quinta-feira, 18 de julho de 2013

O Dólar e a Bolsa



Após dois meses de forte alta (mais de 10%), a moeda americana está sinalizando uma possível reversão de tendência. Na última segunda-feira o dólar teve a maior desvalorização diária do ano, fechando na mínima do dia (cerca de R$ 2,22). Perdeu a média móvel de 21 períodos e caminha em direção ao primeiro forte suporte em R$ 2,17. A perda do mesmo consolidaria a tendência de baixa para os próximos meses e o possível retorno dos preços ao patamar de R$ 2,03 até o final do ano. O único dado negativo do sinal gerado naquele dia foi que a queda não foi acompanhada de grande volume financeiro, o que coloca o movimento em suspeita, entretanto, de qualquer forma é um sinal negativo para a cotação do dólar. Apesar de prejudicar as exportações brasileiras, a queda do dólar tem alguns fatores positivos, sendo dois extremamente significativos: ajuda no combate à inflação e favorece o desempenho do mercado de ações. Apenas em raras situações, o mercado de câmbio não é inversamente proporcional ao desempenho da Bolsa. Sendo assim, se a tendência de queda do dólar realmente se confirmar para o segundo semestre, poderemos ter um alívio na pressão vendedora no IBOV e um possível retorno dos compradores. MJR


Reversão de tendência no IBOV?



Como eu já tinha comentado nas últimas semanas, o IBOV parece que está marcando o fundo em 44.100 pontos – hoje (16/07/13) fechamos em 46.869 pontos, uma distância razoável de mais de 5,0% do patamar citado. Ainda é muito cedo para afirmar tal fato, mas há vários motivos para acreditar que a longa tendência de baixa de 2013 – seis meses – pode estar perto do fim. O mercado ficou extremamente sobrevendido e, por conseguinte, muito atrativo para compras. Várias ações já começaram a sinalizar compras – pivot de alta no gráfico diário. Entretanto, a situação gráfica do principal índice nacional ainda é complicada e requer bastante precaução, por dois simples motivos: a tendência no gráfico semanal ainda é de baixa e o volume financeiro neste último movimento de alta foi pequeno. Assim, turbulências ainda são previstas. Lembre-se: não podemos perder o fundo supracitado, caso contrário, voltamos ao olho do furacão. Todavia, o respeito deste fundo, em caso de novo teste, pode ser um grande sinal... Outro aspecto importante: o cenário econômico ruim parece estar totalmente precificado: baixo crescimento do PIB, inflação persistentemente alta e elevação da taxa básica de juros. A futura divulgação dos resultados das empresas listadas na Bovespa, referentes ao segundo trimestre de 2013, pode ser o combustível extra para movimentos mais bruscos da bolsa. Dados recentes do crescimento da China vieram acima das expectativas. O programa de estímulos do Governo Americano possivelmente permanecerá por algum tempo. Com tudo isso, chegamos à conclusão que tempos melhores estão por vir. Será? MJR


sexta-feira, 12 de julho de 2013

O legado da OGX Petróleo!



A OGX Petróleo (OGXP3), uma das empresas do Grupo EBX, cujo sócio principal é o “megaempresário” Eike Batista, deixará um legado muito importante para os investidores do mercado de ações. A companhia abriu seu capital em junho de 2008, no olho do furacão da segunda maior crise financeira de todos os tempos. A ação perdeu mais de 80% de seu valor em apenas cinco meses, mas a verdade deve ser dita: nenhuma empresa da Bovespa escapou das quedas avassaladoras naquele ano. Porém, as perspectivas iniciais eram fenomenais e o marketing da empresa, maior ainda. De novembro de 2008 ao topo de outubro de 2010 (cotação máxima de R$ 23,39), a ação subiu mais de 800%. Neste período, a empresa atraiu milhares de investidores ao redor do mundo, pequenos e qualificados, todos obcecados pelo potencial da companhia. Naquela época, a OGX era uma empresa pré-operacional, ou seja, não produzia absolutamente nada, nenhuma gota de petróleo. À medida que os testes nos poços foram sendo “positivos”, mais os preços subiram. Numa revista de grande circulação nacional (foto abaixo), o empresário foi considerado um verdadeiro imperador e visionário. Também neste ínterim, outras empresas do Grupo EBX foram surgindo ou crescendo, com promessas ainda mais espetaculares. Todavia, a partir da fase operacional, tudo mudou... Os reservatórios não eram tão promissores. A credibilidade da empresa e do proprietário majoritário foi caindo drasticamente. As dívidas da empresa se aproximando e o crédito cada vez mais escasso. Resultado: os especuladores fizeram a festa! Operações “vendidas” eram cada vez mais presentes. As ações em forte queda desde 2012 aceleraram ainda mais o processo de derrocada do império tupiniquim. Hoje a ação vale menos que uma moeda de cinquenta centavos. Mas o pior não é isso; parte das dívidas da empresa está vinculada ao BNDES (Governo Federal). E junto com a queda das empresas do Grupo X, milhares de investidores minoritários também perderam grandes valores; aqueles que sonhavam e acreditavam nas falácias e promessas do Rei Midas. Em recente reportagem, um portal financeiro relatou que mais de 70 mil pessoas físicas ainda detêm ações da empresa e que muitos perderam quantias expressivas... Acho que o futuro da empresa está selado: o prognóstico é péssimo! Entretanto, acredito que o principal legado deste caso é que, no mercado acionário, não podemos confiar todas as nossas reservas financeiras em projetos megalomaníacos e utópicos; temos que ser mais racionais. Empresas pré-operacionais apresentam riscos pesados e, portanto, devem ser compradas com muita cautela. Não podemos arriscar tudo num só projeto. Pequenas quantias até são aceitas, porém sempre cientes do risco da perda total daquele capital. Espero que aqueles que perderam possam ter aprendido. Já os que não investiram, também devem aproveitar os grandes ensinamentos deste melancólico episódio da bolsa brasileira. Viva as fantasias e as pirâmides financeiras! MJR


terça-feira, 9 de julho de 2013

Ideias para mudar o rumo da economia brasileira.


Estive refletindo nos últimos dias... Após a leitura de vários artigos sobre o atual estágio da economia brasileira, escritos por economistas e especialistas renomados, resolvi elencar e resumir as principais medidas que deveriam ser tomadas pelo Governo Federal com o intuito do país retomar o crescimento sustentável para os próximos anos. Seguem elas:

1 – A mudança imediata da equipe econômica: não tem outro jeito, a credibilidade do atual Ministro da Fazenda é nula. Tudo que poderia dar errado, deu – gastos públicos em alta, crescimento pífio do PIB, inflação crescente, desconfiança geral dos empresários e investidores, sejam eles, locais ou estrangeiros.
2 – O modelo de crescimento da economia baseado exclusivamente em consumo, proposto nos últimos anos pelo governo Lula e Dilma, já se esgotou. Sem falar que a explosão do consumo aumentou o endividamento das famílias brasileiras. Medidas pontuais de redução de impostos não funcionam mais: ninguém vai comprar um carro, uma geladeira ou um fogão todo mês!
3 – O combate vigoroso e sistemático à inflação. O aumento da taxa básica de juros (SELIC) e a restrição do crédito são necessários. São remédios amargos, mas fundamentais, não há outro caminho. A inflação é devastadora para todas as classes sociais, especialmente para os mais desfavorecidos. Não podemos flertar novamente com os velhos tempos de hiperinflação, como os vividos no fim do Governo Militar, do Sarney e Collor. O Plano Real foi uma grande conquista e devemos defendê-lo a todo custo.
4 – Uma redução drástica dos gastos públicos: o atual Governo Federal é gastador, corrupto e ineficiente. A população está na rua e não é à toa... Não precisamos de plebiscito. Precisamos de eficiência nos gastos e um pragmático combate à corrupção!
5 – O aumento dos investimentos nos setores público e privado. Estima-se que para o Brasil voltar a crescer 5% ao ano é preciso ter uma taxa de investimento de pelos menos 25% do PIB. No ano passado esta taxa foi de apenas 18%. Investimentos em infraestrutura são prementes e cruciais: estradas, ferrovias, portos, aeroportos, geração de energia, etc. Investimentos de longo prazo em educação e tecnologia mudarão definitivamente a qualidade de vida da população.
6 – A criação de fortes incentivos fiscais aos investidores da bolsa de valores, especialmente para aplicações de médio e longo prazo. Não existe país próspero sem um mercado de ações forte. Os recursos captados pelas empresas na bolsa tem baixo custo, o que favorece novos investimentos, aumento da arrecadação do Governo Federal, crescimento do país, geração de empregos e maior renda para a classe trabalhadora. No Brasil menos de 0,5% da população aplica diretamente na Bolsa. Nos Estados Unidos mais da metade da população o faz. Empresas devem ser estimuladas a participarem da bolsa, através da redução dos custos para a abertura de capital. Esta mentalidade precisa mudar, mesmo que de maneira paulatina.  
7 – O fim das constantes intervenções do Governo Federal nas companhias de capital aberto, especialmente naquelas parcialmente controladas pelo Planalto. O efeito é sempre maléfico. Vejam os exemplos da Petrobrás, das Elétricas, etc. As regras e os contratos precisam ser respeitados.
8 – Por último, e talvez a mais complexa medida: uma reforma tributária drástica, visando principalmente desonerar o custo “Brasil” de produção. Chega de tantos impostos! Chega dos famigerados encargos trabalhistas abusivos! Não há como o setor privado crescer de forma sustentável com a proibitiva carga tributária vigente no país.


Sei que são medidas difíceis de serem tomadas, por vezes impopulares, mas seriam imprescindíveis para mudar o rumo do nosso país. Se você concorda, compartilhe estas ideias! MJR

segunda-feira, 8 de julho de 2013

Os ciclos do mercado acionário


Existem vários ciclos no mercado de ações, desde os mais longos, como os decenais, até os mais curtos, como aqueles que ocorrem dentro de um único pregão. Uma característica comum a todos é o “retorno à média”. Esta regra quase nunca tem exceção. Assim, sempre teremos os períodos de correção após a euforia do mercado, como também veremos os preços subirem após os tempos nebulosos do pessimismo exagerado.
Nesta última semana, com a queda de quase 5% o IBOV perdeu mais uma vez o fundo anterior, atingindo a mínima do ano, que corresponde a uma desvalorização de 30% em relação ao seu pico máximo no começo de janeiro de 2013. As más notícias diárias da economia brasileira, a falta de credibilidade no Governo Federal e os “números” ruins das empresas pioram ainda mais o frágil cenário nacional. Temos o segundo pior desempenho de todas as bolsas mundiais, atrás apenas do Peru. Entretanto, o pessimismo tem limite. Será que o Brasil está tão ruim assim? De repente, passamos a ser o patinho feio de todas as mazelas mundiais? O mercado é, e sempre será maníaco-depressivo! Faz parte da natureza humana em exagerar os períodos de euforia e medo.
Num aviso recente, uma importante corretora de valores americana (Morgan Stanley) indicou que o mercado brasileiro está “demasiadamente descontado”, passando a recomendação de venda para neutra, o que pode favorecer o retorno dos investidores estrangeiros. Aqui, as recentes quedas da bolsa afastaram ainda mais os pequenos investidores. Estes últimos provavelmente demorarão a retornar, e por razões óbvias. É uma pena, pois pensando no longo prazo, durante as crises mais agudas do mercado acionário, como a atual, é que temos as grandes oportunidades de investimentos – comprar ações de boas empresas em tempos de liquidação!
Bom, voltando ao retorno dos preços à média. No gráfico semanal do IBOV abaixo, podemos observar que sempre que os preços se aproximam do patamar inferior das Bandas de Bollinger (setas verdes), os mesmos tendem a buscar a média móvel de 21 períodos (linha vermelha). Portanto, muito em breve teremos um repique mais consistente do IBOV. Quando? Difícil precisar, possivelmente nas próximas semanas. Porém, uma reversão da tendência de baixa ainda está mais distante, pois é preciso gerar um “pivot de alta” no gráfico semanal – topos e fundos ascendentes – o que frequentemente leva várias semanas para acontecer. Por outro lado, é bom saber que o caminho continua livre para mais quedas, pois o próximo forte suporte é em 30.000 pontos: no mercado financeiro não existem certezas e sim probabilidades!

Apesar dos preços atrativos dos papéis brasileiros, acredito que os grandes investidores, que ditam o rumo da bolsa, estão esperando por sinais mais concretos (fundamentos) para aumentarem o apetite por ações nacionais que carregam mais riscos. Sendo assim, balanços mais positivos das empresas no segundo trimestre, a perspectiva de queda da inflação (o que já está acontecendo) e a menor interferência do Governo – ou até mesmo mudanças na equipe econômica – podem ser o gatilho dos bons tempos. Será? MJR