O assunto
está na moda. Está todos os dias nos jornais: o Brasil caminha a passos largos para
perder o grau de investimento. Mas na prática, o que muda para o país? O que
muda para você? Veja algumas ponderações:
1. As três principais agências de Rating são a S&P, a Moodys e a Fitch, todas estrangeiras. São agências privadas e independentes que avaliam o risco de calote dos países (risco soberano) e das empresas de capital aberto (risco corporativo), sejam elas públicas ou privadas. Desta forma, as agências estimam a probabilidade de inadimplência futura do emissor avaliado.
2. A análise é quantitativa (relatórios financeiros) e qualitativa (qualidade da gestão, crescimento esperado, competitividade no mercado e vulnerabilidade ao mercado e ao sistema econômico)... Aqui estamos muito mal: o atual déficit orçamentário do Governo Federal, quando o correto seria um superávit primário; a gestão pública horrorosa, dentre outros problemas. Triste fim o nosso!
3. Fatores avaliados para o Rating: os chamados 4Cs:
a.
Caráter do emissor – histórico de crédito.
b. Capacidade de
pagar as dívidas – análise financeira.
c.
Colateral oferecido – garantia específica de cada
título emitido.
d. Covenants da emissão – direitos e deveres
contidos no documento da emissão do título.
4. Existe uma graduação básica das agências de Rating (veja o infográfico acima do site G1). Mas resumidamente temos dois níveis:
a.
Grau
de investimento (Investment grade): isto é, alta probabilidade de pagamento dos
juros e da devolução do valor principal investido no vencimento do título.
b. Sem grau de investimento (Non-investment
grade – junk): o contrário.
5. Em duas agências, o Brasil está no limite. Se perdermos um nível, seremos considerados “junk” (lixo). Na outra estamos dois níveis acima, mas com perspectiva negativa (Fitch). A continuar a situação como está, chegaremos lá!
6. Mas qual é a importância dos países terem o Grau de investimento? Basicamente duas:
a.
Ao
emitir dívidas o Governo pagará menos juros. O mercado exige menos de um bom
pagador... Um adendo: os Governos não criam riquezas; o povo e as
empresas criam. Pare de imaginar que o Governo gera seus próprios recursos. Tire esta
utopia esquerdista da cabeça. O endividamento público faz parte de qualquer
Governo. De qualquer país. Não tem com ser diferente! O Governo sempre
precisará de recursos de terceiros para o desenvolvimento do país e para a
melhoria da qualidade de vida da população. Sempre!
b. Grandes fundos internacionais somente
podem investir em países com o chamado Grau
de Investimento (proibição estatutária). Assim, o capital estrangeiro no
Brasil poderá minguar.
7. Mas, tem um senão. As notas das agências são tardias. O mercado é muito mais rápido. Na prática o Brasil já perdeu o Grau de Investimento, basta observar as atuais taxas dos títulos públicos (títulos prefixados em 15% ao ano) e o patamar muito alto do CDS (Credit Default Swaps, resumidamente, uma espécie de seguro dos títulos públicos nacionais – em breve comentarei mais sobre ele). Portanto, já somos “junk”.
Por tudo isso,
devemos “agradecer” a bela condução da política econômica nos últimos sete anos
(2008 a 2015). Foi um desastre. O Profeta Guido nos levou ao fundo do poço e
com o aval da atual Presidente que foi reeleita mentindo para a população e
ignorando todos os sinais de alerta. Lamentável!
MJR
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