Existem vários ciclos no mercado de ações, desde os mais
longos, como os decenais, até os mais curtos, como aqueles que ocorrem dentro
de um único pregão. Uma característica comum a todos é o “retorno à média”.
Esta regra quase nunca tem exceção. Assim, sempre teremos os períodos de
correção após a euforia do mercado, como também veremos os preços subirem após
os tempos nebulosos do pessimismo exagerado.
Nesta última semana, com a queda de quase 5% o IBOV perdeu
mais uma vez o fundo anterior, atingindo a mínima do ano, que corresponde a uma
desvalorização de 30% em relação ao seu pico máximo no começo de janeiro de
2013. As más notícias diárias da economia brasileira, a falta de credibilidade
no Governo Federal e os “números” ruins das empresas pioram ainda mais o frágil
cenário nacional. Temos o segundo pior desempenho de todas as bolsas mundiais,
atrás apenas do Peru. Entretanto, o pessimismo tem limite. Será que o Brasil
está tão ruim assim? De repente, passamos a ser o patinho feio de todas as
mazelas mundiais? O mercado é, e sempre será maníaco-depressivo! Faz parte da
natureza humana em exagerar os períodos de euforia e medo.
Num aviso recente, uma importante corretora de valores americana
(Morgan Stanley) indicou que o mercado brasileiro está “demasiadamente
descontado”, passando a recomendação de venda para neutra, o que pode favorecer
o retorno dos investidores estrangeiros. Aqui, as recentes quedas da bolsa
afastaram ainda mais os pequenos investidores. Estes últimos provavelmente
demorarão a retornar, e por razões óbvias. É uma pena, pois pensando no longo
prazo, durante as crises mais agudas do mercado acionário, como a atual, é que temos
as grandes oportunidades de investimentos – comprar ações de boas empresas em
tempos de liquidação!
Bom, voltando ao retorno dos preços à média. No gráfico
semanal do IBOV abaixo, podemos observar que sempre que os preços se aproximam do
patamar inferior das Bandas de Bollinger (setas verdes), os mesmos tendem a
buscar a média móvel de 21 períodos (linha vermelha). Portanto, muito em breve
teremos um repique mais consistente do IBOV. Quando? Difícil precisar,
possivelmente nas próximas semanas. Porém, uma reversão da tendência de baixa ainda
está mais distante, pois é preciso gerar um “pivot de alta” no gráfico semanal
– topos e fundos ascendentes – o que frequentemente leva várias semanas para
acontecer. Por outro lado, é bom saber que o caminho continua livre para mais
quedas, pois o próximo forte suporte é em 30.000 pontos: no mercado financeiro
não existem certezas e sim probabilidades!
Apesar dos preços atrativos dos papéis brasileiros, acredito
que os grandes investidores, que ditam o rumo da bolsa, estão esperando por sinais
mais concretos (fundamentos) para aumentarem o apetite por ações nacionais que
carregam mais riscos. Sendo assim, balanços mais positivos das empresas no
segundo trimestre, a perspectiva de queda da inflação (o que já está
acontecendo) e a menor interferência do Governo – ou até mesmo mudanças na
equipe econômica – podem ser o gatilho dos bons tempos. Será? MJR
Nenhum comentário:
Postar um comentário