terça-feira, 12 de janeiro de 2016

Onde investir em 2016



Talvez, nem o economista mais pessimista previa um cenário econômico tão ruim no Brasil em 2015. Inflação persistente, acima de 10% em 2015, forte recessão com queda de 3,5% no PIB, piora do rombo nas contas públicas, desemprego em disparada, dólar a quatro reais e desindustrialização do país, entre outros problemas. E o mais grave, uma crise política sem precedentes. Os meses de fevereiro e março deverão ser tensos. Brasília, a capital nacional vai ferver. E se o descontentamento popular piorar, a ebulição pode tomar as ruas do país: uma convulsão social. Aguardemos!

Esperávamos que 2015, após as eleições de 2014, fosse um ano de ajuste fiscal para voltarmos a crescer a partir de 2016. Porém, o Governo Federal está fragilizado e em guerra com o Congresso Nacional. Quase nada foi feito em 2015. Assim, iniciamos 2016 ainda no olho do furacão, sem perspectivas.  A confiança dos investidores e empresários continua em níveis críticos. Por incrível que pareça, se nada for feito, a situação econômica ainda pode piorar! Decididamente, o ano que começa não será fácil.

A taxa básica de juros, Selic, subiu de 11,75% para 14,25%, e os juros futuros (DI) tiveram pico de 17% em setembro de 2015.  Atualmente, os juros futuros oscilam entre 15,5 e 16,5%, acima da taxa spot, à vista, o que indica um cenário adverso pela frente – o próprio mercado já precifica os juros futuros. É possível que a Selic volte a subir nas próximas reuniões do Copom, pois a inflação não deu trégua. Mas a alta deve ser limitada, pois o quadro recessivo se agravou e muitos economistas já duvidam da efetividade da alta de juros no cenário atual: remédio amargo e pouco efetivo.

Por outro lado, para quem fez o dever de casa e tem dinheiro em caixa, líquido, o momento é ideal para os investimentos: juros de remuneração em alta, bolsa de valores na lona e uma crise instalada no setor imobiliário. Seguem algumas dicas para você aproveitar e ganhar dinheiro com a crise.

Curto Prazo – até 6 meses:

Poupança
Continue longe dela. A inflação atual supera o rendimento. Ano passado a poupança rendeu pouco mais de 8%. A inflação oficial, IPCA, foi de 10,67%. Portanto, quem aplicou em 2015 perdeu poder de compra.

Fundos DI
É a melhor opção para o curto prazo, quase 13% nos últimos 12 meses, e você garante a liquidez imediata do dinheiro. Mas cuidado: confira a taxa de administração do fundo. O ideal é que seja menor que 1%. O CDB com liquidez diária é uma opção natural aos Fundos DI e tem características similares.

Médio Prazo – menos de 5 anos:

CDBs pré ou pós-fixados com carência de 3 anos
Você conseguirá mais de 17% ao ano em taxas prefixadas e até 120% do DI nos CDBs pós-fixados. Uma bela remuneração.  Porém, atenção, estas taxas somente são conseguidas nas corretoras independentes, como exemplo, a XP Investimentos. Outro ponto importante: invista somente dentro do limite garantido de Fundo Garantidor de Créditos, ou seja, até 250 mil reais por CPF, mas lembre-se de acrescentar os juros, assim, não invista mais de 150 mil por CDB (no resgate cerca de 240 mil). Mais uma vez, estes CDBs não têm liquidez imediata, portanto você não poderá resgatá-los antes do vencimento.

Letras de crédito imobiliário (LCIs)
Apresentam bom rendimento, cerca de 90% da Taxa CDI, dependendo do montante investido, e melhor, são isentas de Imposto de Renda (IR). Cuidado com a liquidez, verificando o prazo de vencimento destes títulos. Existem fortes indícios que o Governo Federal pretende acabar com a isenção fiscal. Até lá, aproveite. As normativas da Receita Federal usualmente não são retroativas.

Tesouro Direto
As atuais taxas de juros para a remuneração dos títulos públicos favorecem muito esta modalidade de investimento. Em minha opinião, chegou a hora de começar a priorizar gradualmente os títulos prefixados. O possível aumento da Taxa Selic em 2016 já está precificado nos juros futuros. Sugestão: da parte alocada aqui, comece o ano de 2016 com 60% em títulos pós-fixados (Tesouro SELIC) e 40% em prefixados (Tesouro PREFIXADO 2021 – juros atuais em 16,26% ao ano). No decorrer do ano você vai invertendo a mão, aos poucos, favorecendo os títulos prefixados.

Fundos Imobiliários
Em virtude da vigorosa alta da taxa de juros e migração do dinheiro para os títulos pós-fixados (Fundos DI), além da crise no setor imobiliário, os preços das cotas foram bastante penalizados nos últimos anos e estão muito atrativos. Os proventos mensais são interessantes, até 1% ao mês, e isentos de IR para o pequeno investidor. É provável que no médio prazo o mercado imobiliário comercial volte a se aquecer.

Longo Prazo – mais de 5 anos:

Tesouro Direto
Visando a aposentadoria e se você não precisa dos cupons semestrais (juros antecipados), opte pelo Tesouro IPCA 2035 (NTNBs Série Principal) e tenha uma garantia de um retorno real acima do processo inflacionário: mais de 7,0% ao ano. Compre aos poucos e faça um preço médio dos juros. Cuidado, a venda antecipada pode gerar prejuízos (deságio).  O cenário dos juros ainda é nebuloso, mas como já comentado, uma alta significativa é improvável.




Dólar
Subiu fortemente em 2015, além do previsto. Todavia, não acredito numa nova onda de valorização sustentável em 2016. Por outro lado, pelo menos por enquanto, é improvável um recuo mais agudo da moeda. Sugiro manter uma pequena parte do seu patrimônio atrelado à moeda americana. Talvez entre 10 e 15%.

Mercado de ações – Bovespa
O caos atual não afetará os ganhos no longo prazo. O histórico das principais bolsas mundiais, incluindo a Bovespa, comprova esta premissa. As crises são passageiras, sempre, por mais duradouras que sejam. A atual cotação do Índice Bovespa, 40 mil pontos, e os preços de alguns ativos estão em patamares muito baixos. O IBOV dolarizado, nem se fala, está em cerca de 10.000 pontos – níveis de 2005. “Estamos em liquidação”, segundo o empresário Abílio Diniz.

É verdade, ainda podemos cair um pouco mais, talvez até os 35 mil pontos (ou menos), mas o objetivo de longo prazo é incalculável. Desta forma, o risco-benefício é muito bom. Mas invista somente aquele dinheiro que você não precisará no curto e no médio prazo. Estamos falando em investimentos para mais de cinco anos.

Dica: uma ótima e fácil opção para se investir na bolsa é comprar o ativo BOVA11. Não exige muito conhecimento por parte do investidor e o retorno no longo prazo tende a ser muito bom e, melhor, sem risco de crédito – você não estará comprando ações de uma única empresa, e sim de várias ao mesmo tempo. Por outro lado, se você começar a montar uma carteira personalizada com a ajuda de um bom especialista, seus ganhos poderão ser ainda maiores.

O clímax do pessimismo sempre gera as melhores oportunidades!

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* As opiniões postadas no blog são apenas posições do autor sobre o tema, e não constituem em si, recomendações de compra ou venda de ativos.


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