segunda-feira, 30 de março de 2015

O Investidor e o Leão – Imposto de Renda sobre as aplicações financeiras



É fato que os pequenos investidores no Brasil têm pouco conhecimento sobre o mercado financeiro. Ainda pior é que a maioria da população sequer consegue investir, ou por falta de dinheiro pela baixa renda e gastos em excesso, ou por falta de conhecimento. A grande parte daqueles que investe, simplesmente coloca o dinheiro na poupança ou deixa o poder de escolha exclusivamente na mão do gerente do banco. Os dois procedimentos são equivocados. A caderneta de poupança, apesar de isenta do imposto de renda (IR), atualmente tem um rendimento muito ruim, muitas vezes inferior à inflação, o que significa perda do poder de compra. Isto é, decididamente não é um bom investimento, especialmente pensando no longo prazo. Por outro lado, deixar o poder de escolha na mão do gerente também é outro grande erro. Quase sempre existe um conflito de interesse entre a instituição financeira e o pequeno investidor. Nem sempre o que é melhor para você é melhor para eles. Desta forma é preciso entender a dinâmica dos principais investimentos, seus prós e contras, com o intuito de melhorar a eficiência dos investimentos no médio e longo prazo.

Quando o assunto é a tributação sobre os ativos financeiros, o conhecimento das pessoas é ainda mais limitado. Os motivos são os mais variados possíveis, mas os principais são: o baixo interesse da população pelo assunto; os investimentos mais populares, como a poupança, o CDB e os fundos DI não exigem nenhum conhecimento por parte do investidor, pois a tributação, quando existente, é de responsabilidade exclusiva da instituição financeira; e por último, o sistema tributário brasileiro é complexo e, pior, sofre mudanças constantes, o que prejudica ainda mais a compreensão do tema por parte dos pequenos investidores.

Este manual tem como objetivo principal expor ao pequeno investidor o sistema tributário sobre os investimentos mais populares no Brasil, de uma forma simples e didática, além de mostrar que devemos aproveitar os incentivos fiscais para melhorar o desempenho da nossa carteira de investimentos. Comento as principais modalidades de investimentos existentes no Brasil, porém com maior ênfase no mercado de ações, cujo conhecimento é ainda menor.


O livro foi dividido em três partes: a primeira, mais curta e não menos importante, traz um resumo dos principais incentivos tributários no Brasil. É preciso aproveitá-los. Na segunda parte comento cada modalidade em separado e sua respectiva tributação do IR. Na terceira, comento e ilustro de maneira detalhada como preencher corretamente a declaração do ajuste anual do IR para pessoas físicas, relativa aos investimentos, passo a passo.

* Livro digital disponível na Amazon (www.amazon.com.br)

segunda-feira, 23 de março de 2015

Dólar e viagem internacional




Primeiro, leia a ótima reportagem publicada recentemente no portal Infomoney (link abaixo) e depois veja os meus comentários sobre o tema.

http://www.infomoney.com.br/blogs/infomoney-recomenda/post/3935098/quero-fazer-viagem-internacional-devo-comprar-dolar-agora

1 = O dólar está em forte tendência de alta no médio prazo. É provável que este ciclo seja longo. Porém, como eu já tinha alertado, uma correção no curto prazo era esperada (o que começou na sexta-feira passada, 20/03).

2 = Os breves períodos de recuo nos ativos em tendência de alta são importantes para você comprar ou aumentar a posição no ativo; neste caso a moeda americana.

3 = Quais os níveis de preço que são interessantes para a compra do dólar, isto é, as zonas de suportes nos gráficos, onde teremos aumento da força compradora e o provável retorno do movimento de alta. Graficamente, vejo as seguintes barreiras: por volta de 3,08, 3,00 e 2,80 reais (lembre-se que na semana passada o dólar americano bateu quase 3,30 reais). Particularmente, acho difícil que o dólar se sustente abaixo dos 3 reais neste ano, mas tudo é possível. 

4 = Desta forma, o nível de 3 reais é um ótimo ponto de compra para quem pretende viajar ainda em 2015. Uma alternativa é comprar aos poucos durante este pequeno recuo até completar a sua necessidade. 
O mais importante é você não deixar a compra dos dólares para a última hora. Opte pela compra direta da moeda, em espécie, pois em 2014 o Governo Federal aumentou a alíquota do IOF sobre os cartões pré-pagos, passando para 6,38%. Já para a compra direta, a alíquota é de apenas 0,38%... O ágio e o deságio na compra e venda da moeda americana ocorre nas duas formas.

5 = Por outro lado, visando o longo prazo não acredito que a compra direta da moeda seja a melhor opção. Prefiro os fundos cambiais, mesmo com a incidência do imposto de renda. Aqui, a operação é mais simples e segura (você não precisa guardar dinheiro em casa). Os fundos cambiais também são indicados para as pessoas ou empresas que possuem dívidas baseadas em moeda americana (você estará praticando uma proteção, também chamado mercado de hedge).

6 = Já para as pessoas com maior conhecimento sobre o mercado financeiro, outra boa opção é investir em contratos futuros do dólar. Porém, além de exigir maior conhecimento por parte do investidor, outro incômodo é a necessidade de rolagem dos contratos mensalmente. Mais informações, conheça meu livro sobre o mercado futuro na Amazon.

MJR


* As opiniões postadas no blog são apenas posições do autor sobre o tema, e não constituem em si, recomendações de compra ou venda de ativos.




quarta-feira, 11 de março de 2015

Novidades no Tesouro Direto 2015



Ontem, o Tesouro Nacional divulgou seu novo site (http://www.tesouro.fazenda.gov.br/tesouro-direto#menu) e algumas relevantes alterações no programa de venda direta dos títulos públicos, o Tesouro Direto. E as mudanças foram boas. As duas principais foram:

1 – O Tesouro recomprará os títulos diariamente, a preço de mercado. Assim, o investidor que desejar ou precisar, poderá vender seus títulos em qualquer dia, o que aumenta a liquidez deste investimento. Antes, as vendas eram permitidas somente às quartas-feiras. Veja os horários:

Dias de semana, das 18 horas à 5 da manhã.
Finais de semana,  o dia todo, 24 horas.
A transação ocorrerá no primeiro dia útil seguinte.          

2 – Houve também alteração no nome dos títulos, o que facilita a compreensão por parte dos pequenos investidores. O nome do título faz uma clara referência à classe do ativo (veja a seguir a lista completa). Por exemplo: tesouro prefixado, anteriormente, denominado de LTN (Letras do Tesouro Nacional).


  
        Tesouro Prefixado = LTN
        Tesouro Prefixado com Juros Semestrais = NTNF
        Tesouro Selic = LFT
        Tesouro IPCA = NTNB Principal
            Tesouro IPCA com Juros Semestrais = NTNB

     
Como o viés da taxa Selic é de alta, opte pelas LFTs (Tesouro Selic) e pelas NTNBs (Tesouro IPCA). A primeira é pós-fixada, atrelada a própria Selic, e a segunda tem juros fixos e correção pela inflação (IPCA), o que garante juros reais. Acredito que pensando no futuro, o Tesouro IPCA de longo prazo (2035) é a melhor opção para a aposentadoria, pois os rendimentos são “reinvestidos”, aumentando o poder dos juros compostos.

Para mais informações acesse um guia prático que publiquei ano passado:


* As opiniões postadas no blog são apenas posições do autor sobre o tema, e não constituem em si, recomendações de compra ou venda de ativos.




segunda-feira, 9 de março de 2015

Realizar lucros ou manter posição comprada em dólares?



Hoje o dólar futuro bateu 3,15 reais. Alta de mais de 23% desde a mínima de janeiro de 2015 e 18% em relação ao fechamento de 2014. Até onde vai o dólar? Não sei e imagino que ninguém saiba. A alta da moeda americana é generalizada no mundo, mas aqui a grave crise política-econômica do Brasil é o combustível extra. Contudo, mesmo com o viés fortemente altista do câmbio desde o ano passado, acredito que estamos próximo do fim deste ciclo de alta mais agudo. Desta forma, para quem não investiu em dólar até agora, este não é o momento ideal para “apostar” na continuidade da alta. Para quem está comprado e já tem um bom lucro, o ideal é realizar parcialmente os lucros e manter parte da posição comprada. Veja alguns motivos para uma desaceleração da escalada do dólar:

1.     
O dólar atingiu rapidamente a cotação prevista pela maioria dos analistas para o ano de 2015. É verdade que muitas vezes temos um pico de alta (overshooting) antes da estabilidade do câmbio. A previsão do mercado está entre 2,90 e 3,10 reais para o fim do ano.

2.     
Nenhum ativo sobre para sempre. As valorizações agudas ou erráticas são corrigidas no médio e longo prazo. O mercado é maníaco-depressivo!

3.      A atual equipe econômica do Governo Federal está assistindo de camarote a escalada do dólar, sem intervenções, porém tudo tem seu limite. Este desequilíbrio no curto prazo poderá afetar drasticamente as empresas endividadas em dólar. O que já está ruim pode piorar muito.

4.      Uma alta persistente do dólar alimenta ainda mais inflação, que está muito acima do teto da meta.

5.      Graficamente, o dólar está muito sobrevendido, tanto no diário, quanto no semanal. Uma correção está próxima.

Aguardemos as cenas dos próximos capítulos. MJR


quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Como obter lucro com a alta da moeda americana?



No atual cenário econômico, a aplicação de parte de nossos recursos em moeda estrangeira é quase obrigatória. O dólar americano teve uma valorização exponencial nos últimos 12 meses e ninguém sabe até onde ele pode chegar. O Governo Federal já sinalizou que não vai controlar artificialmente o preço do dólar e o câmbio será verdadeiramente flutuante e sem intervenções. Será? A maioria dos especialistas acha que sim.

A cotação do dólar pode nos afetar de várias maneiras, seja no aumento de preço dos insumos importados e consequentemente pressionando a inflação, seja no aumento do custo de uma viagem internacional ou na aquisição direta de bens importados. Assim, não podemos ficar alheios à cotação da moeda americana. E mais. Acredito ainda que todo investidor, em qualquer cenário, mas em especial nos momentos de incerteza, deve aplicar uma parte das reservas financeiras em investimentos atrelados ao câmbio. Lembre-se dos conceitos de diversificação e preservação do capital.

Basicamente existem três maneiras possíveis para se investir em dólar: a aplicação em fundos cambiais (disponível em qualquer banco comercial), a compra direta da moeda estrangeira ou através do investimento direto no mercado de derivativos (dólar futuro). Sem dúvida, a mais simples e recomendada é aplicar num fundo cambial. Em contrapartida, a pior opção é a compra direta do papel, em virtude do ágio e deságio na compra e venda da moeda, seja nas lojas oficiais de Exchange, seja no mercado paralelo. O investidor sempre sai perdendo, em média cerca de 10% em cada transação. Para os que têm um maior conhecimento sobre o mercado financeiro, a aplicação direta no mercado futuro é uma ferramenta valiosa. Se você tiver interesse sobre o assunto, acesse meu livro na Amazon: Índice Bovespa Futuro: opere sem segredo.


Para finalizar, existem ainda duas outras formas de se obter lucros com a escalada do dólar. A primeira é a compra de ações de empresas voltadas para a exportação, como por exemplo, a Embraer. A segunda opção, voltada apenas para os grandes investidores (maior custo), é a aplicação legal de recursos no exterior.

MJR




quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

A disparada do dólar



A alta de quase 14% da moeda americana nos últimos 14 dias vem assustando muita gente (hoje, máxima de R$ 2,88). Recordar é viver. Em 2002, o dólar atingiu 4 reais. O motivo? A apreensão do mercado financeiro com a provável eleição do então candidato Lula. Porém, após o começo do Governo Lula em 2003 e as medidas acertadas tomadas pelo ministro da Fazenda, Antônio Palocci, e pelo Presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, o preço da moeda americana começou a cair sistematicamente, batendo em R$ 1,50 no ano de 2008. A queda foi impulsionada também pelo ciclo de alta das commodities no mercado internacional, favorecendo o saldo positivo da balança comercial do Brasil. A crise americana em 2008 e os desdobramentos seguintes inundaram o mundo de dólares, desvalorizando ainda mais a moeda dos ianques.

Todavia, agora está tudo invertido: a economia lá está em franca recuperação; o programa de estímulos americano que jorrou dólares na economia acabou em 2014; os juros americanos devem subir em breve; as commodities estão derretendo no mercado internacional; e o cenário econômico interno é desolador, mesmo com as últimas medidas anunciadas pelo ministro Levy – estas medidas precisam de tempo para surtir efeito. Somam-se a isto, a crise política sem precedente em Brasília, a operação Lava Jato, as crises da água e do setor elétrico, e a desconfiança geral sobre a eficiência do atual do Governo: será que a Presidente Dilma continuará dando cartas brancas ao ministro Levy. Os agentes do mercado financeiro estão desconfiados!

Desta forma, fica muito fácil prever que o dólar continuará subindo no médio prazo até surgir uma luz, uma esperança, no final do túnel. Qual o teto? 3, 4 reais. Não tenho ideia. Aliás, ninguém pode prever. Somente o tempo nos dirá. O que posso afirmar é que em breve o dólar sofrerá uma correção no curto prazo, em virtude do estado extremamente sobrecomprado dos últimos dias, o que nos dará uma nova oportunidade de compra, pois o viés de médio prazo continua fortemente altista. Na próxima coluna vou escrever sobre como você pode aproveitar a alta da moeda americana, investindo de maneira correta nas modalidades existentes. Até lá!

MJR




quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Fim da farra dos gastos públicos



No post do blog no começo do ano, eu já demonstrava otimismo com a nova equipe econômica. Três semanas após, o meu otimismo está ainda maior. As primeiras medidas de Joaquim Levy já mostram que a filosofia no Ministério da Fazenda mudou da água para o vinho. A farra dos gastos públicos descontrolados parece estar com os dias contados. É verdade que são medidas impopulares e duras, porém necessárias. A péssima condução da economia pelo “profeta” Guido (sob tutela da Presidente) nos últimos quatro anos foi perversa: todos os indicadores econômicos foram deteriorados. Todos! Portanto, agora é hora de corrigir as mazelas do “saudoso” fanfarrão. Só espero que a Presidente continue dando cartas brancas para o competente Levy. No final, todos os brasileiros ganharão. Será um ano muito difícil, mas com estas medidas corretas, o terreno estará pronto para um bom plantio em 2016. Como neste momento não há perspectiva de crescimento da economia e, portanto, da arrecadação do Governo Federal através dos impostos já existentes, as soluções para o equilíbrio fiscal são: aumentar a alíquota de alguns impostos, promover o retorno de outros (zerados pelo profeta) e reduzir os gastos públicos. Não tem mágica. Veja as principais medidas tomadas por Levy e seus efeitos sobre a economia:


1.       Retorno da CIDE e do PIS/Confins sobre os preços dos combustíveis: melhora da arrecadação, porém pressiona a inflação.
2.       Aumento do IOF sobre o crédito: controla o consumo e, por conseguinte, a inflação.
3.       Aperto no crédito imobiliário: limita a inadimplência e reduz a farra do crédito no mercado imobiliário. A medida poupou os financiamentos mais populares, especialmente o programa “Minha Casa, Minha Vida” – acertadamente.
4.       Os subsídios dos bancos públicos foram reduzidos: Caixa, Banco do Brasil e BNDES. Melhora o caixa do Tesouro Nacional e acaba com alguns subsídios absurdos ao setor privado.
5.       Redução do orçamento dos ministérios: eficiência nos gastos públicos.
6.       Alta da Taxa Selic: fundamental para limitar o crédito e controlar a inflação. Contudo, é muito ruim para o crescimento do país e aumenta a dívida pública, porém neste momento este remédio amargo se faz necessário.
7.       O Governo está sinalizando que reduzirá o controle “forçado” sobre alguns setores: energia e petróleo. Num primeiro momento é ruim para a população, pois o aumento das tarifas será enorme e pesará no bolso do consumidor (além de alimentar a inflação), porém os preços estavam insustentáveis, represados artificialmente e subsidiados pelo Governo. A MP 579 em 2012 foi um desastre para o setor elétrico. O controle crônico do preço da gasolina nos últimos anos foi terrível para os cofres da Petrobrás... Sem dúvida, para melhorar a qualidade dos serviços, precisamos de um mercado livre. Cabe ao Governo regulamentar e fiscalizar a eficiência dos serviços prestados à população.

Assim, é fácil perceber que as medidas tomadas visam claramente o controle fiscal do Governo Federal. Desta forma, cria-se um ambiente favorável para os novos investimentos e o retorno da credibilidade do mercado – curiosidade: os títulos públicos recém ofertados pelo Governo, NTN-B, já apresentaram menores taxas de juros de captação, ou seja, o mercado está mais confiante nas contas públicas. E melhor, com estas medidas tomadas, é provável que o Brasil não perca o importantíssimo “Grau de Investimento”. Aguardemos as novas medidas. É preciso muito mais!

MJR