No último post prometi que apresentaria a minha perspectiva
gráfica do IBOV para o ano de 2014. Antes, alguns breves comentários. Para
muitos a análise técnica é mera especulação, bruxaria, quase surrealista. Posso
garantir: não é. Ela é utilizada por mercadores e analistas há séculos nos
diferentes setores da economia. A premissa principal é de que o comportamento
dos preços de um ativo no presente e no passado poderá indicar o futuro. Sendo
assim, como os gráficos influenciam na dinâmica dos preços?... Apesar de não
serem a causa básica da movimentação dos preços, eles influenciam e muito seu comportamento.
Fazendo uma breve analogia, a análise gráfica é o combustível extra de uma
combustão já deflagrada. Desta forma, uma boa notícia pode ser alimentada se
graficamente for uma boa oportunidade, por exemplo, o rompimento de uma
resistência. Por outro lado, uma má notícia acompanhada de uma perda de suporte
nos gráficos, geralmente provoca uma queda avassaladora nos preços! Portanto,
os gráficos mostram os rastros das boas notícias e dos bons fundamentos, bem
como das situações opostas. O pequeno investidor deve seguir o caminho dos
detentores das boas informações. Esta é a lógica!
Bom,
voltemos ao tema central do artigo. O título já fala por si: o ano de 2014 será
marcado pela alta volatilidade. Preparem-se para o combate! Os fatores macroeconômicos
já foram comentados nos posts
anteriores. Os dados gráficos também serão determinantes. Então, vamos por
partes:
Desde o topo
triplo de 2010 estamos numa longa e tenebrosa tendência de baixa no gráfico
mensal – o mais poderoso de todos os gráficos, pois mostra a tendência de longo
prazo. Após a desastrosa sequência de seis meses consecutivos de baixa no
primeiro semestre de 2013, algo raro no IBOV, tivemos quatro meses seguidos de
alta, e agora terminamos os dois últimos meses em correção (queda). É verdade,
o ano não acabou e o mês de dezembro ainda tem três pregões, mas provavelmente
eles não mudarão as minhas perspectivas. Assim, temos a possibilidade de três
cenários principais para 2014:
O céu. O comportamento dos preços no segundo
semestre de 2013, poderia estar nos preparando para quebrar a longa e cansativa
tendência de baixa vigente. Então o que o índice precisa fazer para confirmar
esta virada?... Primeiro, respeitar o suporte em 49 mil pontos, que corresponde
à correção de 61,2% (Fibonacci) da
última perna de alta (julho a outubro de 2012); Segundo, superar a máxima de
outubro de 2012, cerca de 56.700 pontos. Caso isto ocorra formaremos um pivot
de alta no gráfico mensal, o que poderia levar o índice a 62 e 70 mil pontos
(projeção de Fibonacci). E melhor. Neste
cenário estaríamos flertando com o topo histórico em 73.920 pontos. O rompimento
do mesmo poderia abrir caminho, a partir de 2015, para um longo e sustentável movimento de alta, semelhante ao ocorrido de
2003 a 2008, alta de mais de 700%. O verdadeiro paraíso!
O inferno. Neste hipotético cenário, o movimento de alta visto
a partir de julho do ano passado teria sido apenas um repique do índice após a derrocada
do primeiro semestre. Desta forma, o provável seria perder o suporte em 49 mil
pontos, dando continuidade à tendência de baixa e caminhar a passos largos para
a porta do inferno: o fortíssimo suporte em 44 mil pontos (mínima de 2012). A
perda deste patamar seria um desastre! ... Os objetivos? 37 mil e 25 mil pontos
por Fibonacci, e 29 mil pelo fundo de
2008. Desta forma a queda poderia chegar a 50%. Uma pancada! Protejam-se...
A terceira via: entre o céu e o
inferno. A possibilidade
de um fundo duplo em 44 mil pontos e o não rompimento da forte resistência em 56.700
pontos poderá levar o índice a uma cansativa congestão entre os dois patamares.
Ou seja, mais um ano de lengalenga!
Agora, a pergunta
que vale milhões de dólares: qual é o caminho mais provável?... Não tenho a resposta, aliás, ninguém tem. No
mercado financeiro não existem certezas, e sim probabilidades! Porém, atualmente,
25 de dezembro de 2013, paradoxalmente, o mais provável é o caminho para o
inferno. Todavia, como já dissemos, tudo vai depender dos aspectos
macroeconômicos e dos fundamentos das empresas listadas no IBOV. Os gráficos
serão apenas o gatilho para acelerar os movimentos descritos. O mais importante
é gravar na memória os importantes patamares referidos, e investir de acordo
com a evolução do índice durante o ano.
É importante
salientar que mesmo em cenários de forte queda do IBOV, o pequeno investidor
pode proteger sua carteira de ações através de simples ferramentas de hedge, como exemplo, vendendo o
mini-índice futuro do IBOV. Basta um pouco de conhecimento e estudo.
Recentemente, ministrei uma aula com este propósito e um fato me surpreendeu:
pouquíssimos investidores autônomos conhecem estes mecanismos, o que é muito
preocupante. Aguardemos o ano de 2014...
Feliz Natal
e um Ótimo Ano Novo para todos, com muita saúde, paz e sabedoria!
MJR
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