quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

Entre o céu e o inferno


No último post prometi que apresentaria a minha perspectiva gráfica do IBOV para o ano de 2014. Antes, alguns breves comentários. Para muitos a análise técnica é mera especulação, bruxaria, quase surrealista. Posso garantir: não é. Ela é utilizada por mercadores e analistas há séculos nos diferentes setores da economia. A premissa principal é de que o comportamento dos preços de um ativo no presente e no passado poderá indicar o futuro. Sendo assim, como os gráficos influenciam na dinâmica dos preços?... Apesar de não serem a causa básica da movimentação dos preços, eles influenciam e muito seu comportamento. Fazendo uma breve analogia, a análise gráfica é o combustível extra de uma combustão já deflagrada. Desta forma, uma boa notícia pode ser alimentada se graficamente for uma boa oportunidade, por exemplo, o rompimento de uma resistência. Por outro lado, uma má notícia acompanhada de uma perda de suporte nos gráficos, geralmente provoca uma queda avassaladora nos preços! Portanto, os gráficos mostram os rastros das boas notícias e dos bons fundamentos, bem como das situações opostas. O pequeno investidor deve seguir o caminho dos detentores das boas informações. Esta é a lógica!

Bom, voltemos ao tema central do artigo. O título já fala por si: o ano de 2014 será marcado pela alta volatilidade. Preparem-se para o combate! Os fatores macroeconômicos já foram comentados nos posts anteriores. Os dados gráficos também serão determinantes. Então, vamos por partes:



Desde o topo triplo de 2010 estamos numa longa e tenebrosa tendência de baixa no gráfico mensal – o mais poderoso de todos os gráficos, pois mostra a tendência de longo prazo. Após a desastrosa sequência de seis meses consecutivos de baixa no primeiro semestre de 2013, algo raro no IBOV, tivemos quatro meses seguidos de alta, e agora terminamos os dois últimos meses em correção (queda). É verdade, o ano não acabou e o mês de dezembro ainda tem três pregões, mas provavelmente eles não mudarão as minhas perspectivas. Assim, temos a possibilidade de três cenários principais para 2014: 



O céu. O comportamento dos preços no segundo semestre de 2013, poderia estar nos preparando para quebrar a longa e cansativa tendência de baixa vigente. Então o que o índice precisa fazer para confirmar esta virada?... Primeiro, respeitar o suporte em 49 mil pontos, que corresponde à correção de 61,2% (Fibonacci) da última perna de alta (julho a outubro de 2012); Segundo, superar a máxima de outubro de 2012, cerca de 56.700 pontos. Caso isto ocorra formaremos um pivot de alta no gráfico mensal, o que poderia levar o índice a 62 e 70 mil pontos (projeção de Fibonacci). E melhor. Neste cenário estaríamos flertando com o topo histórico em 73.920 pontos. O rompimento do mesmo poderia abrir caminho, a partir de 2015, para um longo e sustentável  movimento de alta, semelhante ao ocorrido de 2003 a 2008, alta de mais de 700%. O verdadeiro paraíso!



O inferno.  Neste hipotético cenário, o movimento de alta visto a partir de julho do ano passado teria sido apenas um repique do índice após a derrocada do primeiro semestre. Desta forma, o provável seria perder o suporte em 49 mil pontos, dando continuidade à tendência de baixa e caminhar a passos largos para a porta do inferno: o fortíssimo suporte em 44 mil pontos (mínima de 2012). A perda deste patamar seria um desastre! ... Os objetivos? 37 mil e 25 mil pontos por Fibonacci, e 29 mil pelo fundo de 2008. Desta forma a queda poderia chegar a 50%. Uma pancada! Protejam-se...



A terceira via: entre o céu e o inferno. A possibilidade de um fundo duplo em 44 mil pontos e o não rompimento da forte resistência em 56.700 pontos poderá levar o índice a uma cansativa congestão entre os dois patamares. Ou seja, mais um ano de lengalenga!

Agora, a pergunta que vale milhões de dólares: qual é o caminho mais provável?...  Não tenho a resposta, aliás, ninguém tem. No mercado financeiro não existem certezas, e sim probabilidades! Porém, atualmente, 25 de dezembro de 2013, paradoxalmente, o mais provável é o caminho para o inferno. Todavia, como já dissemos, tudo vai depender dos aspectos macroeconômicos e dos fundamentos das empresas listadas no IBOV. Os gráficos serão apenas o gatilho para acelerar os movimentos descritos. O mais importante é gravar na memória os importantes patamares referidos, e investir de acordo com a evolução do índice durante o ano.

É importante salientar que mesmo em cenários de forte queda do IBOV, o pequeno investidor pode proteger sua carteira de ações através de simples ferramentas de hedge, como exemplo, vendendo o mini-índice futuro do IBOV. Basta um pouco de conhecimento e estudo. Recentemente, ministrei uma aula com este propósito e um fato me surpreendeu: pouquíssimos investidores autônomos conhecem estes mecanismos, o que é muito preocupante. Aguardemos o ano de 2014...


Feliz Natal e um Ótimo Ano Novo para todos, com muita saúde, paz e sabedoria! 
MJR


quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

O que esperar de 2014?

Poderia responder em poucas palavras: não será um ano fácil para o investidor da bolsa. As razões? Inúmeras... Estamos num transatlântico à deriva. Pior. Sabe quem é o capitão? Não, não é o Schettino do Costa Concórdia que naufragou na costa italiana em 2012. Muito pior. É ele mesmo, o profeta: Guido.

O ano de 2013 foi um desastre para o pequeno investidor no mercado de ações. Até agora, cerca de 20% de prejuízo, sem contar o custo de oportunidade. Até mesmo para os investidores profissionais, o ano não foi fácil. As curtas tendências dos ativos eram interrompidas bruscamente. O descolamento da bolsa brasileira em relação às principais bolsas internacionais foi outro agravante perturbador. Antes, quando lá subia, aqui seguíamos. Quando lá caía, o nosso rumo era o mesmo.  Este ano foi um descompasso total. Enquanto o índice Dow Jones subiu mais de 20% este ano, aqui despencamos o mesmo montante. O ano de 2013 foi desafiador e complexo...

Os problemas que afetaram a Bovespa em 2013 continuam em pauta e são os mesmos já comentados: inflação persistente, crescimento pífio do PIB, carga tributária excessiva, aumento abusivo dos gastos públicos, queda nos investimentos, intervenções constantes do Governo no setor privado e, o mais grave, a total perda de confiança por parte dos investidores em relação ao Governo Federal. O atual Governo conseguiu destruir em poucos anos o longo trabalho iniciado há 20 anos, com a criação do Plano Real.
Para apimentar ainda mais o cenário nebuloso, no próximo ano teremos a redução dos estímulos da economia americana por parte do Federal Reserve e um grande fator agravante: 2014 é um ano eleitoral. A volatilidade no mercado de renda variável deverá ser fenomenal. Assim, para quem não gosta de turbulências e é mais conservador, o melhor mesmo é ficar de fora. Sugestão: faça a migração de seus investimentos para os títulos do Tesouro Direto, pois eles terão um bom desempenho nos próximos anos, especialmente as Notas do Tesouro Nacional Série B e as Letras do Tesouro Nacional. Para quem tiver estômago e conhecimento, acredito que teremos boas oportunidades pontuais no mercado de ações, sempre explorando a volatilidade do mercado, haja vista que a possibilidade de um cenário direcional consistente é remota. Outra possibilidade é uma criteriosa seleção de ativos. Todavia... 

Três fatores poderiam desencadear o retorno dos investidores e, por conseguinte, um forte movimento de compra das ações brasileiras:
1 = Uma drástica mudança de postura do Governo Federal, corrigindo os erros e, principalmente, promovendo a troca da equipe econômica. O mercado já sinalizou que com o Profeta não tem mais conversa. Basta! Contudo, acho muito difícil que a “Presidenta” tome esta decisão.
2 = Uma melhora significativa e sustentável dos indicadores econômicos. O que também não é provável no curto prazo.
3 = Por último, uma eventual vitória da oposição no pleito presidencial poderia animar o mercado e renovar as esperanças dos investidores. Porém, este talvez seja o acontecimento mais improvável, pois a chance da oposição ganhar é quase nula. Aliás, cadê a oposição neste país? ... Por incrível que pareça, as pesquisas continuam indicando que a “Presidenta” deverá ganhar facilmente. O povo merece seus mandatários. Vivemos numa democracia de pão e circo, ou melhor, Bolsa Família e Copa. Apenas uma verdadeira revolução educacional poderia mudar esta triste realidade.

Desta forma, o prognóstico para a economia brasileira em 2014 é sombrio (espero estar errado!). O duro é lembrar que, se o Governo Federal tivesse feito o dever de casa, poderíamos estar numa situação muito melhor, surfando numa bela onda do desenvolvimento, o que seria bom para todos os brasileiros, sem exceção!
Aproveito a ocasião para desejar a todos um Feliz Natal, além de muita paciência e sabedoria para enfrentar o difícil ano vindouro para o mercado de ações.
No próximo post escreverei sobre a perspectiva gráfica para 2014.
Boas festas. Tintim!

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

O Profeta – Guido Mantega e suas falácias


O nome já não é muito confiável, parece mais uma personagem de desenho animado, mas o discurso dele é imbatível: um lixo! Eu diria que o Ministro da Fazenda é um verdadeiro profeta, porém às avessas! Todas as suas previsões são um fracasso. A incompetência dele é ímpar. Recentemente li numa reportagem o seguinte título: quer perder dinheiro, aposte nas previsões do Guido... Parece piada de mau gosto, mas é incrível como tudo no Governo Federal está saindo errado. Há 12 meses, uma renomada revista internacional (The Economist) ironizou o Ministro e sugeriu que a solução para a economia brasileira e, principalmente, para a crise de confiança do mercado financeiro nacional era a sumária demissão do profeta governamental. Em nome da soberania nacional a “Presidenta” manteve o companheiro no cargo. Com isso, estamos cada vez mais atolados na mesmice e na estagnação.

Vamos relembrar últimos principais fatos econômicos:
1 – A reunião do Conselho de Administração da Petrobrás ocorrida na última sexta-feira de novembro foi um desastre. Resultado: a empresa perdeu em apenas um dia mais de 24 bilhões de valor de mercado. Curiosidade: você sabe quem é o Presidente do Conselho da Petrobrás?... Ele mesmo, o profeta. Só mesmo no Brasil para o ministro da “economia” ser também o Presidente do Conselho de Administração da maior companhia de capital aberto do país. Haja conflito de interesse. Uma verdadeira facada nas regras de compliance.
2 – O PIB do terceiro trimestre foi melancólico: queda de 0,5% em relação ao trimestre anterior. Sem comentários.
3 – O Superávit Primário está cada vez mais fraco. Vamos aguardar qual será a próxima artimanha do profeta para mudanças nos cálculos do superávit, no sorrateiro intuito de mascarar os frágeis números das contas públicas. O profeta tem convicção que engana o mercado.
4 – E a inflação? Continua firme e forte, no teto da meta. Só não ultrapassou a meta em virtude das constantes interferências do Governo segurando as tarifas públicas.

Assim, está muito difícil desejar um Próspero Ano de 2014 para a economia brasileira. Provavelmente, será mais, do mesmo. Triste perspectiva!
Esperemos a próxima mazela do nosso glorioso “profeta”...

MJR

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

A Selic, a inflação e você!


Taxa Selic... Que coisa é essa? Infelizmente, a maioria da população brasileira não tem a mínima noção do que se trata. A taxa básica de juros de um país, Selic, aqui no Brasil, é determinada pelo Banco Central (BACEN) e rebalanceada em média a cada 45 dias. A importância dela é fenomenal. E é para todos os brasileiros, sem discriminação. Baseado nela, temos a correção das aplicações em poupança, fundos de investimentos referenciados em DI e títulos do Tesouro Direto, dentre outros. Basicamente, o rendimento de todos os investimentos está vinculado à Selic, de uma forma ou de outra. Por outro lado, o crédito bancário também é atrelado à Selic. Quanto mais elevada, maior será a taxa de juros que você paga no cartão de crédito, no cheque especial, no financiamento imobiliário, no financiamento de um carro ou num crédito pessoal. Desta forma, o crédito mais caro e escasso é um poderoso instrumento contra o persistente processo inflacionário. Quem viveu os tempos de hiperinflação sabe que a inflação é o pior dos “tributos”, especialmente para as classes mais humildes!
Na última semana o BACEN anunciou que a taxa voltou aos dois dígitos (10%), após quase dois anos, o que provocou a ira de alguns setores da economia, especialmente dos ruidosos sindicalistas. É bom lembrar que poucos meses atrás a taxa era de “apenas” 7,25%. Uma alta de quase 40% em menos de um ano. Atualmente temos a maior taxa real de juros, cerca de 4% (a taxa real de juros é obtida descontando da taxa nominal, hoje em 10%, a inflação, estimada em 6%; na China é de 3,1%, o segundo colocado no ranking).
Portanto, concordo que a taxa é alta, porém este amargo remédio se faz necessário. Na verdade, ele já deveria ter sido prescrito há mais tempo. O Governo Dilma, que é marcado por autoritarismo, populismo, negligência e ineficiência, com o pretexto de estimular um forte crescimento da economia e apoiado pelos estridentes “companheiros”, ordenou a queda da taxa de juros na “marra”, mesmo com os fortes indícios da escalada da inflação. Moral da estória: atualmente temos um crescimento pífio do PIB, uma inflação alta e resistente, um governo atônito, um Ministro da Economia soltando bravatas e mais bravatas, e agora a cereja do bolo, uma generosa taxa de juros; uma salva de palmas para a nossa “Presidenta” e seus fatídicos companheiros.
É óbvio que existem outros mecanismos de controle da inflação, porém o Governo Dilma insistiu em não tomar as medidas corretas. Os gastos públicos estão em patamares nunca vistos, nem o Super Lula conseguiu tal proeza. Mesmo com o constante aumento da arrecadação – o Brasil tem uma das maiores cargas tributárias do mundo – o superávit primário divulgado nesta semana teve o pior desempenho desde 2004. Para quem não se lembra, o superávit primário representa o saldo positivo das contas do Governo Federal, subtraindo da arrecadação, os gastos públicos; isso sem contar o pagamento dos juros da dívida. Este tipo de situação provoca uma desconfiança generalizada dos investidores, locais e estrangeiros, o que é péssimo para o crescimento do país, pois o retorno dos investimentos é imprescindível para a recuperação da cambaleante e desacreditada economia brasileira.
Assim, é preciso entender que não se baixa os juros no grito; é preciso que o Governo Federal tome medidas sérias e prolongadas, no intuito de preparar o terreno para tal situação. Países do Primeiro Mundo têm uma taxa básica de juros próxima a zero, e uma inflação controlada. A Alemanha é um grande exemplo. Como os alemães conseguem?... Fazendo o dever de casa. Gestão, eficiência, combate à corrupção e controle rigoroso dos gastos públicos. É bom lembrar que no último século, os alemães foram derrotados em duas guerras mundiais, e mesmo assim, se recuperaram e hoje representam o terceiro maior PIB do mundo. Que inveja!

Cansei do PT...