sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Grau de investimento e Rating – Saiba um pouco mais!



O assunto está na moda. Está todos os dias nos jornais: o Brasil caminha a passos largos para perder o grau de investimento. Mas na prática, o que muda para o país? O que muda para você? Veja algumas ponderações:

1.      
As três principais agências de Rating são a S&P, a Moodys e a Fitch, todas estrangeiras. São agências privadas e independentes que avaliam o risco de calote dos países (risco soberano) e das empresas de capital aberto (risco corporativo), sejam elas públicas ou privadas. Desta forma, as agências estimam a probabilidade de inadimplência futura do emissor avaliado.

2.      
A análise é quantitativa (relatórios financeiros) e qualitativa (qualidade da gestão, crescimento esperado, competitividade no mercado e vulnerabilidade ao mercado e ao sistema econômico)... Aqui estamos muito mal: o atual déficit orçamentário do Governo Federal, quando o correto seria um superávit primário; a gestão pública horrorosa, dentre outros problemas. Triste fim o nosso!

3.      
Fatores avaliados para o Rating: os chamados 4Cs:
a.        Caráter do emissor – histórico de crédito.
b.       Capacidade de pagar as dívidas – análise financeira.
c.        Colateral oferecido – garantia específica de cada título emitido.
d.       Covenants da emissão – direitos e deveres contidos no documento da emissão do título.

4.      
Existe uma graduação básica das agências de Rating (veja o infográfico acima do site G1). Mas resumidamente temos dois níveis:
a.        Grau de investimento (Investment grade): isto é, alta probabilidade de pagamento dos juros e da devolução do valor principal investido no vencimento do título.
b.       Sem grau de investimento (Non-investment grade – junk): o contrário.

5.      
Em duas agências, o Brasil está no limite. Se perdermos um nível, seremos considerados “junk” (lixo). Na outra estamos dois níveis acima, mas com perspectiva negativa (Fitch). A continuar a situação como está, chegaremos lá!

6.      
Mas qual é a importância dos países terem o Grau de investimento? Basicamente duas:
a.        Ao emitir dívidas o Governo pagará menos juros. O mercado exige menos de um bom pagador... Um adendo: os Governos não criam riquezas; o povo e as empresas criam. Pare de imaginar que o Governo gera seus próprios recursos. Tire esta utopia esquerdista da cabeça. O endividamento público faz parte de qualquer Governo. De qualquer país. Não tem com ser diferente! O Governo sempre precisará de recursos de terceiros para o desenvolvimento do país e para a melhoria da qualidade de vida da população. Sempre!
b.       Grandes fundos internacionais somente podem investir em países com o chamado Grau de Investimento (proibição estatutária). Assim, o capital estrangeiro no Brasil poderá minguar.

7.      
Mas, tem um senão. As notas das agências são tardias.  O mercado é muito mais rápido. Na prática o Brasil já perdeu o Grau de Investimento, basta observar as atuais taxas dos títulos públicos (títulos prefixados em 15% ao ano) e o patamar muito alto do CDS (Credit Default Swaps, resumidamente, uma espécie de seguro dos títulos públicos nacionais – em breve comentarei mais sobre ele). Portanto, já somos “junk”.

Por tudo isso, devemos “agradecer” a bela condução da política econômica nos últimos sete anos (2008 a 2015). Foi um desastre. O Profeta Guido nos levou ao fundo do poço e com o aval da atual Presidente que foi reeleita mentindo para a população e ignorando todos os sinais de alerta. Lamentável!

MJR

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