Após dois meses de forte alta (mais de 10%), a moeda americana
está sinalizando uma possível reversão de tendência. Na última segunda-feira o
dólar teve a maior desvalorização diária do ano, fechando na mínima do dia (cerca
de R$ 2,22). Perdeu a média móvel de 21 períodos e caminha em direção ao primeiro
forte suporte em R$ 2,17. A perda do mesmo consolidaria a tendência de baixa
para os próximos meses e o possível retorno dos preços ao patamar de R$ 2,03
até o final do ano. O único dado negativo do sinal gerado naquele dia foi que a
queda não foi acompanhada de grande volume financeiro, o que coloca o movimento
em suspeita, entretanto, de qualquer forma é um sinal negativo para a cotação do
dólar. Apesar de prejudicar as exportações brasileiras, a queda do dólar tem alguns
fatores positivos, sendo dois extremamente significativos: ajuda no combate à
inflação e favorece o desempenho do mercado de ações. Apenas em raras
situações, o mercado de câmbio não é inversamente proporcional ao desempenho da
Bolsa. Sendo assim, se a tendência de queda do dólar realmente se confirmar
para o segundo semestre, poderemos ter um alívio na pressão vendedora no IBOV e
um possível retorno dos compradores. MJR
quinta-feira, 18 de julho de 2013
Reversão de tendência no IBOV?
Como eu já tinha comentado nas últimas semanas, o IBOV parece
que está marcando o fundo em 44.100 pontos – hoje (16/07/13) fechamos em 46.869
pontos, uma distância razoável de mais de 5,0% do patamar citado. Ainda é muito
cedo para afirmar tal fato, mas há vários motivos para acreditar que a longa
tendência de baixa de 2013 – seis meses – pode estar perto do fim. O mercado
ficou extremamente sobrevendido e, por conseguinte, muito atrativo para
compras. Várias ações já começaram a sinalizar compras – pivot de alta no
gráfico diário. Entretanto, a situação gráfica do principal índice nacional ainda
é complicada e requer bastante precaução, por dois simples motivos: a tendência
no gráfico semanal ainda é de baixa e o volume financeiro neste último movimento
de alta foi pequeno. Assim, turbulências ainda são previstas. Lembre-se: não
podemos perder o fundo supracitado, caso contrário, voltamos ao olho do
furacão. Todavia, o respeito deste fundo, em caso de novo teste, pode ser um
grande sinal... Outro aspecto importante: o cenário econômico ruim parece estar
totalmente precificado: baixo crescimento do PIB, inflação persistentemente
alta e elevação da taxa básica de juros. A futura divulgação dos resultados das
empresas listadas na Bovespa, referentes ao segundo trimestre de 2013, pode ser
o combustível extra para movimentos mais bruscos da bolsa. Dados recentes do
crescimento da China vieram acima das expectativas. O programa de estímulos do
Governo Americano possivelmente permanecerá por algum tempo. Com tudo isso,
chegamos à conclusão que tempos melhores estão por vir. Será? MJR
sexta-feira, 12 de julho de 2013
O legado da OGX Petróleo!
A OGX Petróleo (OGXP3), uma das empresas do Grupo EBX, cujo sócio principal é o “megaempresário” Eike Batista, deixará um legado muito importante para os investidores do mercado de ações. A companhia abriu seu capital em junho de 2008, no olho do furacão da segunda maior crise financeira de todos os tempos. A ação perdeu mais de 80% de seu valor em apenas cinco meses, mas a verdade deve ser dita: nenhuma empresa da Bovespa escapou das quedas avassaladoras naquele ano. Porém, as perspectivas iniciais eram fenomenais e o marketing da empresa, maior ainda. De novembro de 2008 ao topo de outubro de 2010 (cotação máxima de R$ 23,39), a ação subiu mais de 800%. Neste período, a empresa atraiu milhares de investidores ao redor do mundo, pequenos e qualificados, todos obcecados pelo potencial da companhia. Naquela época, a OGX era uma empresa pré-operacional, ou seja, não produzia absolutamente nada, nenhuma gota de petróleo. À medida que os testes nos poços foram sendo “positivos”, mais os preços subiram. Numa revista de grande circulação nacional (foto abaixo), o empresário foi considerado um verdadeiro imperador e visionário. Também neste ínterim, outras empresas do Grupo EBX foram surgindo ou crescendo, com promessas ainda mais espetaculares. Todavia, a partir da fase operacional, tudo mudou... Os reservatórios não eram tão promissores. A credibilidade da empresa e do proprietário majoritário foi caindo drasticamente. As dívidas da empresa se aproximando e o crédito cada vez mais escasso. Resultado: os especuladores fizeram a festa! Operações “vendidas” eram cada vez mais presentes. As ações em forte queda desde 2012 aceleraram ainda mais o processo de derrocada do império tupiniquim. Hoje a ação vale menos que uma moeda de cinquenta centavos. Mas o pior não é isso; parte das dívidas da empresa está vinculada ao BNDES (Governo Federal). E junto com a queda das empresas do Grupo X, milhares de investidores minoritários também perderam grandes valores; aqueles que sonhavam e acreditavam nas falácias e promessas do Rei Midas. Em recente reportagem, um portal financeiro relatou que mais de 70 mil pessoas físicas ainda detêm ações da empresa e que muitos perderam quantias expressivas... Acho que o futuro da empresa está selado: o prognóstico é péssimo! Entretanto, acredito que o principal legado deste caso é que, no mercado acionário, não podemos confiar todas as nossas reservas financeiras em projetos megalomaníacos e utópicos; temos que ser mais racionais. Empresas pré-operacionais apresentam riscos pesados e, portanto, devem ser compradas com muita cautela. Não podemos arriscar tudo num só projeto. Pequenas quantias até são aceitas, porém sempre cientes do risco da perda total daquele capital. Espero que aqueles que perderam possam ter aprendido. Já os que não investiram, também devem aproveitar os grandes ensinamentos deste melancólico episódio da bolsa brasileira. Viva as fantasias e as pirâmides financeiras! MJR
terça-feira, 9 de julho de 2013
Ideias para mudar o rumo da economia brasileira.
Estive refletindo nos últimos dias... Após a leitura de
vários artigos sobre o atual estágio da economia brasileira, escritos por
economistas e especialistas renomados, resolvi elencar e resumir as principais medidas
que deveriam ser tomadas pelo Governo Federal com o intuito do país retomar o
crescimento sustentável para os próximos anos. Seguem elas:
1 – A mudança imediata da equipe econômica: não tem outro jeito, a credibilidade do atual Ministro da Fazenda é nula. Tudo que poderia dar errado, deu – gastos públicos em alta, crescimento pífio do PIB, inflação crescente, desconfiança geral dos empresários e investidores, sejam eles, locais ou estrangeiros.
2 – O modelo de crescimento da economia baseado exclusivamente
em consumo, proposto nos últimos anos pelo governo Lula e Dilma, já se esgotou.
Sem falar que a explosão do consumo aumentou o endividamento das famílias
brasileiras. Medidas pontuais de redução de impostos não funcionam mais:
ninguém vai comprar um carro, uma geladeira ou um fogão todo mês!
3 – O combate vigoroso e sistemático à inflação. O aumento da
taxa básica de juros (SELIC) e a restrição do crédito são necessários. São
remédios amargos, mas fundamentais, não há outro caminho. A inflação é
devastadora para todas as classes sociais, especialmente para os mais
desfavorecidos. Não podemos flertar novamente com os velhos tempos de
hiperinflação, como os vividos no fim do Governo Militar, do Sarney e Collor. O
Plano Real foi uma grande conquista e devemos defendê-lo a todo custo.
4 – Uma redução drástica dos gastos públicos: o atual Governo
Federal é gastador, corrupto e ineficiente. A população está na rua e não é à toa...
Não precisamos de plebiscito. Precisamos de eficiência nos gastos e um
pragmático combate à corrupção!
5 – O aumento dos investimentos nos setores público e privado.
Estima-se que para o Brasil voltar a crescer 5% ao ano é preciso ter uma taxa
de investimento de pelos menos 25% do PIB. No ano passado esta taxa foi de apenas
18%. Investimentos em infraestrutura são prementes e cruciais: estradas, ferrovias,
portos, aeroportos, geração de energia, etc. Investimentos de longo prazo em
educação e tecnologia mudarão definitivamente a qualidade de vida da população.
6 – A criação de fortes incentivos fiscais aos investidores da
bolsa de valores, especialmente para aplicações de médio e longo prazo. Não
existe país próspero sem um mercado de ações forte. Os recursos captados pelas
empresas na bolsa tem baixo custo, o que favorece novos investimentos, aumento
da arrecadação do Governo Federal, crescimento do país, geração de empregos e
maior renda para a classe trabalhadora. No Brasil menos de 0,5% da população
aplica diretamente na Bolsa. Nos Estados Unidos mais da metade da população o
faz. Empresas devem ser estimuladas a participarem da bolsa, através da redução
dos custos para a abertura de capital. Esta mentalidade precisa mudar, mesmo
que de maneira paulatina.
7 – O fim das constantes intervenções do Governo Federal nas
companhias de capital aberto, especialmente naquelas parcialmente controladas
pelo Planalto. O efeito é sempre maléfico. Vejam os exemplos da Petrobrás, das Elétricas,
etc. As regras e os contratos precisam ser respeitados.
8 – Por último, e talvez a mais complexa medida: uma reforma
tributária drástica, visando principalmente desonerar o custo “Brasil” de
produção. Chega de tantos impostos! Chega dos famigerados encargos trabalhistas
abusivos! Não há como o setor privado crescer de forma sustentável com a proibitiva
carga tributária vigente no país.
Sei que são medidas difíceis de serem tomadas, por vezes impopulares, mas seriam imprescindíveis para mudar o rumo do nosso país. Se você concorda, compartilhe estas ideias! MJR
segunda-feira, 8 de julho de 2013
Os ciclos do mercado acionário
Existem vários ciclos no mercado de ações, desde os mais
longos, como os decenais, até os mais curtos, como aqueles que ocorrem dentro
de um único pregão. Uma característica comum a todos é o “retorno à média”.
Esta regra quase nunca tem exceção. Assim, sempre teremos os períodos de
correção após a euforia do mercado, como também veremos os preços subirem após
os tempos nebulosos do pessimismo exagerado.
Nesta última semana, com a queda de quase 5% o IBOV perdeu
mais uma vez o fundo anterior, atingindo a mínima do ano, que corresponde a uma
desvalorização de 30% em relação ao seu pico máximo no começo de janeiro de
2013. As más notícias diárias da economia brasileira, a falta de credibilidade
no Governo Federal e os “números” ruins das empresas pioram ainda mais o frágil
cenário nacional. Temos o segundo pior desempenho de todas as bolsas mundiais,
atrás apenas do Peru. Entretanto, o pessimismo tem limite. Será que o Brasil
está tão ruim assim? De repente, passamos a ser o patinho feio de todas as
mazelas mundiais? O mercado é, e sempre será maníaco-depressivo! Faz parte da
natureza humana em exagerar os períodos de euforia e medo.
Num aviso recente, uma importante corretora de valores americana
(Morgan Stanley) indicou que o mercado brasileiro está “demasiadamente
descontado”, passando a recomendação de venda para neutra, o que pode favorecer
o retorno dos investidores estrangeiros. Aqui, as recentes quedas da bolsa
afastaram ainda mais os pequenos investidores. Estes últimos provavelmente
demorarão a retornar, e por razões óbvias. É uma pena, pois pensando no longo
prazo, durante as crises mais agudas do mercado acionário, como a atual, é que temos
as grandes oportunidades de investimentos – comprar ações de boas empresas em
tempos de liquidação!
Bom, voltando ao retorno dos preços à média. No gráfico
semanal do IBOV abaixo, podemos observar que sempre que os preços se aproximam do
patamar inferior das Bandas de Bollinger (setas verdes), os mesmos tendem a
buscar a média móvel de 21 períodos (linha vermelha). Portanto, muito em breve
teremos um repique mais consistente do IBOV. Quando? Difícil precisar,
possivelmente nas próximas semanas. Porém, uma reversão da tendência de baixa ainda
está mais distante, pois é preciso gerar um “pivot de alta” no gráfico semanal
– topos e fundos ascendentes – o que frequentemente leva várias semanas para
acontecer. Por outro lado, é bom saber que o caminho continua livre para mais
quedas, pois o próximo forte suporte é em 30.000 pontos: no mercado financeiro
não existem certezas e sim probabilidades!
Apesar dos preços atrativos dos papéis brasileiros, acredito
que os grandes investidores, que ditam o rumo da bolsa, estão esperando por sinais
mais concretos (fundamentos) para aumentarem o apetite por ações nacionais que
carregam mais riscos. Sendo assim, balanços mais positivos das empresas no
segundo trimestre, a perspectiva de queda da inflação (o que já está
acontecendo) e a menor interferência do Governo – ou até mesmo mudanças na
equipe econômica – podem ser o gatilho dos bons tempos. Será? MJR
Assinar:
Postagens (Atom)