sábado, 26 de setembro de 2020

Qual o meu conceito de “investir sozinho”?

 


Desde que comecei a escrever o meu primeiro livro em 2013, sempre usei a expressão “aprenda a investir sozinho”. Para mim já é um “jargão”. Mas, outro dia um amigo próximo me perguntou: “Marcelo, o que você quer dizer com investir sozinho”. Fiquei refletindo sobre o assunto e resolvi escrever, ou melhor, detalhar o meu pensamento e compartilhar com os meus leitores.

Já deixo aqui o resumo e o mais importante: todas as decisões tomadas na montagem de uma carteira de investimentos devem ter o aval final do “dono do dinheiro” – o investidor. Você pode e deve ter o auxílio de outras pessoas, mas a palavra final sempre deverá ser sua. Isso é mandatório.

Posto isto, como chegar à decisão final. Veja os passos:

1.      O passo inicial é que o cidadão não especialista no mercado financeiro precisa querer ser um investidor. E precisa ter convicção. Apesar de ser uma tarefa relativamente simples, ela exigirá dedicação, conhecimento e esforço do potencial investidor. E mais. O ato de investir está sempre atrelado à dúvida – não temos o controle algum sobre o desempenho futuro dos diversos ativos, aliás, ninguém tem. Na escolha entre dois ativos hipotéticos, A e B, na escolha de um, você está abrindo a mão do outro, e isso usualmente gera dúvida e estresse. Faz parte do dia a dia. Não tem como ser diferente.

2.      O segundo passo é ter dinheiro para investir. Desta forma, você necessariamente precisa separar uma parte do seu salário para colocar na sua carteira de investimentos, e de preferência que isso ocorra todos os meses. É preciso ter disciplina. Aqui outro ponto “negativo” para o investidor: você está abrindo mão de um consumo imediato para usufruir no futuro, e isso gera desconforto e quase sempre não é muito prazeroso. O ser humano, em geral, prefere as realizações de imediato, no presente. É preciso controlar esse instinto. Os maiores retornos são obtidos com os investimentos de longo prazo. Essa é a regra!

3.      O terceiro passo é estudar muito sobre o tema. Como o assunto não é abordado na grade curricular da maioria das escolas e universidades no Brasil, quase sempre aprendemos na prática. Decididamente, no começo não é uma tarefa fácil, mas depois, a descoberta do fascinante mundo dos investimentos é muito recompensadora por dois motivos: o prazer do conhecimento e o bom resultado na sua carteira de investimentos – lucros cada vez maiores (o fantástico mundo dos juros compostos a seu favor). Porém, pra tanto, é preciso muita dedicação e esforço, aproveitando as horas livres de descanso, isto é, você irá trocar seu tempo livre para estudar. Mais um fator “negativo”.

4.      Quarto passo: obrigatoriamente, você precisará abrir uma conta numa corretora de valores. E isso, para a maioria dos brasileiros, é um fator de estresse, pela novidade. Não éramos acostumados a isso (fomos criados em cenários de juros altos e retornos fáceis, sem riscos, aplicando em produtos disponíveis nos bancos comerciais). Atualmente, o processo de abertura de conta numa corretora é muito simples e quase sempre, tudo on-line. Basta você escolher uma boa corretora e executar o registro.

5.      O quinto passo, e talvez um dos mais importantes, é montar uma carteira de investimentos. Um dos princípios mais relevantes é a diversificação, ou seja, não podemos concentrar nosso dinheiro em poucos ativos. E mais, é preciso montar uma carteira para enfrentar os diferentes cenários vindouros. Mais uma vez, ninguém tem bola de cristal sobre o futuro. Temos apenas perspectivas. Esqueça os profetas de plantão!

6.      O sexto passo é descobrir o seu perfil de investidor. Algumas pessoas são mais tolerantes aos riscos, outras mais avessas. É preciso respeitar suas ideias e conceitos. A minha carteira ideal pode muito diferente da sua, e vice-versa. Não abandone seu perfil. Nunca.

7.      O sétimo e último passo é dividir sua carteira de investimentos em pelo menos dois nichos, visando horizontes diferentes, curto e longo prazo. No primeiro, a liquidez e o risco reduzido são as prioridades, e por isso os retornos serão menores. No segundo, podemos e devemos arriscar mais no intuito de auferir maiores ganhos. Para alcançarmos a independência financeira os investimentos de longo prazo são imprescindíveis. Já as reservas de emergência devem ser colocadas nos ativos de curto prazo (liquidez imediata e baixo risco).

Os analistas independentes, os agentes autônomos e os gerentes de banco, dentre outros especialistas, podem lhe auxiliar, mas a decisão final sempre deverá ser sua. Tenha muito cuidado com os conflitos de interesse. Isso é muito importante. Uma eventual sugestão pode não ser a melhor opção para você. É preciso estudar e, principalmente, entender cada produto oferecido.

Eu, para montar a minha carteira pessoal, leio inúmeras análises de diversas casas independentes de research e também das próprias corretoras de valores e bancos. Acompanho diariamente a opinião dos principais gestores, leio livros e artigos, e acompanho entrevistas e lives no Youtube. Somente após tudo isso que resolvo o que fazer. A ideia é buscar o maior número de informações, haja vista que o mercado financeiro é muito amplo, mas repito, a decisão final e a responsabilidade sobre a montagem da carteira sempre são minhas. É preciso botar a mão na massa. Não pode ser diferente. Não podemos culpar os outros sobre os nossos fracassos.

Outro ponto relevante: o processo de investir é muito dinâmico. Uma boa opção no dia de hoje pode ser péssima daqui a seis meses, por exemplo. Assim, o estudo e o acompanhamento da carteira deve ser frequente – no mínimo a cada três meses. Por outro lado, evite mudanças em excesso.

Para finalizar, gostaria de comentar que a função dos meus mais variados livros é inserir o investidor iniciante no mundo dos investimentos, encurtando a trajetória do sucesso e criando uma ponte para novas fontes de conhecimentos.

Aprenda a investir sozinho.

Bons investimentos.

MJR



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