sexta-feira, 12 de julho de 2013

O legado da OGX Petróleo!



A OGX Petróleo (OGXP3), uma das empresas do Grupo EBX, cujo sócio principal é o “megaempresário” Eike Batista, deixará um legado muito importante para os investidores do mercado de ações. A companhia abriu seu capital em junho de 2008, no olho do furacão da segunda maior crise financeira de todos os tempos. A ação perdeu mais de 80% de seu valor em apenas cinco meses, mas a verdade deve ser dita: nenhuma empresa da Bovespa escapou das quedas avassaladoras naquele ano. Porém, as perspectivas iniciais eram fenomenais e o marketing da empresa, maior ainda. De novembro de 2008 ao topo de outubro de 2010 (cotação máxima de R$ 23,39), a ação subiu mais de 800%. Neste período, a empresa atraiu milhares de investidores ao redor do mundo, pequenos e qualificados, todos obcecados pelo potencial da companhia. Naquela época, a OGX era uma empresa pré-operacional, ou seja, não produzia absolutamente nada, nenhuma gota de petróleo. À medida que os testes nos poços foram sendo “positivos”, mais os preços subiram. Numa revista de grande circulação nacional (foto abaixo), o empresário foi considerado um verdadeiro imperador e visionário. Também neste ínterim, outras empresas do Grupo EBX foram surgindo ou crescendo, com promessas ainda mais espetaculares. Todavia, a partir da fase operacional, tudo mudou... Os reservatórios não eram tão promissores. A credibilidade da empresa e do proprietário majoritário foi caindo drasticamente. As dívidas da empresa se aproximando e o crédito cada vez mais escasso. Resultado: os especuladores fizeram a festa! Operações “vendidas” eram cada vez mais presentes. As ações em forte queda desde 2012 aceleraram ainda mais o processo de derrocada do império tupiniquim. Hoje a ação vale menos que uma moeda de cinquenta centavos. Mas o pior não é isso; parte das dívidas da empresa está vinculada ao BNDES (Governo Federal). E junto com a queda das empresas do Grupo X, milhares de investidores minoritários também perderam grandes valores; aqueles que sonhavam e acreditavam nas falácias e promessas do Rei Midas. Em recente reportagem, um portal financeiro relatou que mais de 70 mil pessoas físicas ainda detêm ações da empresa e que muitos perderam quantias expressivas... Acho que o futuro da empresa está selado: o prognóstico é péssimo! Entretanto, acredito que o principal legado deste caso é que, no mercado acionário, não podemos confiar todas as nossas reservas financeiras em projetos megalomaníacos e utópicos; temos que ser mais racionais. Empresas pré-operacionais apresentam riscos pesados e, portanto, devem ser compradas com muita cautela. Não podemos arriscar tudo num só projeto. Pequenas quantias até são aceitas, porém sempre cientes do risco da perda total daquele capital. Espero que aqueles que perderam possam ter aprendido. Já os que não investiram, também devem aproveitar os grandes ensinamentos deste melancólico episódio da bolsa brasileira. Viva as fantasias e as pirâmides financeiras! MJR


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