Talvez, nem
o economista mais pessimista previa um cenário econômico tão ruim no Brasil em
2015. Inflação persistente, acima de 10% em 2015, forte recessão com queda de 3,5%
no PIB, piora do rombo nas contas públicas, desemprego em disparada, dólar a quatro
reais e desindustrialização do país, entre outros problemas. E o mais grave,
uma crise política sem precedentes. Os meses de fevereiro e março deverão ser
tensos. Brasília, a capital nacional vai ferver. E se o descontentamento
popular piorar, a ebulição pode tomar as ruas do país: uma convulsão social.
Aguardemos!
Esperávamos que 2015, após as eleições de 2014, fosse um ano de ajuste fiscal para voltarmos a crescer a partir de 2016. Porém, o Governo Federal está fragilizado e em guerra com o Congresso Nacional. Quase nada foi feito em 2015. Assim, iniciamos 2016 ainda no olho do furacão, sem perspectivas. A confiança dos investidores e empresários continua em níveis críticos. Por incrível que pareça, se nada for feito, a situação econômica ainda pode piorar! Decididamente, o ano que começa não será fácil.
A taxa básica de juros, Selic, subiu de 11,75% para 14,25%, e os juros futuros (DI) tiveram pico de 17% em setembro de 2015. Atualmente, os juros futuros oscilam entre 15,5 e 16,5%, acima da taxa spot, à vista, o que indica um cenário adverso pela frente – o próprio mercado já precifica os juros futuros. É possível que a Selic volte a subir nas próximas reuniões do Copom, pois a inflação não deu trégua. Mas a alta deve ser limitada, pois o quadro recessivo se agravou e muitos economistas já duvidam da efetividade da alta de juros no cenário atual: remédio amargo e pouco efetivo.
Por outro lado, para quem fez o dever de casa e tem dinheiro em caixa, líquido, o momento é ideal para os investimentos: juros de remuneração em alta, bolsa de valores na lona e uma crise instalada no setor imobiliário. Seguem algumas dicas para você aproveitar e ganhar dinheiro com a crise.
Curto Prazo – até 6 meses:
Poupança
Continue
longe dela. A inflação atual supera o rendimento. Ano passado a poupança rendeu
pouco mais de 8%. A inflação oficial, IPCA, foi de 10,67%. Portanto, quem
aplicou em 2015 perdeu poder de compra.
Fundos DI
É a melhor
opção para o curto prazo, quase 13% nos últimos 12 meses, e você garante a
liquidez imediata do dinheiro. Mas cuidado: confira a taxa de administração do
fundo. O ideal é que seja menor que 1%. O CDB com liquidez diária é uma opção
natural aos Fundos DI e tem características similares.
Médio Prazo – menos de 5 anos:
CDBs pré ou pós-fixados com carência de 3 anos
Você conseguirá
mais de 17% ao ano em taxas prefixadas e até 120% do DI nos CDBs pós-fixados.
Uma bela remuneração. Porém, atenção, estas taxas somente são conseguidas nas corretoras
independentes, como exemplo, a XP
Investimentos. Outro ponto importante: invista somente dentro do limite
garantido de Fundo Garantidor de
Créditos, ou seja, até 250 mil reais por CPF, mas lembre-se de acrescentar
os juros, assim, não invista mais de 150 mil por CDB (no resgate cerca de 240
mil). Mais uma vez, estes CDBs não têm liquidez imediata, portanto você não
poderá resgatá-los antes do vencimento.
Letras de crédito imobiliário (LCIs)
Apresentam bom
rendimento, cerca de 90% da Taxa CDI, dependendo do montante investido, e melhor,
são isentas de Imposto de Renda (IR). Cuidado com a liquidez, verificando o prazo
de vencimento destes títulos. Existem fortes indícios que o Governo Federal pretende
acabar com a isenção fiscal. Até lá, aproveite. As normativas da Receita
Federal usualmente não são retroativas.
Tesouro Direto
As atuais taxas
de juros para a remuneração dos títulos públicos favorecem muito esta
modalidade de investimento. Em minha opinião, chegou a hora de começar a
priorizar gradualmente os títulos prefixados. O possível aumento da Taxa Selic
em 2016 já está precificado nos juros futuros. Sugestão: da parte alocada aqui,
comece o ano de 2016 com 60% em títulos pós-fixados (Tesouro SELIC) e 40% em prefixados
(Tesouro PREFIXADO 2021 – juros atuais em 16,26% ao ano). No decorrer do ano
você vai invertendo a mão, aos poucos, favorecendo os títulos prefixados.
Fundos Imobiliários
Em virtude
da vigorosa alta da taxa de juros e migração do dinheiro para os títulos
pós-fixados (Fundos DI), além da crise no setor imobiliário, os preços das
cotas foram bastante penalizados nos últimos anos e estão muito atrativos. Os
proventos mensais são interessantes, até 1% ao mês, e isentos de IR para o
pequeno investidor. É provável que no médio prazo o mercado imobiliário comercial
volte a se aquecer.
Longo Prazo – mais de 5 anos:
Tesouro Direto
Visando a
aposentadoria e se você não precisa dos cupons semestrais (juros antecipados), opte
pelo Tesouro IPCA 2035 (NTNBs Série
Principal) e tenha uma garantia de um retorno real acima do processo
inflacionário: mais de 7,0% ao ano. Compre aos poucos e faça um preço médio dos
juros. Cuidado, a venda antecipada pode gerar prejuízos (deságio). O cenário dos juros ainda é nebuloso, mas como
já comentado, uma alta significativa é improvável.
Dólar
Subiu
fortemente em 2015, além do previsto. Todavia, não acredito numa nova onda de
valorização sustentável em 2016. Por outro lado, pelo menos por enquanto, é
improvável um recuo mais agudo da moeda. Sugiro manter uma pequena parte do seu
patrimônio atrelado à moeda americana. Talvez entre 10 e 15%.
Mercado de ações – Bovespa
O caos atual
não afetará os ganhos no longo prazo. O histórico das principais bolsas
mundiais, incluindo a Bovespa, comprova esta premissa. As crises são
passageiras, sempre, por mais duradouras que sejam. A atual cotação do Índice
Bovespa, 40 mil pontos, e os preços de alguns ativos estão em patamares muito baixos.
O IBOV dolarizado, nem se fala, está em cerca de 10.000 pontos – níveis de 2005.
“Estamos em liquidação”, segundo o empresário Abílio Diniz.
É verdade, ainda podemos cair um pouco mais, talvez até os 35 mil pontos (ou menos), mas o objetivo de longo prazo é incalculável. Desta forma, o risco-benefício é muito bom. Mas invista somente aquele dinheiro que você não precisará no curto e no médio prazo. Estamos falando em investimentos para mais de cinco anos.
Dica: uma ótima e fácil opção para se investir na bolsa é comprar o ativo BOVA11. Não exige muito conhecimento por parte do investidor e o retorno no longo prazo tende a ser muito bom e, melhor, sem risco de crédito – você não estará comprando ações de uma única empresa, e sim de várias ao mesmo tempo. Por outro lado, se você começar a montar uma carteira personalizada com a ajuda de um bom especialista, seus ganhos poderão ser ainda maiores.
O clímax do pessimismo sempre gera as melhores oportunidades!
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* As opiniões postadas no blog são apenas posições do autor sobre o tema, e não constituem em si, recomendações de compra ou venda de ativos.
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