domingo, 2 de março de 2014

A Copa, os Protestos e a Democracia.


Apesar de ser fanático por futebol, até 2013 sempre fui contra a realização da Copa no Brasil. Por alguns motivos: a incompetência do Governo Federal, a corrupção generalizada no Brasil e a falta de infraestrutura no país. Não estávamos e não estamos preparados para tal evento. Outra coisa: tínhamos outras prioridades! Porém, chegado o ano de 2014, não sou mais contra, pois a Copa esta aí. Não adianta espernear: o país do futebol receberá a Copa, portanto temos que aproveitar a oportunidade. Vejam algumas ponderações:

Desde a confirmação do Brasil como sede da Copa de 2014, em outubro de 2007, estamos batendo cabeça. O orçamento já estourou há muito tempo: todos os estádios ficaram mais caros que o previsto. Pelo menos dois deles ainda correm o risco de ficar fora da Copa, por obras inacabadas. As outras melhorias na infraestrutura foram tímidas e estão em andamento. Alguns estádios foram construídos onde sequer o futebol é profissional: uma decisão política do Ex-Presidente Lula, totalmente equivocada. Estes estádios virarão “elefantes brancos”. Assim, o chamado legado da Copa ficou para uma próxima oportunidade. Muita promessa e pouco resultado!

Para complicar a situação surgiram os protestos populares. Não sou contra as manifestações, aliás, elas são fundamentais para sedimentar nossa jovem democracia e garantir o direito constitucional de liberdade de expressão. Mas tudo tem limite. O que estamos assistindo de camarote são manifestações violentas e fora do controle da polícia. Somente agora, após a morte de um jornalista, atingido por um rojão durante uma manifestação no Rio de Janeiro, a Presidente Dilma resolveu atacar o problema com mais ênfase. Porém, acho que a decisão veio tarde demais.

Em qualquer país civilizado, as regras para as “reuniões populares”, como diz a nossa Constituição, são bem caracterizadas e os limites são claros. No Brasil, por lei, existem apenas dois limites: uma manifestação não pode atrapalhar outra previamente agendada e é vedado o anonimato nos protestos. Isso mesmo, os mascarados são proibidos, mas nas ruas, o que vemos é uma situação bem diferente... Na Alemanha, por exemplo, as manifestações precisam ser comunicadas as autoridades policiais com 48 horas de antecedência e é terminantemente proibido o anonimato, o que permite a ação imediata da polícia. Inclusive, por lá, o controle policial sobre a passeata é total. Ou seja, manifestar é permitido, vandalismo e quebra-quebra não. Outra coisa, retirar o direito de ir e vir das outras pessoas também não é permitido. Quebrar o patrimônio público ou privado é motivo de prisão. O controle através de monitoramento com câmeras é fundamental.


Por último, tenho convicção de que os protestos deveriam ter ocorrido em 2007, logo após o anúncio da FIFA, e não agora. Assim, bilhões de reais não seriam desperdiçados. Com as tardias manifestações, perderemos duas vezes: além do dinheiro que foi embora pelo ralo, muitos turistas que pretendiam visitar o Brasil possivelmente estão repensando sua viagem. Tudo isso comprova que a escolha da FIFA foi equivocada. A Copa será realizada, contudo não terá o mesmo brilho de outros eventos. Tensão, baderna e desorganização não combinam com um evento esportivo deste porte. Espero estar errado e que a Copa ocorra em paz, pois para quem gosta de futebol, não tem evento mais mágico e saboroso. 
MJR


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