger sua carteira de ações através de simples ferramentas de hedge, como exemplo, vendendo o mini-índice futuro do IBOV. Basta um pouco de conhecimento e estudo. Recentemente, ministrei uma aula com este propósito e um fato me surpreendeu: pouquíssimos investidores autônomos conhecem estes mecanismos, o que é muito preocupante. Aguardemos o ano de 2014...


Feliz Natal e um Ótimo Ano Novo para todos, com muita saúde, paz e sabedoria! 
MJR


quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

O que esperar de 2014?

Poderia responder em poucas palavras: não será um ano fácil para o investidor da bolsa. As razões? Inúmeras... Estamos num transatlântico à deriva. Pior. Sabe quem é o capitão? Não, não é o Schettino do Costa Concórdia que naufragou na costa italiana em 2012. Muito pior. É ele mesmo, o profeta: Guido.

O ano de 2013 foi um desastre para o pequeno investidor no mercado de ações. Até agora, cerca de 20% de prejuízo, sem contar o custo de oportunidade. Até mesmo para os investidores profissionais, o ano não foi fácil. As curtas tendências dos ativos eram interrompidas bruscamente. O descolamento da bolsa brasileira em relação às principais bolsas internacionais foi outro agravante perturbador. Antes, quando lá subia, aqui seguíamos. Quando lá caía, o nosso rumo era o mesmo.  Este ano foi um descompasso total. Enquanto o índice Dow Jones subiu mais de 20% este ano, aqui despencamos o mesmo montante. O ano de 2013 foi desafiador e complexo...

Os problemas que afetaram a Bovespa em 2013 continuam em pauta e são os mesmos já comentados: inflação persistente, crescimento pífio do PIB, carga tributária excessiva, aumento abusivo dos gastos públicos, queda nos investimentos, intervenções constantes do Governo no setor privado e, o mais grave, a total perda de confiança por parte dos investidores em relação ao Governo Federal. O atual Governo conseguiu destruir em poucos anos o longo trabalho iniciado há 20 anos, com a criação do Plano Real.
Para apimentar ainda mais o cenário nebuloso, no próximo ano teremos a redução dos estímulos da economia americana por parte do Federal Reserve e um grande fator agravante: 2014 é um ano eleitoral. A volatilidade no mercado de renda variável deverá ser fenomenal. Assim, para quem não gosta de turbulências e é mais conservador, o melhor mesmo é ficar de fora. Sugestão: faça a migração de seus investimentos para os títulos do Tesouro Direto, pois eles terão um bom desempenho nos próximos anos, especialmente as Notas do Tesouro Nacional Série B e as Letras do Tesouro Nacional. Para quem tiver estômago e conhecimento, acredito que teremos boas oportunidades pontuais no mercado de ações, sempre explorando a volatilidade do mercado, haja vista que a possibilidade de um cenário direcional consistente é remota. Outra possibilidade é uma criteriosa seleção de ativos. Todavia... 

Três fatores poderiam desencadear o retorno dos investidores e, por conseguinte, um forte movimento de compra das ações brasileiras:
1 = Uma drástica mudança de postura do Governo Federal, corrigindo os erros e, principalmente, promovendo a troca da equipe econômica. O mercado já sinalizou que com o Profeta não tem mais conversa. Basta! Contudo, acho muito difícil que a “Presidenta” tome esta decisão.
2 = Uma melhora significativa e sustentável dos indicadores econômicos. O que também não é provável no curto prazo.
3 = Por último, uma eventual vitória da oposição no pleito presidencial poderia animar o mercado e renovar as esperanças dos investidores. Porém, este talvez seja o acontecimento mais improvável, pois a chance da oposição ganhar é quase nula. Aliás, cadê a oposição neste país? ... Por incrível que pareça, as pesquisas continuam indicando que a “Presidenta” deverá ganhar facilmente. O povo merece seus mandatários. Vivemos numa democracia de pão e circo, ou melhor, Bolsa Família e Copa. Apenas uma verdadeira revolução educacional poderia mudar esta triste realidade.

Desta forma, o prognóstico para a economia brasileira em 2014 é sombrio (espero estar errado!). O duro é lembrar que, se o Governo Federal tivesse feito o dever de casa, poderíamos estar numa situação muito melhor, surfando numa bela onda do desenvolvimento, o que seria bom para todos os brasileiros, sem exceção!
Aproveito a ocasião para desejar a todos um Feliz Natal, além de muita paciência e sabedoria para enfrentar o difícil ano vindouro para o mercado de ações.
No próximo post escreverei sobre a perspectiva gráfica para 2014.
Boas festas. Tintim!

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

O Profeta – Guido Mantega e suas falácias


O nome já não é muito confiável, parece mais uma personagem de desenho animado, mas o discurso dele é imbatível: um lixo! Eu diria que o Ministro da Fazenda é um verdadeiro profeta, porém às avessas! Todas as suas previsões são um fracasso. A incompetência dele é ímpar. Recentemente li numa reportagem o seguinte título: quer perder dinheiro, aposte nas previsões do Guido... Parece piada de mau gosto, mas é incrível como tudo no Governo Federal está saindo errado. Há 12 meses, uma renomada revista internacional (The Economist) ironizou o Ministro e sugeriu que a solução para a economia brasileira e, principalmente, para a crise de confiança do mercado financeiro nacional era a sumária demissão do profeta governamental. Em nome da soberania nacional a “Presidenta” manteve o companheiro no cargo. Com isso, estamos cada vez mais atolados na mesmice e na estagnação.

Vamos relembrar últimos principais fatos econômicos:
1 – A reunião do Conselho de Administração da Petrobrás ocorrida na última sexta-feira de novembro foi um desastre. Resultado: a empresa perdeu em apenas um dia mais de 24 bilhões de valor de mercado. Curiosidade: você sabe quem é o Presidente do Conselho da Petrobrás?... Ele mesmo, o profeta. Só mesmo no Brasil para o ministro da “economia” ser também o Presidente do Conselho de Administração da maior companhia de capital aberto do país. Haja conflito de interesse. Uma verdadeira facada nas regras de compliance.
2 – O PIB do terceiro trimestre foi melancólico: queda de 0,5% em relação ao trimestre anterior. Sem comentários.
3 – O Superávit Primário está cada vez mais fraco. Vamos aguardar qual será a próxima artimanha do profeta para mudanças nos cálculos do superávit, no sorrateiro intuito de mascarar os frágeis números das contas públicas. O profeta tem convicção que engana o mercado.
4 – E a inflação? Continua firme e forte, no teto da meta. Só não ultrapassou a meta em virtude das constantes interferências do Governo segurando as tarifas públicas.

Assim, está muito difícil desejar um Próspero Ano de 2014 para a economia brasileira. Provavelmente, será mais, do mesmo. Triste perspectiva!
Esperemos a próxima mazela do nosso glorioso “profeta”...

MJR

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

A Selic, a inflação e você!


Taxa Selic... Que coisa é essa? Infelizmente, a maioria da população brasileira não tem a mínima noção do que se trata. A taxa básica de juros de um país, Selic, aqui no Brasil, é determinada pelo Banco Central (BACEN) e rebalanceada em média a cada 45 dias. A importância dela é fenomenal. E é para todos os brasileiros, sem discriminação. Baseado nela, temos a correção das aplicações em poupança, fundos de investimentos referenciados em DI e títulos do Tesouro Direto, dentre outros. Basicamente, o rendimento de todos os investimentos está vinculado à Selic, de uma forma ou de outra. Por outro lado, o crédito bancário também é atrelado à Selic. Quanto mais elevada, maior será a taxa de juros que você paga no cartão de crédito, no cheque especial, no financiamento imobiliário, no financiamento de um carro ou num crédito pessoal. Desta forma, o crédito mais caro e escasso é um poderoso instrumento contra o persistente processo inflacionário. Quem viveu os tempos de hiperinflação sabe que a inflação é o pior dos “tributos”, especialmente para as classes mais humildes!
Na última semana o BACEN anunciou que a taxa voltou aos dois dígitos (10%), após quase dois anos, o que provocou a ira de alguns setores da economia, especialmente dos ruidosos sindicalistas. É bom lembrar que poucos meses atrás a taxa era de “apenas” 7,25%. Uma alta de quase 40% em menos de um ano. Atualmente temos a maior taxa real de juros, cerca de 4% (a taxa real de juros é obtida descontando da taxa nominal, hoje em 10%, a inflação, estimada em 6%; na China é de 3,1%, o segundo colocado no ranking).
Portanto, concordo que a taxa é alta, porém este amargo remédio se faz necessário. Na verdade, ele já deveria ter sido prescrito há mais tempo. O Governo Dilma, que é marcado por autoritarismo, populismo, negligência e ineficiência, com o pretexto de estimular um forte crescimento da economia e apoiado pelos estridentes “companheiros”, ordenou a queda da taxa de juros na “marra”, mesmo com os fortes indícios da escalada da inflação. Moral da estória: atualmente temos um crescimento pífio do PIB, uma inflação alta e resistente, um governo atônito, um Ministro da Economia soltando bravatas e mais bravatas, e agora a cereja do bolo, uma generosa taxa de juros; uma salva de palmas para a nossa “Presidenta” e seus fatídicos companheiros.
É óbvio que existem outros mecanismos de controle da inflação, porém o Governo Dilma insistiu em não tomar as medidas corretas. Os gastos públicos estão em patamares nunca vistos, nem o Super Lula conseguiu tal proeza. Mesmo com o constante aumento da arrecadação – o Brasil tem uma das maiores cargas tributárias do mundo – o superávit primário divulgado nesta semana teve o pior desempenho desde 2004. Para quem não se lembra, o superávit primário representa o saldo positivo das contas do Governo Federal, subtraindo da arrecadação, os gastos públicos; isso sem contar o pagamento dos juros da dívida. Este tipo de situação provoca uma desconfiança generalizada dos investidores, locais e estrangeiros, o que é péssimo para o crescimento do país, pois o retorno dos investimentos é imprescindível para a recuperação da cambaleante e desacreditada economia brasileira.
Assim, é preciso entender que não se baixa os juros no grito; é preciso que o Governo Federal tome medidas sérias e prolongadas, no intuito de preparar o terreno para tal situação. Países do Primeiro Mundo têm uma taxa básica de juros próxima a zero, e uma inflação controlada. A Alemanha é um grande exemplo. Como os alemães conseguem?... Fazendo o dever de casa. Gestão, eficiência, combate à corrupção e controle rigoroso dos gastos públicos. É bom lembrar que no último século, os alemães foram derrotados em duas guerras mundiais, e mesmo assim, se recuperaram e hoje representam o terceiro maior PIB do mundo. Que inveja!

Cansei do PT...


segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Cadê os investidores da bolsa?


Ao ler a reportagem abaixo, mesmo que não tenha mostrado nenhuma novidade, fiquei muito inquieto ao recordar da vexatória realidade do mercado nacional de ações. Menos de 0,3% dos brasileiros investem diretamente na bolsa – a “seleta” população carcerária é maior. Nos Estados Unidos mais de 65% da população investe em ações. Por que tanta discrepância? Quem são os verdadeiros culpados desta medíocre participação da população no mercado de capitais?... Veja alguns pontos e você verá que todos são culpados, desde o Governo Federal até os pequenos investidores.

1. É fato que um forte e sólido mercado de capitais é primordial para o sucesso de qualquer país. Através do mercado primário (IPO), as empresas captam recursos financeiros “baratos” para os novos investimentos, que geram riqueza, crescimento, impostos, empregos e bem estar da população. Todos ganham. Sem o mercado de ações, as companhias precisam tomar empréstimos nos bancos, pagando juros abusivos, ou serem subsidiadas pelo BNDES. Neste último caso quem paga a conta? É claro, o contribuinte!

2. O Governo Federal tem muita culpa, pois vive se intrometendo onde não deve, gerando incertezas e desconfiança dos investidores – a derrocada do setor elétrico é o caso mais recente. Uma crise de credibilidade é o pior cenário para se investir num país... Ao invés de cometer as sucessivas mazelas, o Governo deveria se preocupar em promover incentivos, baixando os impostos, especialmente para os investimentos de longo prazo, além de criar outros benefícios fiscais para o mercado acionário. Atualmente, a abertura de capital por uma empresa é extremamente onerosa e inviável para a maioria das pequenas empresas. 

3. Especulação. No Brasil, infelizmente, o efeito especulativo inerente ao mercado de renda variável, é muito exagerado. A maioria dos participantes, pessoas físicas, instituições financeiras, estrangeiros, pequenos e grandes investidores, pensa apenas no curto prazo, o que é trágico para o sucesso da bolsa no longo prazo... A volatilidade é incrível: o preço de uma ação pode oscilar 40% numa semana. Eu pergunto: qual a mudança de fundamento de uma empresa que tem o poder de alterar o valor de uma ação de um dia para o outro nesta magnitude? É óbvio, nenhum.  Tudo não passa de uma “manipulação suja” promovida pelos grandes investidores (é verdade, quase sempre dentro da lei), sedentos por lucros de curto prazo.
  
4. A Bovespa também é culpada. Em nome da “transparência”, ela frequentemente cria mecanismos que favorecem o processo especulativo.  Foi assim, com as ações da Eletropaulo e da OGX. Outra coisa, há 5 anos a direção da Bovespa tinha o objetivo de alcançar 5 milhões de investidores até 2014, hoje em menos de 600 mil, mesmo patamar de 2008. Cadê os investidores?... No mínimo faltou competência em buscar o objetivo traçado.

5. A Comissão de Valores Mobiliários tem culpa? Difícil afirmar; mas o caso da OGX é no mínimo suspeito. Será que todas as falsas perspectivas da empresa passaram despercebidas pelo orgão durante os últimos anos?... É sempre bom relembrar que a CVM deveria fiscalizar as companhias e seus balanços, garantindo a transparência do mercado e o direito dos minoritários.

6. O pequeno investidor também não está isento de culpa. Os motivos? São vários, veja:

O brasileiro não tem a cultura de investimentos. Fomos ludibriados nas últimas décadas pela facilidade dos lucros obtidos em investimentos em renda fixa. Todavia, a festa do lucro fácil e sem risco está acabando!
O pequeno investidor não tem o conhecimento necessário para enfrentar o mercado financeiro. Aqueles que se aventuram, perduram por muito pouco tempo.
Sofre do mesmo mal que os grandes investidores: almeja ganhar apenas no curto prazo. Como não tem experiência, são raros os casos de sucesso. A maioria dos brasileiros sequer tem dinheiro para investir e comumente estão atolados em dívidas.

7. Desta vez, nem podemos colocar a culpa nas crises externas, pois lá as bolsas estão batendo recordes e mais recordes. Algumas economias, como a americana, estão em plena recuperação.

Assim posto, fica fácil entender por que o IBOV não sai do lugar: incompetência do Governo Federal e da Bovespa, a ganância dos investidores e a falta de educação financeira dos brasileiros. Qual o prognóstico?... Se nada for feito, sombrio. Lamentável! MJR

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

E agora José... O que fazer no mercado de ações neste “restinho” de ano?


Alguns convivas mais próximos, e mais “desesperados”, que operam na Bolsa de Valores me perguntaram nos últimos dias, o que fazer diante das últimas turbulências no mercado de ações. A minha resposta: depende... Como assim? Depende do horizonte do seu investimento.

Curto prazo
Quem está fora, melhor permanecer assim, pois o IBOV continua patinando na faixa entre os 52 e 57 mil pontos (reveja meu comentário do dia 27 de outubro no blog). Para quem está fora e “doido” para entrar espere o próximo recuo, que acontecerá em breve – talvez nesta ou na próxima semana!
Quem está comprado, como eu, mantenha-se firme! Exceto, se perdermos definitivamente os 52 mil pontos. Obs.: nos últimos dias 12 e 13 de novembro houve uma falsa perda de suporte em 52 mil pontos do IBOV, o que provocou algumas “violinadas” (stops automáticos – a ação perde o suporte e é vendida, para depois voltar a subir. E o investidor, como fica? P. da vida, mas, paciência, acontece!).
Os objetivos de curto prazo? Os mesmos referidos anteriormente, ou seja, 61, 63 e 69 mil pontos (veja gráfico semanal abaixo). Passadas três semanas do meu último comentário, acho difícil buscarmos o patamar de 69 mil pontos, todavia ainda acredito no fechamento do IBOV por volta de 63 mil pontos em 2013. Lembre-se de que as bolsas lá fora estão em alta e a sazonalidade (final de ano) ajuda o cambaleante IBOV.

Longo prazo
Vejo ótimas oportunidades. Temos boas ações a preços camaradas. Uma carteira bem selecionada e diversificada poderá ter retorno expressivo nos próximos anos. Certeza? Nenhuma, apenas uma expectativa! É possível que tenhamos também um ano complicado em 2014, especialmente por se tratar de um ano eleitoral. Os problemas que afetaram a Bolsa em 2013 continuam a perturbar: aumento dos gastos do Governo Federal, inflação em alta, desconfiança dos investidores, etc. Em contrapartida, algumas companhias nacionais listadas na bolsa começam a mostrar bons resultados e outros ativos estão baratos.

Desta forma, fica claro que não existe uma receita de bolo para a questão. É preciso avaliar todas as variáveis, mesmo porque, existem outras opções no mercado, com bom retorno financeiro e menor risco, pelo menos até as incertezas se dissiparem. 
Voilà! MJR


terça-feira, 5 de novembro de 2013

Onde garantir seu futuro: Tesouro Direto ou Previdência Privada?


O que são?
A Previdência Privada Complementar (PPC) é uma modalidade de investimento que visa o complemento da previdência pública (INSS). É oferecida por várias instituições financeiras, bancos e seguradoras, e é regulamentada pela SUSEP – Superintendência de Seguros Privados – orgão do Governo Federal, o que teoricamente garante transparência e segurança. Apesar desta regulamentação, o dinheiro investido não tem garantia do FGC (Fundo Garantidor de Crédito), assim é preciso escolher com cautela a instituição, optando pelos agentes financeiros mais sólidos, tradicionais e com bom histórico no mercado. A PPC funciona como um fundo de investimento, onde várias pessoas podem ingressar individualmente num determinado plano, com o intuito de obter uma renda no futuro. Apesar de o produto ser oferecido de forma coletiva, o investimento é totalmente individual e nominal, porém a gestão do dinheiro é compartilhada. Desta forma, a administração do dinheiro fica a cargo de um gestor profissional, seguindo as diretrizes de investimento do regulamento específico daquele plano. Uma característica peculiar do plano de PPC é que o contribuinte numa data futura, pré-acordada, poderá optar por passar a receber uma renda vitalícia mensal ou pelo resgate total do montante acumulado. É óbvio que o futuro rendimento mensal dependerá do tempo de contribuição, do total acumulado e da expectativa média de vida do contribuinte a partir do início do benefício. 

O Tesouro Direto (TD) é um programa do Tesouro Nacional do Governo Federal em parceria com a Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia (CBLC), criado em janeiro de 2002 com o intuito de facilitar o investimento da população em títulos públicos emitidos pelo Governo Federal. Anteriormente, a população somente podia comprar títulos indiretamente através de fundos de investimentos baseados nestes títulos. Desde então, é possível adquirir os títulos de maneira fácil e segura, através da internet. Os títulos públicos também não têm garantia do FGC, porém são garantidos pelo Governo Federal, sendo assim os ativos de mais baixo risco do mercado.

Como investir?
Os planos de PPC são oferecidos pelas diversas instituições financeiras. Basta um rápido cadastro de adesão e a assinatura do regulamento do plano, onde constam as diretrizes e todas as informações sobre o plano escolhido. De uma forma geral, exige-se uma contribuição inicial e depois aportes mensais fixos. O investidor pode solicitar a suspensão temporária do aporte mensal a qualquer momento, sem prejuízo. Importante: ao aderir ao plano, não se esqueça de nomear seus beneficiários e suas respectivas porcentagens.

Os títulos do TD podem ser comprados diretamente no site do Tesouro Nacional ou através de um agente custodiante integrado, porém sempre é necessário que o cliente tenha um cadastro prévio numa corretora credenciada pela CBLC, o que hoje pode ser feito rapidamente pela internet, sem burocracia. Os títulos podem ser comprados diariamente, sendo um processo muito simples. A partir de 2013 o TD passou a oferecer compras mensais programadas, num processo semelhante ao aporte mensal da PPC.

Liquidez
Os aportes financeiros aos planos de PPC ficarão bloqueados por 60 dias, que corresponde ao prazo de carência. Após este período os valores estarão disponíveis para saque, caso haja alguma emergência.
Já os títulos do TD poderão ser vendidos apenas às quartas-feiras, quando o Tesouro Nacional faz a recompra dos mesmos, porém a preço de mercado.

As taxas envolvidas
Nas duas modalidades de investimento, existem algumas taxas, veja o comparativo:

Taxa de carregamento
Corresponde à alíquota (porcentagem) que o banco cobra quando depositamos a contribuição mensal ou o aporte esporádico, incluindo o depósito inicial. Em geral, esta taxa é decrescente, assim, quanto mais dinheiro temos no fundo de PPC, menor é a taxa. Para valores aplicados acima de 100 mil reais, a taxa de carregamento costuma ser baixa, usualmente menor que 1,0%, variando entre as diversas instituições financeiras. Grandes empresas fazem fundos coletivos (fundos de pensão) e seus funcionários geralmente não precisam pagar esta taxa, sendo assim planos muito vantajosos, contudo limitados aos funcionários daquela empresa específica. Atualmente já existem planos previdenciários abertos que não cobram a taxa de carregamento.
Esta taxa não é cobrada no TD.

Taxa de administração
Aqui está o grande obstáculo dos planos de PPC, pois além de alta, a taxa de administração é cobrada em todos os planos e incide sobre o patrimônio líquido, ou seja, sobre todo o capital, aportes e rendimentos. No longo prazo uma taxa onerosa poderá corroer todo o lucro. Assim, é obrigatório procurar planos com taxas inferiores a 2%. O ideal seria no máximo 1%, especialmente para os planos passivos e exclusivos em renda fixa.
No TD esta taxa é bem menor, usualmente entre 0,25 e 0,5%, o que faz muita diferença no longo prazo. Algumas raras instituições não cobram esta taxa e outras cobram acima de 0,5%. Confira o ranking no site do TD.




Taxa de Saída
Esta taxa não é frequente nos planos de PPC. Era comum no tempo da CPMF – Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira – e a alíquota era de 0,38%. Atualmente, algumas instituições financeiras que não cobram a taxa de carregamento, optam pela cobrança da taxa de saída. Entretanto, o valor somente será cobrado dentro do prazo extra de carência estipulado pelo plano. Exemplo: a taxa de saída será cobrada se o resgate ocorrer antes de 24 meses – uma forma de evitar saques antecipados, o que prejudica todos os participantes do fundo.
Esta taxa não é cobrada no TD.

Taxas de negociação e custódia
Não existem nos planos de PPC.
A taxa de negociação era cobrada pela CBLC até 2012 na compra ou venda dos títulos do TD, correspondendo a 0,1% sobre o montante. Em 2013 foi extinta.
A taxa de custódia é cobrada pela CBLC para guardar os títulos e pagar as despesas relativas às negociações, custódia e custos administrativos. A taxa de custódia é de 0,3% ao ano, cobrada pró-rata (relativa aos dias efetivados usados), semestralmente, sempre no primeiro dia útil dos meses de janeiro e julho. Valores inferiores a dez reais são acumulados para uma futura cobrança.

Tipos de planos e títulos disponíveis.
De acordo com a SUSEP, temos três tipos planos de PPC. O Soberano, que faz aplicação exclusiva dos recursos em títulos do Governo Federal, o Moderado, que permite também aplicar em títulos privados e, por último, o Composto, que permite também aplicação em renda variável (ações, inflação, câmbio, etc.). Assim, você poderá fazer um plano de previdência vinculado somente à renda fixa ou vincular parte do investimento à renda variável. Este aspecto deverá ser decidido antes de ingressar ao plano de PPC. Geralmente os planos de previdência com renda mista – os compostos, também chamados de balanceados – apresentam percentuais de aplicação em renda variável que variam entre 10 e 49%. Planos de previdência com rendimento exclusivo em títulos de renda fixa, especialmente aqueles de gestão passiva, são muito ruins no longo prazo, haja vista que a taxa de retorno é baixa, a taxa de administração é alta e ainda sofreremos com a inflação corroendo parte do nosso lucro. O ideal é escolher um plano de PPC Composto com um porcentual entre 10 e 49% de aplicação em renda variável, obviamente respeitando o perfil de cada investidor. A renda variável pode ser vinculada ao mercado de ações, a índices inflacionários ou ficar exposto a vários ativos (PPC multimercado).

Os títulos do TD podem ser prefixados ou mistos (parte da remuneração é prefixada e a outra pós-fixada), sendo que os mistos podem ser vinculados à SELIC, ao IPCA ou IGPM (desde 2006 o Tesouro Nacional parou de emitir títulos vinculados ao IGPM – Notas do Tesouro Nacional, série C – apenas os recompram as quartas-feiras). Não se preocupe muito com o nome dos títulos (Letras Financeiras do Tesouro, Letras do Tesouro Nacional, Notas do Tesouro Nacional, etc.), pois quando “vamos às compras”, o site da corretora ou do tesouro direto abre uma janela com todas as opções de remuneração e indexadores. Veja abaixo os títulos oferecidos hoje (05/11/2013) no site do TD.




Rendimento
O rendimento esperado nos planos de PPC é apenas uma expectativa (rentabilidade esperada), baseada no rendimento passado (rentabilidade observada) e nas perspectivas futuras. Não há garantia de rendimento, mesmo em planos exclusivos de títulos de renda fixa.

Já nos títulos do TD o rendimento é previamente conhecido (renda fixa), basta que respeitemos rigorosamente o prazo de vencimento do mesmo. Exemplos: nas Letras do Tesouro Nacional (LTN) a taxa de retorno é pré-fixada, atualmente cerca de 12,0% ao ano; nas Letras Financeiras do Tesouro (LFT) o retorno é baseado na SELIC, hoje em 9,5%; nas Notas do Tesouro Nacional série B (NTN-B) o rendimento é misto: uma taxa de juros pré-fixada, atualmente cerca de 6,0% ao ano, acrescida da inflação (IPCA).

Desta forma, aqui temos outra grande vantagem do TD sobre a PPC: o conhecimento prévio do rendimento futuro, além do que o investimento em NTN-B tem rendimento real, ou seja, acima da inflação.
É interessante salientar que as NTN-B também fazem parte do portfólio de grande parte dos fundos de PPC, especialmente nos Planos Soberanos, porém a gestão compartilhada do fundo pode ser prejudicial (veja a seguir).

Renda fixa ou variável.
Como já comentado, os planos de PPC podem ser exclusivos em títulos de renda fixa ou parte do investimento ser vinculada à renda variável, por lei, até 49%, sendo assim mistos (renda fixa e variável). A estratégia de investimento de longo prazo em ativos de renda variável (ações) tende a ser muito interessante, apesar do pífio rendimento nos últimos seis anos. Contudo, sabemos que o mercado acionário é cíclico e tempos melhores virão como aqueles vistos de 2003 a 2008. Desta forma, num futuro cenário hipotético de alta, os planos de PPC vinculados à renda variável tendem a ter rendimento superior ao TD.

E os títulos do TD são de renda fixa ou variável? A princípio os títulos do TD são considerados pelo mercado financeiro como títulos de renda fixa. Entretanto, esta premissa somente é válida para quem compra o título e o mantém durante todo o tempo de contrato até o vencimento. Em caso de venda antecipada, o título será recomprado pelo Governo a preço de mercado, com ágio ou deságio. Confuso?... Este último aspecto ocorre em virtude da oscilação da taxa básica de juros (SELIC). Com a recente alta da SELIC (2013), a taxa de juros paga aos títulos do TD subiu significativamente. Desta forma, quem comprou os títulos no ano passado terá um prejuízo em caso de venda antecipada, pois a taxa de juros naquela época era menor, assim houve um deságio no valor do título. O inverso também é verdadeiro: em períodos de queda da SELIC os títulos ficarão mais caros (ágio). Por estes aspectos comentados, podemos considerar que os títulos do TD podem ser de renda fixa, se respeitarmos o prazo de vencimento, ou de renda variável, caso haja uma venda antes do prazo. Veja abaixo o comparativo dos preços vendidos em 2012 e agora 2013. Todos os títulos estão mais baratos.





Importante: mais uma vantagem do TD.
A gestão das aplicações e resgates do TD depende única e exclusivamente do investidor. Desta forma, o perfeito entendimento dos aspectos acima referidos, impede que o investidor tome uma decisão equivocada de venda dos títulos em períodos de deságio. Nos planos de PPC o gestor é obrigado a rebalancear diariamente o portfólio do plano em caso de resgates antecipados. Portanto, os resgates antecipados de outros participantes do mesmo plano de PPC afetam diretamente o rendimento futuro do plano, mesmo que você não faça a retirada. Lembre-se de que a regulamentação do mercado exige que o fundo precifique sua carteira todos os dias (marcação a mercado); assim, as quedas recentes dos títulos públicos fizeram que vários fundos tivessem baixo rendimento, por vezes negativo. Com isso vários investidores acabaram por fazer resgates antecipados, prejudicando ainda mais o desempenho do fundo. Veja abaixo o desempenho de alguns fundos de PPC.




Transmissão de herança
Um ótimo benefício do investimento em PPC é que o montante arrecadado na fase de contribuição não entra em inventários de espólio, o que evita pagamentos de impostos e gastos advocatícios. Desta forma, o valor total da aplicação, descontado o IR, será repassado diretamente aos beneficiários, quase que automaticamente, sem burocracia. Mas atenção: não se esqueça de nomear seus beneficiários e suas respectivas porcentagens ao fazer o plano de previdência. Outro possível benefício: por lei (artigo 649 do Código de Processo Civil, Lei 5869/73), este tipo de investimento não seria passível de penhora para o pagamento das dívidas de seus titulares, entretanto têm havido decisões recentes do Poder Judiciário contrárias a esta premissa. Todavia, ainda há muita discórdia sobre o tema.

Já para os títulos do TD, os herdeiros precisarão pagar uma alíquota de até 4,0%, relativo ao Imposto de Transmissão Causa Mortis e Doações (ITCMD), para receber os recursos, além de aguardar a conclusão do inventário de espólio, o que pode ser uma longa jornada. É bom lembrar que na maioria dos Estados existe uma isenção do imposto para bens ou investimentos de menor valor. Em Goiás, a isenção é para bens com valores inferiores a R$ 25.000,00, já em São Paulo R$ 48.000,00.

Vantagens fiscais
Uma das grandes vantagens da PPC e também do TD é que o imposto de renda (IR) incidirá apenas no momento do resgate do dinheiro ou no recebimento do benefício mensal vitalício, nos casos da PPC. Já em outras modalidades, como nos fundos de investimentos, a tributação é semestral, pelo sistema de come-cotas, independente do saque do dinheiro. Desta forma, o IR não descontado semestralmente fortalece a composição do montante final, facilitando o “trabalho” dos juros compostos.

Basicamente existem dois tipos de planos de PPC: o VGBL (Vida Gerador de Benefício Livre) e PGBL (Plano Gerador de Benefício Livre). A diferença básica entre os dois planos é a possibilidade de desconto dos depósitos mensais no imposto de renda (IR). O PGBL permite a dedução dos aportes financeiros até o limite de 12% sobre o valor total tributável recebido naquele ano. Entretanto, o imposto de renda (IR) incidirá sobre todo o montante resgatado. Conclui-se então que existe apenas uma postergação no pagamento do imposto de renda. Obviamente, o imposto não pago antecipadamente ajuda na composição do fundo, bem como de seus rendimentos. Para pessoas que fazem o recolhimento do IR anual através do desconto padrão (simplificado), a melhor opção passa a ser o VGBL, pois neste caso não é permitida à dedução no IR, porém no futuro, pagaremos IR somente sobre o rendimento. Apesar da simples diferença entre os planos, frequentemente as pessoas optam erroneamente, o que poderá acarretar enormes prejuízos.

Outra vantagem dos planos de PPC é o regime de tributação regressiva que pode reduzir a alíquota do IR a 10,0% para investimentos com prazo superior a 10 anos, contudo a alíquota pode atingir 35,0% em caso de saques antecipados. Neste modelo, a tributação regressiva, o imposto começa com uma alíquota de 35,0% e a cada 2 anos diminui 5,0%, até chegar a alíquota mínima de 10,0%. No outro modelo de tributação dos planos de PPC, a chamada tabela progressiva compensável, o imposto funciona como aquele que incide sobre os salários dos profissionais liberais, oscilando da isenção até o percentual máximo de 27,5% (veja a tabela abaixo). Nos saques antecipados a alíquota é de 15%.
Lembre-se de que o regime de tributação é escolhido pelo cliente antes da adesão ao plano, porém pode ser alterado a qualquer momento, durante a fase de contribuição.




Já a tributação do TD é semelhante aos fundos de renda fixa e, portanto, depende do tempo de permanência da aplicação. Investimento com período inferior a 180 dias, paga-se 22,5% de IR sobre o rendimento; entre 181 dias e 360 dias, 20%; entre 361 e 720 dias, 17,5%; e mais de 720 dias temos a alíquota mínima de 15%, ou seja, para os investimentos com prazo acima de 2 anos.  Ver tabela abaixo.



Disciplina
A disciplina é talvez o aspecto mais importante dos planos de PPC. O depósito mensal é “compulsório” e a maioria das pessoas tende a não mexer nestas aplicações, pois sabem que uma retirada precoce é prejuízo na certa. Desta forma, a disciplina de um investimento de longo prazo passa a ser incorporada à mente do investidor.
Desde 2013 o TD também permite aplicações programadas, inclusive com descontos nas taxas.

Portabilidade
É permitida apenas entre planos de mesma categoria (VGBL para VGBL ou PGBL para PGBL) e somente na fase de contribuição. Portanto, se você estiver insatisfeito com a instituição financeira, você poderá solicitar a transferência dos recursos a qualquer momento, sem ônus, respeitando os aspectos acima mencionados. O processo é muito simples, basta comparecer ao banco escolhido, munido do extrato da conta de PPC e solicitar ao gerente a transferência dos recursos. O processo é rápido e sem burocracia!
O TD também permite a mudança do agente custodiante, sem a necessidade de resgate dos títulos. O processo é isento de taxas ou do IR. Basta solicitar e autorizar a transferência dos títulos para o novo agente custodiante.

Cupons semestrais
Para as pessoas que necessitam de renda extra periódica, alguns títulos do TD pagam juros semestrais (cupons), como exemplo, as NTNB. Já para outros títulos, o pagamento ocorre apenas no vencimento, como nas LTN e nas NTNB série principal. Se você não necessita deste rendimento semestral, opte pela NTN-B principal, pois o resultado no longo prazo será melhor.  

Desempenho recente
Nos últimos anos o desempenho dos títulos do TD foi bem superior aos números conseguidos pelos planos de PPC. Uma reportagem publicada em maio de 2013 na Revista Exame, numa pesquisa da consultoria Netquant, mostrou que nos últimos 5 anos, enquanto as NTNB renderam 125%, os planos de PPC de renda fixa renderam em média 54% e os vinculados à renda variável 50%, muitos perdendo do processo inflacionário. Os motivos?... Como parte dos investimentos dos planos de PPC são aplicados no mercado de ações, o desempenho recente ruim da bolsa afetou diretamente os planos compostos de PPC. Já os planos exclusivos de renda fixa sempre são afetados pelas altas taxas de administração e pelo processo de gestão compartilhada de recursos, como já comentado.

Oportunidade
Como a taxa SELIC ainda está com viés de alta, hoje em 9,5%, é provável que os títulos do TD ainda tenham algum pequeno deságio nos próximos meses. Entretanto, em breve, quando chegar o fim do ciclo de alta da SELIC, talvez no próximo semestre (2014), teremos uma grande oportunidade em comprar os títulos do TD, com juros mais altos e valor reduzido dos títulos, especialmente os de vencimento mais longínquo. Pode apostar!

Conclusão
E aí, chegou a alguma conclusão?... TD ou PPC?... Após estes comentários, fica claro que hoje aplicar em títulos do TD é a melhor opção de investimento, pois os rendimentos são maiores e mais previsíveis, as taxas envolvidas são menores, não há influência de terceiros e o risco do investimento é menor, pois são garantidos pelo Governo Federal. Entretanto, acredito que apesar da PPC não ser o investimento ideal, também tem lá seus méritos, especialmente em relação à disciplina deste tipo de investimento, que é muito interessante e salutar, além das vantagens fiscais. E não se esqueça: os planos VGBL são os mais indicados para quem opta por fazer a declaração de renda anual pelo desconto simplificado. Outra grande vantagem é que os recursos investidos em PPC não entram em inventários de espólio, sendo repassados automaticamente aos seus beneficiários, evitando gastos advocatícios, aborrecimentos e o pagamento do imposto de transmissão de herança (ITCD).
Então, o que fazer?... Minha sugestão: faça uma composição de uma carteira de longo prazo contendo os dois produtos, contudo com predomínio de títulos do TD, especialmente as NTNB, que são títulos vinculados à inflação. Reserve entre 10 a 20% do capital total para ser aplicado em planos de PPC, e sempre em planos vinculados à renda variável (20 a 49%). Opte também por incluir em sua carteira outras importantes modalidades de investimentos: ações, fundos imobiliários, debêntures incentivadas, letras de crédito imobiliário, etc.
Concorda? Dúvidas? Entre em contato.

Espero que eu possa ter contribuído de alguma forma. O assunto é complexo, importante e muitas vezes negligenciado pela maioria dos investidores. Lembre-se, além da disciplina, outro quesito fundamental para o sucesso do investidor é o conhecimento! 
MJR



domingo, 27 de outubro de 2013

O que esperar da Bolsa até o final de 2013?


Prever o futuro sempre é complicado; no mercado financeiro é ainda mais difícil. Mas, não tem jeito, temos que fazer as análises e julgar o caminho mais provável de cada ativo. Então vamos lá!
A Bovespa até agora no ano de 2013 teve um desempenho muito ruim, ainda com 10% de desvalorização em relação ao fechamento de 2012 (60.900 pontos – linha horizontal preta superior). Os primeiros seis meses foram péssimos: exatos seis meses consecutivos de queda, que derrubaram o índice Bovespa (IBOV) a patamares inferiores a 45 mil pontos, numa queda de quase 30%. Desde julho começamos uma recuperação, algo em torno de 25%, porém ainda insuficiente para recuperar todas as perdas. Outro fato interessante: várias bolsas mundiais, especialmente a dos EUA (DJI), tiveram um desempenho oposto, com altas seguidas e rompimento de topos históricos. Os motivos já foram comentados em outros artigos.

Voltando ao IBOV. Creio que teremos três caminhos possíveis para o IBOV. O primeiro é ficar oscilando entre 52 e 57 mil pontos, o que realmente pode ocorrer. O segundo, mais remoto, é perder os 52 mil pontos, o que não acredito. O terceiro, e mais provável, é o rompimento da fortíssima resistência em 57 mil pontos. Por que acredito que este é o caminho mais provável: existem razões fundamentalistas e técnicas, vejam:
1 – Parece que todo o pessimismo em relação à economia brasileira já foi precificado nos preços das ações. Aos poucos os investidores estão voltando, incluindo os estrangeiros.
2 – O crescimento do PIB este ano vai ficar em níveis aceitáveis, entre 2,5 e 3,0%. Não há nada que indique que no ano que vem teremos um desempenho pior.
3 – O Banco Central finalmente nos últimos meses resolveu combater a inflação com a elevação das taxas de juros (SELIC). As falácias e as macaquices do Planalto estão parcialmente controladas. 
4 – Ao que tudo indica o programa de estímulo da economia americana deverá continuar por algum tempo. Muitos economistas acham que é improvável uma mudança abrupta nas diretrizes do FED. Com isso o dólar americano tende a se desvalorizar frente ao real: o que de fato já ocorreu, com a ajuda do Banco Central.
5 – Muitas empresas apresentaram um bom desempenho em 2013 e o cenário parece ser sustentável. As empresas ruins aos poucos serão expurgadas do IBOV, como a OGX Petróleo.
6 – A sazonalidade do último trimestre do ano é favorável para o mercado de ações, pois é incomum um cenário de forte queda nesta época.
7 – Graficamente, tanto no diário, quanto no semanal, temos uma clara tendência de alta. Esta tendência somente será quebrada se perdermos o forte suporte em 52 mil pontos (linha horizontal vermelha). Em contrapartida, o ideal seria romper a resistência em 57 mil pontos o mais rápido possível, abrindo espaço para ganhos mais significativos, além de afastar do abismo dos 52 mil pontos.
8 – Algumas ações importantes do IBOV estão sinalizando que em breve poderão fazer um bom movimento de alta.

Desta forma, tenho uma visão bastante otimista para o IBOV, porém devemos estar atentos, pois o cenário ainda é de cautela. Se a minha previsão do rompimento dos 57 mil pontos estiver correta, até onde poderemos chegar? Pela análise técnica, após o rompimento de 57 mil pontos, teremos três objetivos principais: 60.900 (fechamento de 2012), 63.400 e 69.000 pontos.  Acredito que possivelmente fecharemos o ano de 2013, entre o primeiro e o segundo objetivo. Assim, poderemos ter um ganho de 10 a 20% nestes últimos 2 meses, mas ainda fecharemos o ano com um resultado pífio, menos de 10%, inferior à alguns produtos de renda fixa com baixo risco. Aliás, em breve, comentarei a oportunidade de investimentos em títulos do Tesouro Direto, que serão ótimas oportunidades de investimentos para os próximos anos, em virtude da elevação da taxa SELIC nos últimos meses. MJR

Abaixo o gráfico semanal do IBOV no último ano.



terça-feira, 22 de outubro de 2013

Evite o Mercado Fracionário



Basicamente temos dois mercados de ações: o integral e o fracionário. No integral, os ativos são negociados em lotes padronizados, comumente em lotes de 100 ações. No fracionário, as ações podem ser negociadas em qualquer quantidade. O grande problema do mercado fracionário é a menor liquidez, o que gera grande spread (diferença) entre as ofertas de compra e venda. Assim, evite operar neste mercado. Por outro lado, o mercado fracionário é importante em algumas situações, por exemplo: após a aquisição de ativos numa oferta pública de ações (IPO) ou na bonificação de ações, onde teremos uma posição em números “quebrados”, precisaremos deste mercado para equilibrar nossa posição, ou seja, retornar à proporção dos lotes padronizados. Obviamente, quando a disponibilidade financeira não for suficiente para aquisição de um lote inteiro de ações, a única opção será participar deste mercado. Entretanto, nestes casos, acho que o melhor caminho é o investidor aguardar, juntar mais capital e adquirir o lote padrão. Uma opção é comprar cotas de fundos de índices, como o BOVA11, que replica o IBOV. Como a metodologia de cálculo do IBOV mudará em 2014, a tendência é que ele tenha um ótimo desempenho nos próximos anos. Outra alternativa para os pequenos investidores é a compra de cotas de fundos de ações. Independente da escolha, o mais importante é começar a investir e planejar o futuro o quanto antes! MJR

terça-feira, 15 de outubro de 2013

O que significa Custo de Oportunidade do dinheiro?



O custo de oportunidade representa o valor renunciado em relação à melhor alternativa não escolhida. De uma maneira geral, em quase tudo na vida, quando fazemos uma escolha renunciamos às outras possibilidades existentes. Em economia, o termo custo de oportunidade do dinheiro refere-se exatamente ao valor renunciado em virtude da escolha de outra opção de investimento. Portanto, ele está presente em todas as transações financeiras realizadas. Desta forma, qualquer investimento sempre deve ser comparado com a “taxa” de oportunidade vigente num determinado país. Esta nada mais é do que a hipotética remuneração do dinheiro pela taxa básica de juros do Banco Central (taxa SELIC). Quando renunciamos aos investimentos vinculados à taxa SELIC, estamos “deixando de ganhar” esta remuneração básica, que teoricamente não exigiria nenhum esforço do investidor, pois é oferecida facilmente pelo principal agente do mercado financeiro, o Governo Federal. Portanto, todas as demais operações financeiras para serem consideradas efetivas (lucrativas), devem oferecer um melhor resultado. Um exemplo: quem aplicou no índice BOVESPA em maio de 2008 (73 mil pontos) e manteve o investimento até agora (54 mil pontos – outubro de 2013), está perdendo, além do prejuízo inerente a operação (quase 30%), a remuneração oferecida pela taxa SELIC nestes cincos anos (cerca de 10% ao ano – rendimento renunciado). Um prejuízo monumental!
MJR


terça-feira, 24 de setembro de 2013

Bolha Imobiliária


Recentemente comentei sobre uma possível bolha imobiliária em formação no Brasil. O fator que mais me preocupava era o aumento do “crédito podre”. A reportagem da revista Veja desta semana comprova a elevação vertiginosa da taxa de inadimplência do programa “minha casa, minha vida” do Governo Federal; segundo a revista, “minha casa, minha dívida”. Programas populistas, mal planejados e mal executados pelo Governo Federal, costumeiramente têm viés eleitoreiro e quase sempre com fraco desempenho. Pior, podem desencadear um calote generalizado no setor bancário, sem precedentes. Por mais que por enquanto o problema esteja focado em financiamentos mais populares, especialmente pela Caixa Econômica Federal, o problema pode se agigantar com o passar do tempo e contaminar outros segmentos bancários. Desta forma, apesar de ser apenas um mau sinal incipiente, devemos estar alertas e mais precavidos em investir diretamente no setor imobiliário. Neste momento, uma ótima opção para se investir no mercado de imóveis é aplicar nos “bons” fundos imobiliários que administram grandes imóveis e com alta taxa de locação. Os contratos são longos e reajustados pela inflação, além dos saudáveis e generosos dividendos mensais, isentos de IR para o pequeno investidor. Fique atento!



quarta-feira, 18 de setembro de 2013

O dia “D” está chegando



Para quem opera no mercado de ações, hoje foi um dia daqueles: euforia total. Até mesmo para os profissionais do mercado que lucram com a bolsa mesmo em momentos de queda. Ganhar com o aumento das ações é muito mais saboroso que nas operações vendidas. O dia foi ainda mais fantástico, pois rompemos uma forte resistência em 54 mil pontos, inclusive superando a média móvel de 200 períodos e com alto volume financeiro (ver gráfico abaixo). A “desculpa” de hoje foi a decisão do Banco Central Americano em manter os estímulos fiscais, mas acredito que na verdade, a nossa bolsa continua muito barata quando comparado a seus pares, e por isso muito atrativa. Todavia nem tudo é alegria. Veja alguns pontos:
1 = Estamos nos aproximando de uma fortíssima resistência em 57 mil pontos (linha horizontal azul). Aqui sim, teremos o divisor de águas. Se superarmos, teremos um ótimo último trimestre em 2013, pois a sazonalidade ajuda – período de compras. Contudo tenho convicção que superar esta marca não será fácil. O ideal é atingir rapidamente os 57 mil pontos e depois recuar para ganharmos força!
2 = O não rompimento pode derrubar o mercado, desta forma preparem-se para o combate. As operações de HEDGE serão fundamentais (proteção).
3 = Provavelmente a mídia começará a falar bem da bolsa. Cuidado com a euforia em demasia!
4 = Lembre-se de que ainda nem recuperamos os 61 mil pontos do fim do ano passado. Assim, ainda “estamos” no prejuízo.
Confesso que continuo otimista com a minha previsão de 63 a 69 mil pontos até o final do ano, entretanto, sempre com muita cautela e atento aos fatores comentados. O mercado é muito dinâmico.

Bom, por enquanto esqueçamos o futuro, pois o dia é de comemorar! Cadê a champagne?... Tintim!

MJR

terça-feira, 10 de setembro de 2013

O Dólar, a economia e a bolsa!



Outro dia comentei sobre o dólar e seus efeitos sobre a economia. Como o assunto continua palpitante em todos os jornais, vou acrescentar mais algumas ponderações para a sua reflexão:

1 – A alta do dólar favorece claramente as empresas exportadoras, pois estas têm receitas em dólar e despesas em reais. Assim, as empresas exportadoras de matérias-primas são as mais beneficiadas, como as de celulose, siderurgia e minério de ferro. Já o ramo de petróleo é a exceção à regra, em virtude das constantes intervenções do Governo Federal na Petrobrás. Por exemplo, a Petrobrás compra combustível no exterior mais caro e o revende mais barato no mercado interno, pois o preço é “tabelado” pelo Governo, o que é péssimo para o caixa e desempenho da companhia no curto e médio prazo.
2 – Outro benefício é que a alta do dólar deixa a Bolsa Brasileira mais barata e, consequentemente, mais atrativa para os estrangeiros. Desta forma, favorece ainda mais a recuperação da Bovespa.
3 – As empresas de consumo e varejo podem ter desempenho misto, algumas podem ganhar e outras perder. Depende muito do nicho de atuação destas companhias.
4 – Após a demora do Banco Central em atuar de maneira efetiva no mercado de câmbio, a última ação anunciada no dia de 22 de agosto (programa continuado de oferta diária da moeda estrangeira), finalmente surgiu efeito e o dólar perdeu importante suporte nesta semana (R$ 2,32), uma queda de mais de 5% em relação ao último topo em 21/08.
5 – Segundo alguns analistas, outra medida do Banco Central que poderia ser bastante efetiva é aumentar os compulsórios dos bancos (“dinheiro guardado no Banco Central”), o que provocaria escassez do real. Desta forma, os bancos seriam “obrigados” a vender suas reservas em moeda estrangeira, o que derrubaria ainda mais o dólar. Outro efeito benéfico desta medida neste momento da economia brasileira é a redução do crédito e, por conseguinte, alívio no processo inflacionário.
6 – Por último, devemos lembrar que uma eventual intervenção americana na Síria poderá afetar negativamente os mercados de ações. 

Após estes breves comentários, qual o cenário mais provável para o IBOV e o dólar até o fim do ano?
Bolsa – Após ultrapassar os 54 mil pontos, ontem e hoje, uma correção (queda) no curto prazo é provável e saudável – suportes em 52.000 e 49.400 pontos. Depois, o próximo o objetivo será superar a forte barreira em 57.000 pontos, o que não será fácil. Entretanto, acredito na superação deste patamar no médio prazo e quem sabe, buscarmos ainda este ano, os 63.000 e 69.000 pontos. Como o IBOV fechou 2012 em 60.952 pontos, assim poderíamos ter uma valorização no ano de até 15%. Já em relação ao fundo de julho de 2013 uma valorização expressiva de mais de 50%.
E o dólar? Como já comentado no dia 23 de agosto, acho que a recente tendência de baixa deverá permanecer no restante do ano, obviamente com algumas turbulências, por vezes pesadas.
Nunca é demais lembrar que no mercado financeiro não existem certezas e sim probabilidades. Todos os caminhos são possíveis!

Aguardemos os próximos capítulos.
MJR

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Oportunidade de investimento!


Quando alertei para uma possível reversão do Bovespa no começo de julho, algumas pessoas foram céticas em acreditar. Hoje, o índice finalmente rompeu os 52.400 pontos – alta de mais de 20% em relação ao fundo do ano; em apenas 2 meses.

Bom, mas agora gostaria de comentar outra ótima oportunidade de investimento: FUNDOS IMOBILIÁRIOS (FII). Vários destes fundos estão bastante atrativos, pois foram afetados indiretamente pela baixa perfomance da Bolsa no primeiro semestre. Entretanto, são ativos bem distintos do mercado de ações, por diversas razões.

Alguns FII estão sendo negociados com até 25% de deságio em relação ao seu valor patrimonial da cota. Outros estão pagando 1% de dividendos mensais (sobre o valor de mercado da cota atual), livres de Imposto de Renda para pessoas físicas – recordando a poupança rende pouco mais de 0,5%. Desta forma, além da remuneração mensal, você poderá ganhar também com a valorização da cota. É muito provável que haja uma boa recuperação destes fundos em breve, como ocorreu com o mercado de ações. É “pagar ou esperar” para ver! MJR

terça-feira, 3 de setembro de 2013

Bolha imobiliária no Brasil?


Recentemente, durante um evento, uma colega de profissão me perguntou, se o mercado imobiliário em Goiânia continuará subindo; pois segundo ela, os preços estariam exorbitantes. Respondi rapidamente, pois estávamos numa conferência, que os preços dos imóveis dificilmente teriam uma correção mais significativa nos próximos anos. Porém, a pergunta continuou viva na minha memória durante o fim de semana. Resolvi então analisar e estudar um pouco mais sobre o assunto. Por curiosidade, nesta segunda saiu um artigo no site Infomoney – link abaixo – sobre uma possível bolha no mercado imobiliário brasileiro, dita por um grande especialista no assunto, o professor americano Robert Shiller da Yale University, durante um evento da Bolsa em Campos de Jordão, SP.

Ano passado, quando escrevi o capítulo do meu livro sobre o tema, tinha uma clara convicção de que não vivíamos uma bolha imobiliária. Segue abaixo, o texto na íntegra:
Até quando vai o boom imobiliário? Apesar da recente supervalorização dos imóveis nas grandes cidades na década passada, há motivos para acreditar que os preços vão continuar subindo. Talvez não no ritmo atual, mas uma desvalorização aguda me parece mais remota. Veja alguns motivos:
·        O financiamento imobiliário no Brasil quando comparado a outros países ainda é baixo, menos de 5% do PIB. Em outros países chega a 15%;
·        O déficit habitacional no país ainda é gigante;
·        O aumento do poder aquisitivo da classe média é crescente e sustentável;
·        Apesar de o Brasil ser a sexta maior economia do mundo (2011), o PIB percapita do Brasil ainda é “sofrível”, muito aquém dos países ricos;
·        As políticas de incentivo do Governo Federal (por exemplo, o programa “Minha casa, Minha vida”) são cada vez mais frequentes;
·        Segundo economistas, o ritmo de crescimento do PIB do Brasil deve permanecer em média acima dos 3% nos próximos anos;
·        Os grandes eventos esportivos desta década devem fomentar ainda mais o mercado imobiliário;

Estes foram os motivos elencados por mim naquela época. Desta forma, se julgarmos friamente apenas os dados relatados acima, chegaremos à conclusão que realmente não estamos vivendo uma bolha imobiliária, pois após um ano, os dados atuais são muito semelhantes aos de 2012. Entretanto, confesso que devemos ficar mais atentos e cautelosos, pois os aspectos colocados pelo professor são intrigantes. É bom salientar que não há nenhum cenário emergencial, pois como ele mesmo disse, ainda não há dados objetivos da existência de uma bolha, apenas uma suspeita. Daí como proceder? 

Segundo o professor americano, os preços dos imóveis deveriam subir baseados principalmente no aumento dos custos da construção civil: insumos, mão de obra, etc. Entretanto, na última década o aumento foi muito além da inflação. Os terrenos e lotes tiveram altas vigorosas nas principais capitais e, por conseguinte, o metro quadrado construído também subiu de forma expressiva. Apenas por curiosidade, no final da década de 90, um apartamento novo voltado à classe média, numa área nobre em Goiânia, era comercializado por volta de R$ 800,00 o metro quadrado. Hoje um imóvel semelhante é vendido por mais de R$ 5.000,00. Alta de mais de 500%. Imóveis de luxo chegam a custar quase R$ 8.000,00. Lembre-se: os preços não subirão para sempre!  É provável que exista um grande componente de especulação na avaliação dos imóveis, pois a sobrevalorização interessa a muitas pessoas. Porém, até agora, apesar do aumento da oferta e da redução da demanda nos últimos anos (crise econômica), ainda não foi suficiente para derrubar os preços. Outro fato importante: as grandes incorporadoras nacionais reduziram seus lançamentos nos últimos dois anos, o que acarretará uma menor oferta de apartamentos nos próximos anos e, desta forma, pressionará ainda mais os preços.

Mídia e Bancos – Ambos têm importante papel no nível dos preços. A mídia acaba por inflar indiretamente os preços, pois os comentários constantes de uma valorização duradoura dos imóveis atraem novos investidores, especialmente aqueles com pouca experiência no ramo, aumentando ainda mais os valores. Os Bancos por sua vez, especialmente os públicos, aumentaram significativamente o crédito imobiliário, muitas vezes com pouca atenção à análise de crédito. Este último aspecto, sem dúvidas, é o mais preocupante, pois as crises imobiliárias ocorridas em outros países foram criadas ou fomentadas pelo crédito imobiliário “podre”, ou seja, empresta-se dinheiro para pessoas que não têm a garantia suficiente para honrar o saldo devedor. Foi assim na crise dos subprimes nos Estados Unidos na última década.


Diante deste cenário incerto, o que fazer? Talvez o melhor seja agir com muita cautela. Evite aumentar a exposição ao mercado imobiliário. Acompanhe de perto a evolução dos preços e, principalmente, diversifique seus investimentos. Como se sabe, qualquer mercado é cíclico, os momentos de alta são alternados com os de baixa. Esta é a regra! Se existe alguma dúvida sobre o futuro dos preços dos imóveis, procure alternativas. Apesar de continuar achando que uma correção aguda nos preços dos imóveis é uma possibilidade mais remota, esta hipótese não pode ser completamente afastada e, portanto, devemos ficar em alerta! MJR