domingo, 12 de janeiro de 2014

“A Tempestade Perfeita”


Desde que o economista e ex-ministro da fazenda Delfim Neto citou este termo em artigo publicado no Jornal Valor Econômico, em outubro de 2013, o tema virou moda no mercado financeiro. Naquele momento, o que motivou Delfim a escrever o texto foi uma votação no Congresso Nacional, onde nossos ilustres deputados federais aprovaram uma proposta com o claro intuito de “violação fiscal” da importante Lei de Responsabilidade Fiscal, o que, se aprovada pelo Senado, facilitará o aumento dos gastos públicos em todas as esferas, quebrando ainda mais a confiança do mercado financeiro e favorecendo o rebaixamento do Grau de Investimento do Brasil pelas agências internacionais de classificação de risco, ou seja, investir no Brasil terá maior risco de inadimplência. Com isso, haverá fuga de capital do Brasil e o Tesouro Nacional para conseguir recursos, necessitará emitir títulos públicos com maiores prêmios, o que já está acontecendo. Esta é a lei do mercado!

Mas, o que é a Tempestade Perfeita? Poderia responder de uma maneira simples: ela é o cenário de inferno para os investidores que citei no blog em dezembro de 2013. Contudo, para Delfim, a Tempestade Perfeita é a união da redução dos estímulos financeiros do Federal Reserve (o que já começou) e o rebaixamento do Brasil pelas agências de Rating (o que é provável em breve), num caótico cenário econômico interno (inflação persistente, juros em alta, gastos públicos excessivos, falta de investimentos, PIB raquítico e perda de confiança dos investidores). Estes fatores vão afugentar ainda mais o capital do Brasil, especialmente o estrangeiro, enfraquecendo a já combalida economia brasileira, pressionando o dólar e naufragando a Bovespa. Sem falar nas eleições presidenciais em 2014. Será um estrago perfeito!

Previa-se inicialmente que a Tempestade ocorreria lá pelo meio do ano; o próprio Delfim, em entrevista no mês passado, argumentou que o risco da Tempestade Perfeita teria diminuído. Porém, me parece que o tornado chegou. Todos os ingredientes já estão na mesa: bon appétit! Na última quinta-feira a bolsa perdeu os 50 mil pontos: o IBOV já caiu quase 4% em apenas sete pregões de 2014.

E o profeta Guido por onde anda? ... Velejando em águas calmas em seu mar de fantasias. Para ele tudo não passa de neurose do mercado. O profeta deve estar se preparando para um bom e “merecido” descanso de verão. Cadê o protetor solar?


Por último, deixo aqui uma mensagem aos pequenos investidores do mercado de ações: façam hedge de carteira ou migrem para investimentos de menor risco. Não fiquem atônitos ou esperançosos com os repiques de alta, nem rezando para a tempestade ir embora. Acorde! Ela está batendo na sua porta: prepare-se! ... Não sei quanto tempo durará o desastre, mas uma convicção eu tenho: após a tormenta teremos um cenário melhor: boas ações a preços irrisórios. O caos é sempre uma ótima oportunidade para garimpar bons ativos. Como já dizia um sábio investidor: “quando há sangue jorrando nas ruas, temos o melhor cenário para se investir em ações”. Então, mexa-se! MJR

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