Como previsto na última publicação*, o IBOV continuou em alta nas duas primeiras semanas de dezembro. Algumas correções pontuais ocorreram, mas nada que tirasse o ímpeto comprador dos investidores.
Graficamente e objetivamente, não existem sinais claros de mudança
dessa tendência de alta. É provável que busquemos ainda em 2020, pelos menos o
topo histórico em 120 mil pontos. Novas máximas também são possíveis.
Todavia, sigo de perto um indicador técnico que já mostra sinais de
cansaço desse movimento de alta. Assim, escrevo essa atualização extraordinária
para alertar aos leitores que em algum momento no futuro uma correção mais intensa virá. Isso faz parte do mercado de renda variável. Nada sobe
eternamente. Como sempre, só não sabemos quando será: pode ser na próxima
semana, em janeiro ou fevereiro, mas a correção virá. Não tenho dúvida disso.
Outro ponto: várias ações subiram fortemente nos últimos 40
dias e podem continuar subindo, mas a “margem de segurança” do
investimento está cada vez mais apertada. Grosso modo, essa margem é a
diferença entre o preço atual e o valor justo do ativo num futuro pré-determinado.
Um exemplo: numa das casas de análise independente que acompanho, as ações da Vale
tinham como preço-alvo 78 reais (relatório de outubro de 2020). A ação estava
cotada a 62 reais. Assim, a margem de segurança era bem confortável. Bom, mas
atualmente, a ação já superou esse valor (85 reais). Cadê a margem de segurança? Esse caso
da Vale foi apenas um exemplo, pois vários ativos estão na mesma situação. Faça uma
varredura detalhada na sua carteira.
Importantíssimo: vender parte dos ativos em carteira
é muito diferente de venda a descoberto. Vender sem ter o ativo é um
movimento muito arriscado e, pior, pouco inteligente no cenário atual.
Mais um aspecto relevante: o “rotation trade”
continua a todo vapor. Empresas que ficaram para trás, como bancos,
mineradores, siderúrgicas e petroleiras subiram fortemente. Com a queda do dólar
mundo afora, as commodities subiram de maneira intensa (essa correlação inversa
é muito comum).
Assim, o que fazer com seu portfólio de ações? Deixe de lado
o “tudo ou nada”, faça um meio-termo. Realize parcialmente seus lucros. Lucros
no bolso não geram prejuízos, nunca. E a parte que permanecerá comprada em
renda variável continuará a aproveitar o bom momento da bolsa. Exemplo: se você
tem 30% em bolsa, porque não reduzir em 1/3 ou pela metade sua posição? Não existe
uma receita de bolo, o montante é uma decisão individual.
Ativos de proteção: dólar e ouro caíram muito nos
últimos dias, mas lembre-se de que a função deles é proteção, por isso você deve
mantê-los em carteira. Talvez entre 5 a 10% do portfólio.
Por último, onde colocar o dinheiro da venda de parte do book de ações. Recomendo aplicar em caixa (DI ou Selic) e em títulos vinculados à inflação de curto prazo, que são menos voláteis em virtude da possibilidade da subida dos juros futuros (importante: visando sua aposentadoria mantenha seus títulos de longo prazo vinculados à inflação). Outra opção é aumentar um pouco no ativos de proteção, porém sem exagerar na dose.
**Conheça a segunda edição do livro: Índice Bovespa Futuro.