Ativos de risco no Brasil continuam caindo
Update - 19 outubro de 2023
Não bastasse
todos os problemas do mundo, surgiu mais uma guerra.
Além do caos
humanitário no oriente médio (situação muito deprimente e lamentável), o medo
da disparada do petróleo em âmbito mundial pressiona ainda mais os juros americanos
de 10 e 30 anos – cerca de 5% ao ano (maior patamar em mais de 15 anos).
O raciocínio
é simples: o processo inflacionário em curso no pós-pandemia poderá recrudescer
com mais vigor, caso o petróleo dispare ainda mais.
O combustível
fóssil interfere diretamente nas mais variadas cadeias produtivas mundiais e
também no dia a dia das pessoas. Basta você frequentar um posto de combustível
para comprovar o efeito colateral.
Como
comentei em posts anteriores, enquanto os juros americanos não cederem ou, pelo
menos, se acomodarem, os ativos de risco vão continuar sofrendo.
Grosso modo,
os juros futuros nos EUA impactam em praticamente todas as taxas de juros dos
países mundo afora. A referência dos juros nos EUA é para o mundo, igual a taxa
Selic é para os demais ativos financeiros no Brasil.
Por aqui, as
notícias econômicas são mais animadoras: inflação mais comportada, PIB de 3% no
ano de 2023 e a Selic em tendência de queda (se os juros americanos colaborarem).
O cenário político e fiscal, menos animador, segue no radar, mas por enquanto
em segundo plano.
Todavia, no
momento, o cenário externo é mais preponderante. E o menor fluxo de dinheiro pressiona
ainda mais as ações negociadas na bolsa de valores.
Exceto, as
petrolíferas nacionais, com destaque para a Petrobrás e a Petrorio, quase tudo
na B3 tem caído, e como muito vigor, especialmente as Small caps e as ações de
varejo.
Literalmente
grande parte das ações brasileiras estão numa grande liquidação, mas por
enquanto, os “clientes” não querem comprar durante essa “tempestade perfeita”
de curto prazo. Até quando? Ninguém sabe.
As pessoas
físicas ainda estão embriagadas com o alto rendimento da renda fixa e seguem
longe da B3. Os fundos de investimentos locais continuam sob a sangria dos
saques diários (mais saques, mais venda de ativos pelos fundos, mesmo a preços
irrisórios, e mais pressão vendedora na B3) e os estrangeiros ainda aguardam um
cenário melhor para um retorno mais vigoroso ao Brasil.
Dessa forma,
só nos resta esperar. O curto prazo está muito desafiador. Mas para aqueles que
têm paciência e apetite por risco em momentos de pânico, um horizonte maior para
seus investimentos poderá ser muito recompensador.
Lembrando
que quase sempre, as descompressões nos preços das ações são poderosas e
rápidas: altas vigorosas num curto período de tempo. Por isso, não é
recomendável esperar por dias melhores para começar a montagem de uma carteira
mais arriscada. Obviamente, é preciso respeitar o perfil de risco de cada um.
Um detalhe
importante: a sazonalidade atual é favorável. Historicamente, o último
trimestre de cada ano, em geral, é muito bom para as bolsas de valores.
E por
último. Também vejo oportunidades em renda fixa. Exemplo: títulos vinculados à
inflação (com ganho real) estão pagando IPCA + quase 6% ao ano. Uma bela pedida
para aqueles que têm sangue frio e não ficam preocupados com a marcação a mercado
de curto prazo – a propósito nos EUA, títulos semelhantes (os Tips) estão
pagando inflação + 2,5%. Maior patamar de retorno em anos.
Aproveite
com moderação!
MJR